domingo, 13 de julho de 2025

"Tutor" : A word by Moy Yat

 

Existe um termo que considero muito importante: Bat Chuen Ji Bei 不傳之秘, uma expressão registrada pelo Patriarca Moy Yat, que pode ser traduzida como “um segredo que não é passível de ser transmitido”. Foi também o Patriarca Moy Yat o primeiro profissional a associar o termo "Tutor" à salvaguarda do Sistema Ving Tsun. Ele foi um grande defensor do processo de qualificação de seus descendentes como forma de legitimar o acesso ao Sistema Ving Tsun.
No entanto, o Grão-Mestre Leo Imamura costuma indagar, em alguns dos seminários que conduz:
"Alguém consegue me dizer o que é uma 'Transmissão Qualificada'?"
Essa pergunta, aparentemente despretensiosa, é na verdade muito profunda.

Com frequência, vemos pessoas transmitindo o que aprenderam sem acesso a recursos que lhes permitam realizar essa transmissão de forma qualificada. Há profissionais com acesso a esses recursos, mas que, por motivos incompreensíveis, optam por não utilizá-los, restringindo seus alunos unicamente ao seu próprio conhecimento. Existem ainda aqueles que nem sabem que tais recursos existem. E, entre tantos outros casos, há profissionais que sabem da existência desses recursos, desejam utilizá-los, acreditam estar fazendo isso — mas que, no fim das contas, ainda não compreenderam bem como gerir esse processo.
Eu me incluiria nesta última categoria.

Por isso, sempre que penso em promover algum instrumento com a condução do GM Leo Imamura, faço questão de convidar o maior número possível de lideranças para participarem. Utilizando essa rede, meus alunos passam a ter acesso imediato a um nível mais elevado de entendimento, de riqueza de experiências e de considerações — tudo mediado pelo GM Leo Imamura. Dessa forma, eles não ficam reféns apenas do que eu sou capaz, ou não, de prover por conta própria.
Foi com esse espírito que realizamos mais um Seminário de Tutorização para o Programa Ving Tsun Experience.

There is a term I consider to be of great importance: Bat Chuen Ji Bei 不傳之秘, an expression recorded by Patriarch Moy Yat, which can be translated as “a secret that cannot be transmitted.” It was also Patriarch Moy Yat who was the first professional to associate the term “Tutor” with the safeguarding of the Ving Tsun System. He was a strong advocate for the qualification process of his descendants as a means to legitimise access to the Ving Tsun System.

However, Grandmaster Leo Imamura often poses the following question during some of the seminars he conducts:
Can anyone tell me what a ‘Qualified Transmission’ is?
This question, seemingly unassuming, is in fact profoundly significant.

It is not uncommon to see individuals passing on what they have learned without access to the resources that would allow them to do so in a qualified manner. Some professionals do have access to these resources, but for reasons that are difficult to understand, choose not to use them—restricting their students solely to their own knowledge. Others are not even aware that such resources exist. And among many other cases, there are professionals who are aware of these resources, who wish to use them, who believe they are using them—yet, ultimately, still do not fully understand how to manage this process.
I would place myself in this last category.

That is why, whenever I consider promoting any initiative under the guidance of GM Leo Imamura, I make a point of inviting as many leaders as possible to take part. By making use of this network, my students gain immediate access to a higher level of understanding, enriched by experiences and insights— all mediated by GM Leo Imamura. In this way, they are not left dependent solely on what I can or cannot provide myself.

It was in this spirit that we held yet another Tutorship Seminar for the Ving Tsun Experience Programme.


Para este instrumento em particular, fiz questão de convidar o discípulo Cayo Cesar (na primeira foto, no canto superior direito). Cayo, neste momento, não tem a pretensão declarada de se tornar um tutor no futuro e, como um bom discípulo, apenas procura ajudar quando é solicitado.

A intencionalidade ao sugerir sua participação é permitir que, através de uma abordagem menos complexa do que a do Sistema Ving Tsun, ele, ao vivenciar o Seminário do Programa Ving Tsun Experience, possa vir a ter uma realização mais clara sobre sua própria jornada.
Por compartilhar dessa crença, Mestre Keith Markus, meu outro discípulo, participa de todos os instrumentos promovidos por nosso Pólo com o mesmo espírito de iniciante.

Certa vez, uma pessoa querida me indagou:
"E você acha que um dia de seminário vai fazer mágica?"

A respeito de "Intencionalidade Estratégica e dragões", o Grão-Mestre Leo Imamura comenta o seguinte:

"...A imagem da serpente ou, melhor ainda, do dragão exprime bem a mobilidade do espírito que permite evoluir à vontade, sem jamais ser estorvado nem sofrer (evolução opondo-se à ação): o corpo maleável do dragão não tem forma fixa, ele ondula e se curva em todos os sentidos, contrai-se para se distender, concentra-se para progredir; ele se ajusta tão bem às nuvens que, sempre levado por elas, avança sem fazer esforço. Por isso, quase não se distingue delas.

Do mesmo modo, a Intencionalidade Estratégica não tem intenção definida, ela não se obstina em nenhum plano, para melhor seguir todos os contornos da situação e poder aproveitá-los: se o estrategista não age, é porque ele não fragmenta nem despende sua energia numa ação determinada, mas, como o corpo infinitamente solto do dragão, vale-se da renovação da situação para — evoluindo sempre — não cessar de avançar..."


For this particular initiative, I made a point of inviting disciple Cayo Cesar (pictured in the first photo, upper right corner). Untill this time, Cayo has not expressed any intention of becoming a tutor in the future and, as a good disciple, simply seeks to help whenever he is called upon.

The intention behind suggesting his participation was to allow him, through an approach less complex than that of the Ving Tsun System, to gain clearer insight into his own journey by experiencing the Ving Tsun Experience Programme Seminar.

Sharing in this belief, Master Keith Markus, another of my disciples, takes part in every initiative promoted by our Pólo with the same beginner’s spirit.

On one occasion, a dear friend once asked me:
And do you really think a one-day seminar can work magic?

Regarding "Strategic Intentionality and Dragons", Grandmaster Leo Imamura offers the following insight:

The image of the serpent—or, better yet, the dragon—aptly expresses the mobility of spirit that allows one to evolve freely, without ever being obstructed or suffering (evolution in contrast to mere action): the dragon’s supple body has no fixed form. It coils and curves in every direction, contracts to expand, concentrates to advance; it blends so perfectly with the clouds that, carried by them, it progresses effortlessly. For this reason, it is almost indistinguishable from them.

In the same way, Strategic Intentionality has no fixed intention. It does not cling to any particular plan, allowing it to follow every contour of the situation and take full advantage of it. If the strategist does not act, it is because he neither fragments nor wastes his energy on a determined course of action, but rather—like the infinitely free body of the dragon—he relies on the ever-changing nature of the situation in order to continuously evolve and never cease advancing...
Ao final do último dia de Seminário, já nos aproximávamos das 23h, e, em minhas considerações finais, pude refletir sobre uma tomada de consciência a respeito do tempo das coisas e das pessoas.
Muitas vezes, você, como Si Fu, percebe um potencial, uma demanda ou mesmo um caminho — mas isso não significa que seus discípulos ou alunos perceberão, ou precisam perceber, no mesmo tempo que você.

De toda forma, se considerarmos que o conceito de Bat Chuen Ji Bei 不傳之秘 atinge seu ápice no Domínio do Baat Jaam Do, dependendo do trabalho que venhamos a empreender, podemos fazer uso dessa transmissão silenciosa desde o início. Isso serve, inclusive, para que o praticante possa construir seu próprio entendimento sobre como acessar o Sistema Ving Tsun fora de um formato semelhante ao da educação escolar tradicional.

Com isso, sigo acreditando na importância de colocar os membros da minha Família em contato com cenários ricos em si mesmos, permitindo que minha intervenção direta seja cada vez menor.
Isso só se torna possível quando nos dedicamos de coração a conhecer profundamente cada aluno, acompanhá-lo de perto e oferecer o nosso melhor na gestão da sua jornada Kung Fu — algo que programas como o  Programa Ving Tsun Experience tornam possível.

At the end of the final day of the seminar, it was already approaching 11 p.m., and in my closing remarks I reflected on a realisation regarding the timing of things—and of people.
Often, as a Si Fu, you may perceive a potential, a demand, or even a path. However, that does not mean your disciples or students will perceive it, or need to perceive it, at the same time as you do.

In any case, if we consider that the concept of Bat Chuen Ji Bei 不傳之秘 reaches its pinnacle within the Baat Jaam Do Domain, then—depending on the work we are willing to undertake—it is possible to make use of this silent transmission from the very beginning. This may allow the practitioner to gradually build their own understanding of how to access the Ving Tsun System outside a structure resembling formal academic education.

With this in mind, I remain committed to placing members of my Family in enriching environments in and of themselves, allowing my direct intervention to become increasingly minimal.

This is only possible when we dedicate ourselves wholeheartedly to deeply knowing each student, closely following their progress, and doing our utmost in the management of their Kung Fu journey—something that programmes like the Ving Tsun Experience Programme make possible.