terça-feira, 18 de julho de 2023

Is there martiality in the Ving Tsun Experience Program?

 

Eu pertenço a Familia Kung Fu chamada “Moy Jo Lei Ou”, que é liderada pelo meu Si Fu Julio Camacho. Então, certa vez voce podia me ver sentado em uma cadeirinha com um quadro branco numa sala quase vazia no bairro do Méier. Ao meu lado, outro membro desta Família, o Guilherme de Farias. Estávamos aguardando um rapaz chamado Fabio Sá chegar. Seria o primeiro interessado em conhecer o Sistema Ving Tsun desde que pegara as chaves da primeira sala que aluguei. Porém, quando Fabio chegou, ele estava de muletas. Fiquei sabendo que havia machucado o tornozelo andando de skate. - “Já sei que ele não vai se inscrever...” - Pensei. Apesar disso, fiz a melhor apresentação que pude, e Fabio foi embora prometendo se inscrever quando melhorasse. De fato ele assim o fez, e mais tarde se tornou discípulo do meu Si Fu assim como eu. Acontece que o primeiro inscrito viria a ser o jovenzinho chamado Pedro Freire, com apenas 13 anos de idade. Por influencia dele, o Rodrigo Caputo que era seu amigo de escola voltaria a praticar depois de dois anos afastado. Com isso, a grande maioria dos meus alunos nesse início, era composta de crianças e adolescentes. Anos depois, quando o militar de 39 anos Keith Markus se inscreveu e começou a se envolver, meu Si Fu me chamou a atenção - “...Pereira, você está acostumado a lidar com um público mais jovem. Devido a falta de experiência deles, inclusive para coisas básicas como ir a um banco, é muito mais esperado que o Pedro Freire tenha uma tendência maior a aceitar com mais facilidade o que você propõe do que o Keith. O Keith vai enxergar com mais clareza 'furos' na sua conduta como Si Fu, que você precisa refinar se quiser que ele continue te seguindo... ” - Essas palavras me marcaram muito, porque Si Fu teria completado - “...O tipo de público que vai procurar você e seguir você, vai falar muito também, sobre quem você é....” - Esses foram os anos de altas aventuras.

I belong to the Kung Fu Family called “Moy Jo Lei Ou”, which is led by my Si Fu Julio Camacho. So, one time you could see me sitting in a chair with a whiteboard in an almost empty room in the Méier wild neighborhood. Next to me, another member of this family, Guilherme de Farias. We were waiting for a guy named Fabio Sá to arrive. He would be the first person interested in knowing the Ving Tsun System since I got the keys to the first room I rented. However, when Fabio arrived, he was on crutches. I learned that he had injured his ankle skating. - “I already know he won't sign up...” - I thought. Despite that, I gave the best presentation I could, and Fabio left promising to sign up when he got better. In fact he did so, and later became my Si Fu's disciple just like me. It turns out that the first sign up would be a young man called Pedro Freire, only 13 years old. Under his influence, Rodrigo Caputo, who was his school friend, would return to practice after two years away. As a result, the vast majority of my students at the beginning were children and teenagers. Years later, when the 39-year-old military man Keith Markus signed up and started to get involved, my Si Fu caught my attention - “...Pereira, you are used to dealing with a younger audience. Due to their lack of experience, even for basic things like going to a bank, it is much more expected that Pedro Freire will have a greater tendency to accept what you propose more easily than Keith. Keith will see more clearly 'holes' that you need to refine in your conduct as a Si Fu if you want him to keep following you..." - These words left a deep impression on me, because Si Fu would have completed - "...The kind of audience that will look for you and following you will also speak a lot about who you are....” - Those were the years of high adventures.
[Com uma das minhas primeiras turmas no Núcleo Méier,2011]
[With one of my first classes at MYVT Meier School,2011]

Quando estamos trabalhando o Programa Ving Tsun Experience, estamos de certa forma tentando trazer para a pessoa, através de diferentes cenários que não só o da Aula Imersiva. Uma compreensão maior do que chamamos de “Dimensão Kung Fu”. Dentro da “Dimensão Kung Fu”, convenções do dia a dia são superadas. Por exemplo: Você não deve esperar que o tutor lhe ensine como fazer, mas manter uma atenção a qual chamamos de “atenção estratégica”, na qual você não só está consciente do seu entorno, mas com o olhar relaxado e o coração por inteiro no que se está sendo dito ou demonstrado para você. Com o tempo, espera-se que com uma única demonstração de uma nova parte do “Siu Nim Do”, o novo praticante possa tentar faze-la, sem pedir que o tutor lhe demonstre uma vez mais. 
Meu Si Fu uma vez me chamou a atenção a um tutor que estava em outra sala falando sem parar - “...Pereira, uma boa aula é dada em silencio...” - Disse-me ele. Por muitos anos, não entendi que a “marcialidade” falava muito mais de conduta do que qualquer outra coisa. A experiência marcial pode ser conduzida sem uma palavra sequer, pela comunicação silenciosa ou linguagem do silencio. Então, o que leva à marcialidade é uma conduta efetiva à marcialidade. Não é a capacidade de 'dar porrada', é a conduta.

When we are working on the Ving Tsun Experience Program, we are, in a way, trying to bring it to the person, through different scenarios than just the Immersive Class. A greater understanding of what we call the “Kung Fu Dimension”. Within the “Kung Fu Dimension”, everyday conventions are overcome. For example: You shouldn't wait for the tutor to teach you how to do it, but maintain an attention that we call "strategic attention", in which you are not only aware of your surroundings, but with a relaxed look and your whole heart in the what is being said or demonstrated to you. Over time, it is hoped that with a single demonstration of a new part of “Siu Nim Do”, the new practitioner will be able to try to do it, without asking the tutor to demonstrate it once more.
My Si Fu once called my attention to a tutor who was in another room talking non-stop - "...Pereira, a good class is given in silence..." - He told me. For many years, I didn't understand that "martiality" spoke much more about conduct than anything else. The martial experience can be conducted without a single word, through silent communication or the language of silence. So, what leads to martiality is an effective conduct to martiality. It's not the ability to 'beat someone's ass', it's your conduct as a martial artist.
[Com Si Gung Leo Imamura, em um dos muitos 
seminários do Nível 1 do Programa Ving Tsun Experience que atendi]

[With Si Gung Leo Imamura, in one of the many
Ving Tsun Experience Program Level 1 seminars I attended]

Meu Si Fu fala muito em “ser relaxado e gentil”, e você não sabe o quanto isso foi um desafio para mim durante toda a minha jornada Kung Fu. Esse conceito sempre foi contra tudo o que acreditava quando comecei, serem características que um artista marcial deveria cultivar. Porém, a experiência marcial do Programa Ving Tsun Experience, que nos ajuda aos poucos a ressignificar nossa conduta, para que possamos encarar a vida de uma maneira mais inteligente, é fundamental para enxergarmos o Kung Fu por um sentido mais amplo. 
Por isso também, o Provimento de “Vida Kung Fu” como um dos instrumentos do Programa Ving Tsun Experience é tão importante. Caso contrário, o praticante vai desenvolver a capacidade técnica, mas não o Kung Fu. Desta forma, pode ser que decida-se por seguir um Si Fu de maneira prematura, e depois interrompa a sua jornada  à primeira dificuldade.
O amor à arte é muito importante, pois vamos precisar desse animo por muitas décadas, se quisermos nos tornarmos excelentes. É como na vida, se você não ama o que você faz, e se não tem o folego
para todo o dia poder estudar, pode ser que esteja no ramo errado.

My Si Fu talks a lot about “being relaxed and gentle”, and you don't know how much of a challenge this was for me throughout my Kung Fu journey. This concept has always gone against everything I believed when I started, that these are traits that a martial artist should cultivate. However, the martial experience of the Ving Tsun Experience Program, which helps us little by little to reframe our conduct, so that we can face life in a more intelligent way, is essential for us to see Kung Fu in a broader sense.
This is also why providing “Kung Fu Life” as one of the instruments of the Ving Tsun Experience Program is so important. Otherwise, the practitioner will develop technical ability, but not Kung Fu. In this way, it may be that you decide to follow a Si Fu prematurely, and then interrupt your journey at the first difficulty.
The love for the art is very important, as we will need this passion for many decades to come if we want to become great. It's like in life, if you don't love what you do, and if you don't have the will
for the whole day to study, it may be that you are in the wrong segment.

The Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@Gmail.com