quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

“GOD OF GAMBLERS”(1989) - The film that changed Hong Kong cinema

 

[By Thiago Pereira]

Neste grande sucesso do final da década de 80, Chow Yun Fat interpreta Ko-Chun, considerado o maior "gambler"(ou apostador) do planeta, sendo chamado por muitos de "Deus das Apostas".
Ele mantém sua identidade em segredo, e nunca se deixa ser fotografado. As unicas informações sobre sua aparencia, são o anel de jade no dedo mindinho e seus cabelos sempre cuidadosamente penteados com gel para trás.
Com maestria e expressões corporais interessantissimas, Chow Yun Fat faz você embarcar no mundo das apostas ilegais da Asia de maneira sublime.

In this great success of the late 80s, Chow Yun Fat plays Ko-Chun, considered the greatest "gambler"  on the planet, being called by many the "God of Gamblers".
He keeps his identity a secret, and never allows himself to be photographed. The only information about his appearance is the jade ring on his little finger and his hair, always carefully combed back with gel.
With mastery and very interesting body expressions, Chow Yun Fat makes you embark on the world of illegal gambling in Asia in a sublime way.
Fazendo uso de seu charme característico que o alçou ao estrelato somado a essa linguagem corporal criada por ele para o personagem, Chow Yun Fat faz você imediatamente querer fazer parte daquele mundo de apostas dos mais diferentes tipos. Por mais que o espectador saiba se tratar de um meio criminoso de levar a vida, sua interpretação é tão absurdamente magnética, que faz você torcer por ele. É o mesmo que sentimos pelo personagem Tony Soprano, do seriado “SOPRANOS” da HBO. 

Making use of his characteristic charm that raised him to stardom added to this body language created by him for the character, Chow Yun Fat immediately makes you want to be part of that world of gambling of the most different types. As much as the spectator knows that it is a criminal way of living, his interpretation is so absurdly magnetic that it makes you root for him. it's the same as we feel for the character Tony Soprano, from the series “SOPRANOS” on HBO.

O filme ainda conta com as presenças marcantes do super astro Andy Lau e da lindíssima Joey Wong. Andy Lau é uma estrela pop intocável de Hong Kong, sendo um veterano da indústria da música e do cinema. Joey Wong, com sua beleza diferenciada e carisma, disputava os holofotes da década de '80 com outra beldade: Maggie Cheung. 
Acontece que o personagem de Chow Yun Fat [foto] acaba perdendo a memória em determinado momento do filme, fazendo com que esse núcleo formado por ele, Andy Lau e Joey Wong, transforme o filme em uma espécie de comédia. É como se por 30 minutos o filme mudasse de gênero. Somado a isso, o próprio humor do cinema de Hong Kong da década de '80, não é de fácil entendimento para o espectador ocidental. 

The film also features the outstanding presence of superstar Andy Lau and the beautiful Joey Wong. Andy Lau is an untouchable pop star from Hong Kong, being a veteran of both the music and film industry. Joey Wong, with her distinctive beauty and charisma, competed for the spotlight in the '80s with another beauty: Maggie Cheung.
It turns out that the character of Chow Yun Fat [photo] ends up losing his memory at a certain point in the film, making this nucleus formed by him, Andy Lau and Joey Wong, transform the film into a kind of comedy. It's as if for 30 minutes the film changed genres. Added to that, the very humor of Hong Kong cinema in the 1980's, is not easy for the western spectator to understand.


A importância de “God of Gamblers” lançado em Dezembro de 1989 é imensa para o cinema de Hong Kong! Sozinho, ele criou um novo gênero cinematográfico: O gênero de filmes sobre apostadores super habilidosos...

The importance of “God of Gamblers” released in December 1989 is immense for Hong Kong cinema! Single-handedly, it created a new cinematic genre: The genre of films about super-skilled gamblers...

A seguir, voce acompanha uma das cenas mais iconicas da história do cinema de Hong Kong!Que é exatamente quando o personagem de Chow Yun Fat viaja até Tokyo para participar de um jogo de dados  tradicional da Yakuza. Observe como o gestual de Chow Yun Fat e a atmosfera criada pelo diretor e o diretor de fotografia. É sublime!

Here's one of the most iconic scenes in Hong Kong film history! Which is exactly when Chow Yun Fat's character travels to Tokyo to participate in a traditional Yakuza dice game. Observe How Chow Yun Fat's gestures and the atmosphere created by the director and cinematographer. It's sublime!
 




Foi necessário apenas um ano para que o genio da comédia do cinema de Hong Kong Stephen Chow[foto sentado ao centro], fizesse uma paródia do filme chamada “All for the winner”[Dou Sing 賭聖].  Stephen Chow interpreta um jovem que vem do interior da China continental para viver com seu tio Blackie Tat em Hong Kong. Seu tio é interpretado pelo seu grande parceiro no cinema, o já falecido ator Ng Man-tat. Stephen Chow e Ng Man-tat eram como o Bud Spencer e o Terence Hill de Hong Kong. Acontece que a genialidade de Stephen Chow vai muito além, quando ele faz o trocadilho no título do filme, usando ideogramas que tenham uma sonoridade parecida com o do original de 1989, mas que ao mesmo tempo, façam menção ao seu nome. Ou seja:  Dou San 賭神 [God of Gamblers, 1989] tornou-se Dou Sing 賭聖 [All for the winner, 1990] sendo que o nome chines de Stephen Chow é 周星馳 [Chow Sing Chi]. 

It only took one year for Hong Kong film comedy genius Stephen Chow [photo above sitting center], to make a parody of the film called “All for the winner” [Dou Sing 賭聖]. Stephen Chow plays a young man who comes from the countryside of mainland China to live with his uncle Blackie Tat in Hong Kong. His uncle is played by his great partner in the cinema, the late actor Ng Man-tat. Stephen Chow and Ng Man-tat were like the Bud Spencer and Terence Hill of Hong Kong. It turns out that Stephen Chow's genius goes much further, when he makes the pun in the film's title, using ideograms that sound similar to the 1989 original, but which, at the same time, mention his name. That is: Dou San 賭神 [God of Gamblers, 1989] became Dou Sing 賭聖 [All for the winner, 1990] and Stephen Chow's Chinese name is 周星馳 [Chow Sing Chi].

O sucesso da paródia “All for the winner”[Dou Sing 賭聖] de 1990 foi tamanho, que algo incrível aconteceu! Stephen Chow [foto] que interpretou o rapaz inocente do interior da China continental com poderes paranormais para jogos de apostas[muitos risos], foi convidado para a franquia original no lugar de sua estrela principal no mesmo ano “God of Gamblers 2”. Além disso, ainda participaria de um terceiro filme da franquia original “God of Gamblers 3” em 1997. 

The success of the 1990 parody “All for the winner”[Dou Sing 賭聖] was such that something incredible happened! Stephen Chow [photo] who played the innocent boy from mainland China's countryside with paranormal powers for gambling [lots of laughter], was invited to the original franchise in place of its main star in the same year's “God of Gamblers 2”. In addition, he would still participate in a third film in the original franchise “God of Gamblers 3” in 1997.

 Acompanhe abaixo, o infame trailer da histórica paródia escrita por Stephen Chow em 1990 “All for the winner”[Dou Sing 賭聖]. Que sem querer, consolidou o gênero “Deuses das apostas”[Dou San 賭神] que perdura até hoje!

Watch below the infamous trailer for Stephen Chow's historic 1990 spoof “All for the winner”[Dou Sing 賭聖]. Which unintentionally consolidated the genre “Gods of gambling” [Dou San 賭神] that lasts until today!



God Of Gamblers de 1989, é um clássico incontestável que surgiu na onda de Rain Main com Dustin Hoffman e Tom Cruise. Com cenas de comédia tipicamente chinesas, cenas de ação(tiro) que os criticos consideram melhores do que as atuais, e a interpretação majestosa de Chow Yun Fat. Esse filme é um tesouro na história do cinema de Hong Kong! Acompanhe o trailer desta obra prima a seguir...

God Of Gamblers from 1989, is an indisputable classic that emerged in the wake of Rain Main with Dustin Hoffman and Tom Cruise. With typical Chinese comedy scenes, action scenes (shooting) that critics consider better than the current ones, and the majestic interpretation of Chow Yun Fat. This film is a treasure in the history of Hong Kong cinema! Watch the trailer for this masterpiece below...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

An essay on the fight spirit in BAAT JAAM DO [八斬刀]

 

Recentemente pude comunicar ao meu Mestre Julio Camacho uma singela conquista particular, depois de oito meses de muitos altos e baixos. Na ocasião, ele disse que primeiramente queria dar os “parabéns”, pois conhecia bem o sentimento que estava sentindo, por já ter vivenciado o mesmo processo por mais de uma vez. Ele também disse entender bem o alívio que aquele momento proporcionava. 
Bom, eu comecei a praticar Ving Tsun para me defender de “bullying”, mas com o tempo, percebi que nossos maiores adversários não são possíveis de serem golpeados. Me refiro a uma ansiedade que nos toma por completo, talvez um desespero ou uma falta de esperança, quando vivenciamos uma dívida, um rompimento de relação, um problema de saúde ou mesmo familiar [Dentre outros...]. Em momentos assim, caso não estejamos inteiros, fica bem mais difícil resolver essa situação... Nós pensamos em nos tornarmos grandes lutadores, mas quando a luta chega, entendemos o que meu Si Fu me disse no início da década passada - “Pereira, lembra sempre disso: Qualquer pessoa que fale que gosta de luta, nunca lutou na vida.” - Disse-me ele durante um café nos arredores do Condomínio Interlagos de Itaúna, na Zona Oeste do Rio. 
Mas seria possível nos colocarmos deliberadamente numa situação adversa?

I was recently able to communicate to my Master Julio Camacho a simple particular achievement, after eight months of many ups and downs. At the time, he said that first he wanted to say “congratulations”, because he knew the feeling I was feeling very well, having already experienced the same process more than once. He also said he understood well the relief that moments like that provided.
Well, I started to practice Ving Tsun to defend myself against “bullying”, but with time, I realized that our biggest opponents are not possible to be hit. I am referring to an anxiety that takes us completely, perhaps a despair or a lack of hope, when we experience a money debt, a relationship breakup, a health or even family problem [Among others...]. In moments like this, if we are not in one piece, it becomes much more difficult to resolve this situation... We think about becoming great fighters, but when the fight comes, we understand what my Si Fu told me at the beginning of the last decade - "Pereira, always remember this: Anyone who says that he likes to fight, he has never fought in his life.” - He told me during a coffee  in the West Zone of Rio.
But is it possible to deliberately place ourselves in an adverse situation?
Sabemos que entrar em evidencia em termos de Pensamento Clássico Chines, não parece muito adequado. Apesar disso, acredito muito em não nos abstermos de nos colocarmos para as situações, ainda que elas tragam um fardo que possa nos “assustar” em um primeiro momento. 
Então, desde o Nível Básico “Siu Nim Tau”, aprendemos a “disputar o meio” em cada prática... Porém, se o trabalho do Tutor for muito evidente, pode acabar colocando a pessoa que está tendo acesso ao novo tópico numa posição “passiva”, como a de um aluno numa sala de aula. Isso também pode diminuir a marcialidade presente na experiência marcial, fazendo com que a parte simbólica perca a força transformando-se em um método. 
O mesmo ocorre com relação aos processos de Vida-Kung Fu. A pessoa vai se colocar a medida que ela quiser e o quanto ela quiser, desde que a condução desse processo seja orientada para ela. 

We know that going into evidence in terms of Classical Chinese Thought does not seem very appropriate. Despite this, I really believe in not refraining from putting ourselves into situations, even if they bring a burden that can “frighten” us at first.
So, from the Basic Level “Siu Nim Tau”, we learn to “dispute the center” in each practice... However, if the Tutor's work is very evident, it may end up putting the person who is having access to the new topic very “passive” in the process, like that a student in a classroom. This can also diminish the martiality present in the martial experience, causing the symbolic part to lose strength and become a method.
The same is true of Kung Fu-Life processes. The person will put himself as much as he wants and as for the time he wants, as long as the conduction of this process is guided by him.
Então, apesar de entendermos que “estar em evidencia” não é aconselhável. Não deixar de se colocar por inteiro quando necessário, é tão importante quanto. No fundo, me vi buscando ao longo da minha jornada a instrução, o apontamento, o método...O jeito certo de se fazer... Meu Si Fu muito atento a isso, parecia sempre deixar no ar - “Se eu te disser como fazer e você fizer e não acontecer como esperado. Você vai poder falar depois: 'Ué Si Fu! Mas eu fiz o que o senhor pediu!' ...”- Teria me dito Si Fu certa vez. Sobre isso, ele comentou que com esse estado mental, o praticante se desresponsabiliza da ação. Si Fu também apontou como fazemos isso no dia a dia sem perceber: “O Uber demorou”, “Você não me avisou”, “Fiquei doente”, “Tive um problema”, etc...
A boa notícia, é que quando pegamos as facas em nossas mãos, podemos até nos posicionar em guarda mas parece que algo não chega até elas. Você pode tencionar as sobrancelhas fazendo uma expressão de alguém concentrado. Você pode até mesmo apertar firme as facas, mas é como se a energia adequada não chegasse até a ponta delas... Então você percebe que algo não foi construído adequadamente. E veja: Que bom que você percebeu isso durante a prática, pois se a vida tivesse chamado, você não teria o espírito de luta adequado...

So, although we understand that “being in the spotlight” is not advisable. Don't fail to put yourself in full when necessary, it's just as important. Deep down, I found myself searching throughout my journey for instruction, orientations, methods... The right way to do it... My Si Fu was very attentive to this, he always seemed to leave it in the air - "If I tell you how to do it and you do it and it doesn't happen, you'll be able to say later: 'But Si Fu,  I did what you say to do!' ..."- Si Fu would have told me once. About this, he commented that with this mental state, the practitioner takes no responsibility. Si Fu also pointed out how we do this on a daily basis without realizing it: "Uber took a while", "You didn't tell me", "I got sick", "I had a problem", etc...
The good news is that when we take the knives in our hands, we can even position ourselves on guard but it seems that something doesn't reach them. You can tense your eyebrows by making a concentrated expression. You can even squeeze the knives tight, but it's like the proper energy doesn't get to the tips of them... Then you realize that something wasn't built properly. And look: It's good that you realized this during practice, because if life had called, you wouldn't have the right fighting spirit...
Ao longo dos anos, meu Si Fu me pediu coisas que eu não faria espontaneamente. Fosse por timidez pelo fato de eu ser simplesmente uma pessoa introvertida. Conduzir uma palestra, liderar uma comitiva com artistas marciais de outras modalidades, conduzir uma demonstração pública, organizar uma viagem, ou simplesmente dar uma aula sem ele ou a Si Suk Ursula por perto... Tudo isso ao longo de décadas, me possibilitou tomar a decisão de entrar em um processo adverso porque eu sabia que conseguiria bancar ainda que tudo não acabasse bem no final. 
Na prática do Baat Jaam Do [八斬刀], não importa o quão exótica seja a posição que as facas assumam a partir de um desdobramento da listagem ou do contato com a arma do adversário. O espírito de luta precisa estar presente nas duas facas até o final. E a sensação de de ir até o final de um processo amargo por escolha própria, sem colocar a culpa em nada e nem em ninguém, é muito especial! Eu recomendo! Mas para tal, as facas precisam estar vivas... O tempo todo!

Over the years, my Si Fu asked me for things that I wouldn't do spontaneously. It was because of shyness or simply due to the fact that I am simply an introverted person. Conducting a lecture, leading an entourage with martial artists from other disciplines, conducting a public demonstration, organizing a trip, or simply giving a class without him or Si Suk Ursula around... All this over decades, allowed me to take the decision to file an adverse situation because I knew I would be able to afford it even if everything did not end well in the end.
In the practice of Baat Jaam Do [八斬刀], it does not matter how exotic the position that the knives assume from an unfolding of the form or contact with the opponent's weapon. The fighting spirit needs to be present, in both knives until the end. And the feeling of going to the end of a bitter process by choice, without blaming anything or anyone, is very special! I recommend! But for that, the knives need to be alive... all the time!

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com.




 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

BAD LUCK AND THE BAAT JAAM DO [八斬刀]

Em nossa última Aula de Excelência, meu Mestre Julio Camacho[FOTO] falou sobre a importância de se estar com “a mente no momento presente”. Não é que nunca tenha escutado sobre isso, mas a maneira com que o raciocínio é construído numa conversa “Si Fu-To Dai”, faz com que coisas que já ouvimos, ganhem uma importância diferenciada. Portanto, foi curioso ouvir isso dele, pois depois de muito sacrifício, consegui voltar a praticar apenas para mim... 
Sempre fazia qualquer prática na última década com um viés de pensamento apontando para a “transmissão”. Estava sempre pensando nos meus alunos e estava deixando o “Thiago praticante” de lado. E ao começar a praticar sozinho com as facas mais intensamente nos últimos meses, comecei a perceber o quão difícil ainda é fazer os movimentos em alto nível... Foi então que um dia me deparei com um vídeo do Sensei Helio Arakaki. Ele participou do canal “Kung Fu Life” com meu Si Gung Leo Imamura, e me encantei pela admiração dele com seu Mestre, o Sensei Sagara. No vídeo, Sensei Arakaki executava o “Heian Shodan” em um “ultra slow motion”... Foi quando tive a ideia de praticar da mesma forma...

In our last Excellence Class, my Master Julio Camacho[PHOTO] spoke about the importance of having “the mind in the present moment”. It's not that I've never heard about it, but the way the subject is built in a "Si Fu-To Dai" conversation, makes things we've already heard gain a different importance. Therefore, it was curious to hear that from him, because after a lot of sacrifice, I managed to go back to practicing just for myself...
I have always done any practice over the last decade with a bias towards “transmission”. I was always thinking about my students and I was leaving “Thiago Practitioner” aside. And as I began to practice more intensively with knives in recent months, I began to realize how difficult it still is to perform the movements at a high level... It was then that one day I came across a video by Sensei Helio Arakaki. He participated in the channel “Kung Fu Life” with my Si Gung Leo Imamura, and I was enchanted by his admiration for his Master, Sensei Sagara. In the video, Arakaki Sensei performed “Heian Shodan” in “ultra slow motion”... That's when I had the idea to practice in the same way...

[Um único equívoco na execução me leva a parar e começar tudo novamente,
as vezes eu só fico parado revendo os movimentos na minha mente]

[A single error in execution causes me to stop and start all over again,
sometimes I just stand there replaying the movements in my mind]


Se em práticas do Nível Básico “Siu Nim Tau” como o “Lap Sau”, você pode isolar a energia, ao obstruir a energia da outra mão. No Nível Superior Final “Baat Jaam Do” isso não é possível... Tudo é um movimento contínuo, e mesmo fazendo em um timing muito baixo, percebia o quanto minha mente voava para a mão que estava executando o movimento, não o próximo. Sobre isso, Si Fu chamou de “ponto futuro”, que seria quando não estamos falando de espaço, mas de tempo. Então, é como se eu estivesse caprichando demais no posicionamento, mas sem uma movimentação constante, o movimento estava morto. Você precisa estar presente em todo o seu corpo, mantendo a faca com uma energia de corte ou perfuração constante. Isso tudo, com as pernas vivas e prontas para movimentarem também... 

If in Basic Level “Siu Nim Tau” practices such as “Lap Sau”, you can isolate the energy by obstructing the energy of the other hand. In the Final Superior Level "Baat Jaam Do" this is not possible... Everything is a continuous movement, and even doing it in a very slow timing, I realized how much my mind flew to the hand that was executing the movement, not the next one. About this, Si Fu called it the “future point”, which would be when we are not talking about space, but about time. So, it's like I was putting too much effort into positioning, but without constant movement, my hands were dead. You need to be present with your whole body, keeping the knife with constant cutting or piercing energy. All this, with legs alive and ready to move too...

Acontece que facas não são coisas essenciais ao nosso corpo, diferente das mãos e pés. Portanto, observei que com relação aos Níveis que se utilizam apenas de nosso próprio corpo no Sistema Ving Tsun, talvez não estivesse tão bem quanto pensava... Estava me baseando muito no “posicionamento”, e isolando as energias de maneira inadequada. Confundindo um braço vivo com um braço tensionado. E como eram meus próprios membros e não duas facas, ficava mais fácil de me enganar. Sobre isso, Si Fu disse que independente do que estejamos praticando, é a mesma pessoa que está praticando. E isso mostra o Kung Fu da pessoa em diferentes cenários. 

It turns out that knives are not essential to our bodies, unlike our hands and feet. Therefore, I noticed that with regard to the Levels that only use our own body in the Ving Tsun System, perhaps I was not as well as I thought... I was relying too much on “positioning”, and isolating energies inappropriately. Mistaking a live arm for a strained arm. And since they were my own limbs and not two knives, it was easier to fool me. About that, Si Fu said that regardless of what we are practicing, it is the same person who is practicing. And it shows the person's Kung Fu in different scenarios.
A prática de uma arte marcial como o Sistema Ving Tsun, nos permite parar e recomeçar quantas vezes forem necessárias. Naquele momento em que nossas mentes flutuaram para longe, podemos simplesmente nos reorganizarmos e recomeçar... Porém, fica uma reflexão: Você não precisa ter sorte várias vezes... Um único momento em que a sorte lhe sorri, é o suficiente para mudar sua vida. O mesmo vale para a má sorte... E o mesmo vale para a execução de um movimento numa situação de combate simbólico, que é ainda mais amplificado com o uso das facas por você e pelo seu adversário: Ainda que simbolicamente, se voce se distrair, você morre.
Por fim, pensei muito sobre a quantidade de arrependimentos que carrego...A sorte sorriu mas eu não soube aproveitar. Porém, se fosse uma luta com facas, eu teria morrido. Morto, do que me valem os arrependimentos? 

The practice of a martial art like the Ving Tsun System allows us to stop and start again as many times as necessary. In that moment when our minds floated away, we can simply reorganize ourselves and start over... However, a reflection remains: You don't need to be lucky several times... A single moment when luck smiles at you, is enough to change your life. The same goes for bad luck... And the same goes for executing a move in a symbolic combat situation, which is further amplified with the use of knives by you and your opponent: Even if symbolically, if you sleep, you die.
Finally, I thought a lot about the amount of regrets I carry... Luck smiled but I didn't know how to take advantage. However, if it was a knife fight, I would have died. Dead, what good are my regrets?

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com.


 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

What it takes to be a good professional w/ Master Julio Camacho

[As cadeiras que ladeiam a mesa ancestral, denominadas “Gau Yi”. 
Elas são reservadas ao Líder da Família Kung Fu daquele Mo Gun e ao seu próprio Si Fu]

[The chairs that flank the ancestral table, called “Gau Yi”.
They are reserved for the Kung Fu Family Leader of that Mo Gun and his own Si Fu]


 Foi com muito custo que aprendi que ser um “profissional de artes marciais”, ia muito mais além do que “dar aulas”. Meu Mestre Julio Camacho[foto acima] me mostrava isso com ações em todas as oportunidades, mas eu não me dei conta até que chegou a minha vez. Entendi a duras custas, que é exatamente quando o Mo Gun está vazio, que devemos trabalhar ainda mais, preparando o que está por vir. Eu não entendia isso, então nos primeiros dois anos do Núcleo Méier, eu passava o tempo lendo até o horário da aula da noite. Por outro lado, antes disso, não entendia a razão do meu Si Fu [Mestre no dialeto cantonês], sempre aparecer com algum novidade. Era como se fosse para colocar a Família para se mexer. Anos mais tarde, ouvi dele que - “...Um bom Si Fu, precisa sempre estar em movimento, mas precisa saber para onde está movendo...”. - Disse ele quando lhe perguntei o que ele considerava ser um bom Si Fu. 
Acontece que você fica ali sentado naquela cadeira[GAU YI], meio que se contorcendo e fazendo caretas com algumas coisas que você vê seus alunos fazendo. Dá vontade de levantar e fazer você mesmo. Acontece que se você assim o fizer, não estará fazendo o mesmo investimento paciente em seu aluno, que seu Si Fu teve também para com você.  Porém, para pessoas que cultuam a ação como eu, a arte de não agir, ainda é bem difícil. - “...Você está prestando atenção neles, eles só não precisam saber...” - Disse-me Si Fu no início da minha carreira. E por ver Si Fu parecendo sempre ocupado com seu notebook nos anos 2000 enquanto praticávamos no querido prédio Blue Sky, ele se mantinha aparentemente compenetrado em algum projeto. Por não ter projetos no início da minha carreira, baixei alguns jogos de ATARI no meu Notebook, para parecer que não estava atento a prática quando na verdade estava. Afinal, o meu Si Gung Leo Imamura diz que - “...Kung Fu não se ensina, Kung Fu se aprende..”. 

It was at great cost that I learned that being a “martial arts professional” went much further than “teaching classes”. My Master Julio Camacho [photo above] showed me this with actions at every opportunity, but I didn't realize it until it was my turn. I understood at great cost, that it is exactly when the Mo Gun is empty, that we must work even more, preparing what is to come. I didn't understand that, so in the first two years of MYVT Meier School, I spent time reading until the time of the night class. On the other hand, before that, I didn't understand why my Si Fu [Master in the Cantonese dialect] always came up with something new. It was as if to get the Family moving. Years later, I heard from him that - "... A good Si Fu must always be in motion, but he needs to know where he is moving for...". - He said when I asked him what he considered to be a good Si Fu.
You happen to be sitting there in that chair [GAU YI], kind of squirming and grimacing at some of the things you see your students doing. Makes you want to get up and do it yourself. It turns out that if you do so, you will not be making the same patient investment in your student that your Si Fu also had for you. However, for people who worship action like me, the art of no-action is still very difficult. - "...You must pay attention to them, they just don't need to know that..." - Si Fu told me at the beginning of my career. And seeing Si Fu always seeming busy with his notebook in the 2000s while we practiced in the beloved Blue Sky building, he was apparently absorbed in some project. Because I didn't have projects at the beginning of my career, I downloaded some ATARI games on my Notebook, to look like I wasn't paying attention to practice when I actually was. After all, my Si Gung Leo Imamura says that - “...Kung Fu is not taught, Kung Fu is learned..”.

[Início da demonstração na Universidade Estácio de Sá em 2007]

[Start of demonstration at Estácio de Sá University in 2007]

Outro ponto importante de observar ao longo dos anos, era quando claramente Si Fu poderia executar uma determinada coisa com um resultado muito melhor, e ainda assim ele deixava em nossas mãos. Um exemplo, foi quando conseguimos uma demonstração para toda a Universidade Estácio de Sá ao lado do Barra Shopping [Foto]. Si Fu ficou no segundo piso assistindo debruçado na mureta, enquanto eu, o Mestre Felipe Soares[foto], Thiago Silva, dentre outros... Demonstrávamos as listagens, algumas práticas combinadas e o Mestre Felipe falava ao microfone... Foi um desastre! Eu achei que seria uma boa ideia fazer tudo com muita intensidade e acabou se tornando algo muito violento de se ver... Si Fu chamou minha atenção de maneira veemente, e eu fui substituído pela Si Suk Nandinha no intervalo, mas o estrago já estava feito. E assim, sem mais nem menos, eu acabei com o projeto antes dele começar... - “...Você precisa deixar seu aluno fazer m.... no seu Mo Gun, para que ele aprenda o que não fazer quando ele tiver o dele...” - Teria dito Si Fu certa vez, quando reclamei certa vez de algo que presenciei - “...Quando esse aluno tiver os alunos dele, ele vai fazer o mesmo por eles...” - Concluiu Si Fu.

Another important point to observe over the years was when clearly Si Fu could perform a certain thing with a much better result, and still he left it in our hands. One example was when we got a demonstration for the entire Estácio de Sá University next to Barra Mall in West Zone of Rio [Photo above]. Si Fu stayed on the second floor watching leaning on the wall, while I, Master Felipe Soares[photo above], Thiago Silva, among others... We demonstrated the forms, some combined practices and Master Felipe spoke into the microphone... It was a disaster ! I thought it would be a good idea to do everything with great intensity and it turned out to be something very violent to watch... 
Si Fu vehemently caught my attention, and I was replaced by Si Suk Nandinha at halftime, but the damage was already done . And so, just like that, I ended the project before it started... - "...You need to let your student do sh... at your Mo Gun, so that he learns what not to do when he has his...” - Si Fu would have said once, when I complained about something I witnessed - “... When that student has his own students, he will do the same for them...” - Concluded Si Fu.

[Eu ansioso para o início da prática, Jade pequenininha e Si Fu. 2004]
[I look forward to the start of practice, little Jade and Si Fu. 2004]

A dedicação também é algo fundamental a um bom profissional... Aprendi com meu Si Fu, que as nossas vidas precisam ganhar mais qualidade a partir da prática do Ving Tsun, por outro lado, você precisa viver fora dos dias e horários que a pessoas vivem no dia a dia. Voce precisa aprender a perceber o melhor momento de ir ou ficar, de fazer ou adiar... Independente do dia ou da hora... Não funcionamos no tempo cronológico, nossas vidas se dão no tempo regulado... O tempo das coisas...
Por isso, em 2004 [foto] Si Fu achou que seria uma boa ideia fazermos uma prática ao ar livre na praia pela manhã. A ideia era divulgar o recém lançado “Estúdio Barra”. Porém, Si Fu transformou isso numa verdadeira experiência de Vida Kung Fu e de prática, inclusive para seus familiares e convidados dos praticantes. 

Dedication is also something fundamental to a good professional... I learned from my Si Fu, that our lives need to gain more quality from the practice of Ving Tsun, on the other hand, you need to live outside the days and times that people they live day to day. You need to learn to understand the best moment to go or stay, to do or postpone... Regardless of the day or time... We don't work in chronological time, our lives take place in regulated time... The time of things. ..
Therefore, in 2004 [photo] Si Fu thought it would be a good idea to do an outdoor practice on the beach in the morning. The idea was to publicize the recently launched “MYVT Barra Studio”. However, Si Fu turned it into a true experience of Kung Fu Life and practice, including for his family members and guests of the practitioners.

Nove anos depois, acompanhei Si Fu até Mangaratiba[foto], para prestigiar meu irmão Kung Fu Bruno Bernardo, que iniciava como chef em um restaurante de frutos do mar. Para transformar o momento em uma experiência mais abrangente, Si Fu também chamou Pedro Ivo e Marcelo Ormond. Ambos estiveram presentes com suas companheiras. 
Si Gung costuma dizer que desejamos que o praticante fique conosco por trinta anos. Si Gung diz que uma vida não é o suficiente para fazer o trabalho, então precisamos da geração seguinte, e assim por diante. Então, a dedicação da pessoa que seguimos como vi Si Fu fazer ao longo dos anos, inspira você a permanecer. Existe sempre uma nova aventura no horizonte. 

Nine years later, I went with Si Fu to Mangaratiba Island[photo above], to honor my Kung Fu brother Bruno Bernardo, who was starting out as a chef in a seafood restaurant. To transform the moment into a more large experience, Si Fu also called Pedro Ivo and Marcelo Ormond. Both were present with their companions.
Si Gung often says that we want the practitioner to stay with us for thirty years. Si Gung says that one life is not enough to do the job, so we need the next generation, and so on. So, the dedication of the person we follow, as I've seen Si Fu do over the years, inspires you to stay. There is always a new adventure on the horizon.

[Dia em que Si Fu mostrou-me nosso primeiro 
endereço na Barra, no prédio Blue Sky.2004]

[The day Si Fu showed me our first
address in Barra neighborhood, in the Blue Sky building.2004]


Porém, Si Gung tem falado muito sobre a necessidade de estudo contínuo. Segundo o Si Gung, não teria porque alguém segui-lo, se você não estiver sempre se aprimorando. Ele também comenta, sobre o quanto é necessária uma rede de suporte por trás do profissional, para que ele possa se apoiar.
Si Fu as vezes aparecia falando de filmes que ele viu, outras vezes falava de cinema, outras de etimologia, etc... Eram muitos saberes, que envolviam os presentes. Porém, nada disso impedia com que ele mostrasse sempre um perspicácia ao falar do Sistema Ving Tsun. 
Então, com todos esses exemplos, vejo a importância de ser alguém que se dedica, que entende o “tempo de trabalho” de uma maneira diferente, que abre espaço para que a descendência possa se expressar, que tenta promover atividades que estejam sintonizadas com várias partes sendo potencialmente benéficas a cada uma... 
Encerro, com uma frase que o Si Gung disse recentemente que ouviu na faculdade - “...Você é considerado 'profissional' porque voce é muito bom no que faz ou porque você vive do que é muito bom no que faz...”

However, Si Gung has been talking a lot about the need for continuous study. According to Si Gung, there would be no reason for someone to follow you if you are not always improving. He also comments on how much a support network is needed behind the professional, so that he can rely on .
Si Fu sometimes appeared talking about movies he saw, sometimes he talked about cinema, other times about etymology, etc... There were many knowledges, which involved those present. However, none of that prevented him from always showing deep insights when talking about the Ving Tsun System.
So, with all these examples, I see the importance of being someone who is dedicated, who understands “work time” in a different way, who makes room for the descedants to express themselves, who tries to promote activities that are in tune with various parts being potentially beneficial to each...
I close with a sentence that Si Gung said recently that he heard in college - "... You are considered 'professional' because you are very good at what you do or because you make a living from what you are very good at what you do..."


A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

DOK GWAN[度棍] - Master Julio Camacho´s hidden power for a better Luk Dim Bun Gwan

 

[Si Fu pratica caligrafia no escritório de uma enorme casa que serviu de Mo Gun entre 2010 e 2012]
[Si Fu practices calligraphy in the office of a huge house that 
served as Mo Gun between 2010 and 2012]

Muitos e muitos anos atrás, estava com meu Mestre Julio Camacho[foto acima] entrando em seu carro no estacionamento de um shopping. Era um dia muito difícil para mim e eu tentava convencer o Si Fu que não me seria possível sair daquela situação.- “Você consegue sim.” - Disse ele. Entramos em seu carro e ele me levou até um condomínio entre a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, ambos bairros da Zona Norte do Rio. Paramos em algum ponto que dava para ver uma casa ultra grande. Saímos do carro, ele me falou pela primeira vez, que queria mudar o Mo Gun para aquela casa enorme naquele condomínio fechado. - “E aí? Você acha que eu consigo?” - Ele me perguntou enquanto apoiava as mãos na cintura com um largo sorriso. Eu respondi que sim. E ele então perguntou: “E por que você não conseguiria?” - Ficamos em silencio admirando a casa.

Many, many years ago, I was with my Master Julio Camacho [photo above] getting into his car in the parking lot of a mall. It was a very difficult day for me and I was trying to convince Si Fu that it would not be possible for me to get out of that situation.- "You can do it." - He said. We got into his car and he took me to a condominium between Barra da Tijuca and Recreio dos Bandeirantes, both neighborhoods in the North Zone of Rio. We stopped at some point where we could see a super gigantic house. We got out of the car, he told me for the first time, that he wanted to move the Mo Gun to that huge house in that gated community. - "So what? Do you think I can do it?” - He asked me while resting his hands on his hips with a wide smile. I replied yes. And he then asked: “And why wouldn’t you?” - We stood in silence admiring the house.

Quando somos jovens ou imaturos, nossos movimentos são imprecisos. Temos um Kung Fu expansivo e em muitos casos isso também está presente em nosso dia a dia. Eu comecei a praticar o Luk Dim Bun Gwan [Domínio do Sistema Ving Tsun em que se usa o bastão da foto acima], aos 23 anos de idade. Eu não entendia, que só porque tinha energia e força de sobra para pegar o bastão do chão e me posicionar no que eu entendia como a guarda [ Gwan Jong 棍樁], significava que eu deveria faze-lo de qualquer maneira. Eu simplesmente levantava o bastão e era isso... E foi assim por muitos anos... 
Si Fu dizia as vezes, que não podemos saber quando algo começou de fato, apenas decidimos um marco inicial. E de certa forma, no Ving Tsun também é assim: Precisamos identificar um posicionamento que favoreça o que estamos buscando. As coisas se realizam não porque somos capazes de “fazer acontecer”, mas elas se dão através de um processo que transforma a situação e que chega ao efeito que desejamos. Por isso a importância do DOK GWAN[度棍]...

When we are young or immature, our movements are imprecise. We have expansive Kung Fu and in many cases this is also present in our daily lives. I started practicing Luk Dim Bun Gwan [Domain of the Ving Tsun System in which the staff in the photo above is used], at the age of 23. I didn't understand, that just because I had plenty of energy and strength to pick up the staff from the ground and position myself in what I understood to be the guard position [Gwan Jong 棍樁], meant that I had to do it anyway. I simply used to lift the staff and that was it... And it was like that for many years...
Si Fu sometimes said that we cannot know when something actually started, we just decide on a starting point. And in a way, in Ving Tsun it is also like this: We need to identify a position that favors what we are looking for. Things come true not because we are able to “make it happen”, but they are given through a process that transforms the situation and reaches the desired effect. That's why the importance of DOK GWAN[度棍]...
[Com medo de machucar ainda mais meus joelhos, quando retornei a prática constante durante o Lockdown, não me apoiava no bastão para dispará-lo, e usava apenas força bruta].

[Afraid of hurting my knees even more, when I returned to constant practice during Lockdown, I didn't lean on the staff to shoot it, and used only brute force].

Si Fu tem apostado muito em uma expressão minimalista e ao mesmo tempo eficaz do Kung Fu. Ele tem gastado muitos minutos semanalmente conosco, para que percebamos melhor as condicionantes do que o efeito. É como nos ajudar a enxergar melhor através do que está invisível em cada componente do Sistema. 
O Dok Gwan[度棍] é a medição que fazemos com o bastão com ele em mãos, é o momento em que abordamos o disparo do bastão antes mesmo dele acontecer, quando o bastão ainda está com uma de suas extremidades no chão e nos conformamos a ele antes de posicioná-lo em guarda  [ Gwan Jong 棍樁]. O Dok Gwan[度棍] acontece quando a situação ainda é fácil, e a partir dele, deixamos cada procedimento nos levar até a dificuldade, sabendo de antemão, que nós iremos superá-la.

Si Fu has invested a lot in a minimalist and at the same time effective expression of Kung Fu. He has spent many minutes each week with us so that we are more aware of the constraints than the effect. It's like helping us to see better through what is invisible in each component of the System.
The Dok Gwan[度棍] is the measurement we make with the staff in hand, it is the moment when we approach the shooting [Biu Gwan] even before it happens, when the staff is still with one of its ends on the ground and we conform to it before stationing it on guard [Gwan Jong 棍樁]. Dok Gwan[度棍] happens when the situation is still easy, and from there, we let each procedure lead us to difficulty.knowing in advance that we will overcome it.
[Com Si Fu em nosso querido hotel IBIS Congonhas em São Paulo, 2017]
[With Si Fu at our beloved IBIS Congonhas hotel in São Paulo, 2017]

Havíamos acabado de ter uma reunião numa pizzaria do Shopping Barra Garden com alguns discípulos, a Si Suk Ursula e o Si Fu. Era uma noite qualquer de Setembro de 2012, o projeto da enorme casa no Condomínio fechado não tinha saído como esperado, e Si Fu decidira retornar para o querido prédio Blue Sky com nosso Mo Gun. Enquanto descia as escadas do shopping, um irmão Kung Fu me disse algo não muito legal - Devido o momento que estávamos passando, ouvi aquilo com certa indignação mas não comentei nada... No ano seguinte porém, tive uma oportunidade de tocar no assunto. Si Fu teria dito uma coisa que me marcou muito - “...A casa por ser maior Thiago, nos ofereceria maiores possibilidades. A ideia era que discípulos pudessem morar lá, e acontecessem uma série de projetos... No Mo Gun antigo estavamos no limite da capacidade do local... Então mesmo numa situação difícil, achei que para crescer, precisávamos de um lugar maior...” - Concluiu Si Fu. 
Portanto ontem durante uma aula , Si Fu comentou sobre como devemos nos apoiar na propensão das coisas. Ele citou a ideia de deixar o bastão descer sozinho a partir da guarda, para que nos aproveitemos do peso dele para disparar. - “...Seria como a ideia da água, certo Si Fu?” - Indagou um irmão Kung Fu. - “...Eu prefiro o próprio 'homem'...” - Disse ele- “...Água não escolhe não ser água. A água não pode escolher não avançar, você pode...”
....

“E aí? Você acha que eu consigo?” - Ele me perguntou enquanto apoiava as mãos na cintura com um largo sorriso. Eu respondi que sim. E ele então perguntou: “E por que você não conseguiria?” - Ficamos em silencio admirando a casa. 
Lembrei-me desse diálogo voltando para casa ontem, porque somos nós que decidimos conseguir ou não. Desde que nos apoiemos na propensão das coisas, e cuidemos delas em seu estágio embrionário, como o DOK GWAN[度棍] 

We had just had a meeting at a pizzeria at Barra Garden Mall with some disciples, Si Suk Ursula and Si Fu. It was a random night in September 2012, the project for the huge house in the gated community had not gone as expected, and Si Fu had decided to return to the beloved Blue Sky building with our Mo Gun. While I was going down the stairs of the mall, a Kung Fu brother said to me something not so cool- Due to the moment we were going through, I heard that with some indignation but I didn't comment on anything .. The following year, however, I had an opportunity to bring up the subject. Si Fu would have said something that marked me a lot - “...The house, being bigger Thiago, would offer us greater possibilities. The idea was that disciples could live there, and a series of projects could happen... In the Mo Gun before that one, we were at the limit of the capacity of the place... So even in a difficult situation, I thought that in order to grow, we needed a bigger place... .” - Si Fu concluded.
So yesterday during a class, Si Fu commented on how we should lean on the propensity of things. He mentioned the idea of letting the staff come down by itself from the guard position, so that we can take advantage of its weight to shoot. - "... It would be like the idea of water, right Si Fu?" - Asked a Kung Fu brother of mine. - “...I prefer 'like a man' ...” - He said- “...Water does not choose not to be water. Water cannot choose not to move forward, you can...”
....

"So what? Do you think I can?” - He asked me while resting his hands on his hips with a wide smile. I replied yes. And he then asked: “And why wouldn’t you?” - We stood in silence admiring the house.
I remembered this dialogue returning home yesterday, because we decided to make it or not. As long as we rely on the propensity of things, and take care of them in their embryonic stage, like DOK GWAN[度棍]


A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Saam Gok Ma[三角馬] and Huen Ma[圈馬] - The obscure movements of Ving Tsun

Você pode tentar “brincar” de ser um praticante de artes marciais, se esconder atrás do que temos chamado de “combate simbólico”, para não se levantar e praticar... Um dia porém, e não precisará ser numa situação extrema, você vai ser convidado a mostrar o que vem fazendo, o que vem trabalhando...O que voce terá para mostrar?
Bom, costuma ser assim... E lá estava eu, de pé, diante dos postes de madeira que chamamos de Geuk Jong[腳樁]. Antes disso, quando levantei-me, não era só o Thiago que se levantava. Não... Ali era o “Si Hing Pereira”, “O Si Fu”, “O Mestre”, “O Líder de Família”.... Percebi então naqueles segundos enquanto todos olhavam com expectativa[foto acima], que quanto mais adentramos o círculo marcial, mais coisas nos tornamos... Porém, a única coisa que me incomoda ser, é  “o cara da Cultura chinesa”... 
Ali, eu queria mostrar para quem estivesse vendo e para mim mesmo, que eu sou mais do que isso... Eu não queria só executar os movimentos sem travar...Eu queria executá-los de uma maneira que ninguém ali, pensaria em executar.... Porque o dia que eu deixar de buscar ser o artista marcial, vou estar traindo o que eu vim buscar aos quatorze anos de idade...  - “Muita boa a estratégia!” - Disse Si Fu ao final da demonstração. -  “Contrariar o consenso... Consegui...” - Pensei. E um sentimento involuntário de satisfação me tomou... Afinal, a escolha da estratégia que usei para fazer os movimentos durante o  Geuk Jong[腳樁], foram inspirados em uma experiência que havia vivido muitos anos antes...

You can try to "play" at being a martial arts practitioner, hide behind what we have called "symbolic combat", so as not to get up and practice... One day however, and it won't have to be in an extreme situation, you will be invited to show what you've been doing, what you've been working on... What will you have to show?
Well, that's how it usually is... And there I was, standing in front of the wooden pillars  we call Geuk Jong[腳樁]. Before that, when I got up, it wasn't just Thiago who got up. No... There was "Si Hing Pereira", "O Si Fu", "The Master", "The Family Leader".... I realized then in those seconds while everyone looked expectantly [photo above], that as we enter deeper and deeper the martial arts circles, more things we become... However, the only thing that bothers me is being "the Chinese Culture guy"...
There, I wanted to show anyone who was watching and myself that I am more than that... I didn't just want to execute the movements without getting stuck... I wanted to execute them in a way that nobody there would think of execute.... Because the day I stop trying to be a martial artist, I'll be betraying what I came to look for when I was fourteen years old... - "A very good strategy!" - Said Si Fu at the end of the demonstration. - “Contrary to the consensus... I did it...” - I thought. And an involuntary feeling of satisfaction took over me... After all, the choice of strategy I used to make the movements during Geuk Jong[腳樁] was inspired by an experience I had lived many years before...

Em meados dos anos 2000, a minha Si Suk Ursula Lima [foto], trabalhava no Núcleo dirigido pelo meu Si Fu. Ela ainda não era uma Mestra, e atuava lá profissionalmente como uma gestora, sob a supervisão dele. Certa vez, ela me deu uma carona para a casa onde morava com minha mãe, e pouco antes de que eu pudesse descer do carro, ela perguntou se eu poderia assumir o trabalho com um irmão Kung Fu mais novo. Essas aulas aconteceriam nas tardes de Quinta e apenas eu estaria lá. Ela comentou que já havia tentado com outros dois tutores sem sucesso, mas que acreditava que eu poderia me dar bem com ele. Esse praticante tinha dezesseis anos de idade e estava praticando o Cham Kiu. Eu aceitei, mas sem saber como eu poderia ser de alguma ajuda, se as pessoas que tentaram antes eram bem mais experientes do que eu. 
Fui informado, que o trabalho a ser feito seria o “Chi Geuk[黐腳]”. Fui até o Mo Gun e encontrei esse rapaz. Estávamos apenas nós dois e resolvi fazer todo o trabalho em silencio. Não achei que tivesse nada de importante para acrescentar a ele, mas que poderia estar ali praticando, até que ele ficasse bom ou que me substituíssem por outra pessoa. O Si Fu dizia - “ ...Uma boa aula é dada em silencio...”. As semanas foram passando e ele não faltava, ninguém me substituía, e eu vi que o artifício do silencio estava se esgotando. 
Então numa noite de Terça, presenciei Si Fu explicando com muita clareza os conceitos de Saam Gok Ma[三角馬] e do Huen Ma[圈馬]. Pensando bem, não sei se ele estava falando para que eu ouvisse. Mas ele destrinchou o  “Chi Geuk[黐腳]” para aquelas praticantes que o ouviam, mas acredito que eu fosse o mais compenetrado da sala. Eu queria absorver cada detalhe, para poder fazer um trabalho mais consciente com meu irmão Kung Fu mais novo nas tardes de Quinta...  Eu havia tido acesso ao “Cham Kiu” em 2001, mas foi só ali sete anos depois que tomei consciencia do Saam Gok Ma[三角馬] e do Huen Ma[圈馬]. Eu achava que o “Chi Geuk[黐腳]” fosse apenas uma disputa de força...

In the mid-2000s, my Si Suk Ursula Lima [photo] worked at the School directed by my Si Fu. She was not yet a Master, and she acted there professionally as a manager, under his supervision. Once, she gave me a ride to the house where I used to live with my mother, and just before I could get out of the car, she asked if I could take over the job with a younger Kung Fu brother. These classes would take place on Thursday afternoons and only I would be there. She commented that she had already tried with two other tutors without success, but that she believed that I could get along with him. This practitioner was sixteen years old and was practicing Cham Kiu. I accepted, but not knowing how I could be of any help if the people who tried before were so much more experienced than I was.
I was informed, that the work to be done would be the “Chi Geuk[黐腳]”. I went to the Mo Gun and found this guy. It was just the two of us and I decided to do all the work in silence. I didn't think I had anything important to add to him, but that I could be there practicing until he got better or they replaced me with someone else. Si Fu used to say - "...A good class is conducted in silence...". The weeks went by and he was never absent, nobody replaced me, and I saw that the artifice of silence was wearing out.
So on a Tuesday night, I witnessed Si Fu very clearly explaining the concepts of Saam Gok Ma[三角馬] and Huen Ma[圈馬]. Now that I think about it, I don't know if he was speaking for me to hear. But he explained “Chi Geuk[黐腳]” to those practitioners who were listening to him, but I believe I was the most thoughtful in the room. I wanted to absorb every detail, to be able to do more conscious work with my younger Kung Fu brother on Thursday afternoons... I had access to “Cham Kiu” in 2001, but it was only there seven years later that I became aware of the Saam Gok Ma[三角馬] and Huen Ma[圈馬]. I thought “Chi Geuk[黐腳]” was just a contest of strength…
Anos depois, acreditei ao levantar para minha demonstração, que ninguém pensaria em executar a sequencia do Geuk Jong[腳樁] apenas usando Saam Gok Ma[三角馬] e Huen Ma[圈馬] naquela sala.  Pois estes dois movimentos que tem uma natureza de conformação com o que está a frente da sua perna, não necessitam que o pé saia do chão muito mais do que alguns centímetros, e todo o mundo geralmente pensa em chutar os postes. O Si Fu disse que “..Você pode fazer a sequencia de movimentos do Geuk Jong[腳樁] como você quiser, mas só tem um jeito certo de fazer...” - Ele me disse isso, num intervalo entre o final de uma manhã de prática e o almoço, durante um evento. Aquele foi o momento em que ele me deu acesso a esse aparelho, pois havia um na casa da Si Suk Ines Braconnot. Então, invocando a minha tomada de consciência naquele dia de 2008 e de todos os momentos com o querido Arion Lucas nas tardes de Quinta entre 2008 e 2010 e com demais praticantes que se seguiram. Fiz o melhor que pude para emendar Saam Gok Ma[三角馬] e  Huen Ma[圈馬] até que perdesse o engendramento...  
Como praticante, foi uma grande conquista, de um ciclo que se fechava. O ciclo do Saam Gok Ma[三角馬] e Huen Ma[圈馬]. Se eu tivesse dito “não” ao convite para cuidar do Arion, talvez não fosse capaz de fazer o que fiz... E se o Si Fu tivesse me dito cada detalhe de como trabalhar com o Arion, eu também não iria buscar por mim mesmo... Essa é a magia do Kung Fu. Um dia, uma vida.

Years later, I believed when I got up for my demo, that no one would think of performing the Geuk Jong[腳樁] sequence just using Saam Gok Ma[三角馬] and Huen Ma[圈馬] in that room. Because these movements have a nature of conformation with what is in front of your leg, not sheltering that the foot leaves the ground much more than a few centimeters, and everyone usually thinks about kicking the posts. Si Fu said that "...You can do the Geuk Jong[腳樁] movement sequence however you want, but there's only one right way to do it..." - He told me that, in a break between the end of a morning of practice and lunch during an event of our school in the early 2000's. That was the moment when he gave me access to this device, as there was one at Si Suk Ines Braconnot's house. So, invoking my awareness of that day in 2008 and of all the moments with the dear Arion Lucas on Thursday afternoons between 2008 and 2010 and with other practitioners that followed. I did my best to amend Saam Gok Ma[三角馬] and Huen Ma[圈馬] until I lost the engendering...
As a practictioner, it was a great achievement, of a cycle that ended. The cycle of Saam Gok Ma[三角馬] and Huen Ma[圈馬]. If I had said "no" to the invitation to take care of Arion, I might not have been able to do what I did... And if Si Fu had told me every detail of how to work with Arion, I wouldn't have gone looking for myself either really... That's the magic of Kung Fu. One day, one life.

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com.



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

THE SUPER EPIC CHINESE NEW YEAR OF MOY FAT LEI FAMILY AND FRIENDS

 

[Preparando a comida na cozinha]
[Preparing food in the kitchen]


- Este artigo foi escrito com a música 'Earth Song - Orchestral Version' por Akshay Sreeram'
- This article was written with the music 'Earth Song - Orchestral Version' by Akshay Sreeram'

Houveram épocas em que eu mal podia esperar pelo momento em que estaria no Mo Gun. Si Fu estava sempre por lá em diferentes horários do dia, saíamos para almoçar, jantar, e também podia contar com a presença de irmãos Kung Fu que se tornaram também algumas das minhas companhias favoritas... Paula Gama, Phelipe Pita, Gil Batista[Que ria de tudo] e tantos outros... Em outros momentos nas tardes de Quinta, tinham as filhas da Paula: A Anna e a Adda, que estavam acessando o 'Biu Ji' e que eu pude acompanhar desde o início auxiliando o Si Fu. Alguns anos depois, tinham os cafés da manhã no posto de gasolina com Si Fu, Thiago Silva e Carlos Antunes... Quando acabavamos íamos para o Mo Gun do outro lado da rua, que enchia bastante aos Sábados... Aqueles eram os dias de altas aventuras, que me faziam querer estar no Mo Gun vivendo aqueles momentos... 
Precisei errar muito, para que na última Sexta-feira tivéssemos um momento leve e divertido. Eu havia me comprometido com isso para esse ano, e nossa Celebração de Ano Novo desse ano, foi um primeiro passo importante...

There were times when I couldn't wait for the moment when I would be in Mo Gun. Si Fu was always there at different times of the day, we went out for lunch, dinner, and I could also count on the presence of Kung Fu brothers who also became some of my favorite companies... Paula Gama, Phelipe Pita, Gil Batista[ Who laughed at everything] and so many others... At other times on Thursday afternoons, there were Paula's daughters Anna and Adda,  who were accessing the 'Biu Ji' and that I was able to follow from the beginning helping Si Fu. A few years later, we used to have breakfast at the gas station with Si Fu, Thiago Silva and Carlos Antunes... When we finished we went to the Mo Gun across the street, which was very crowded on Saturdays... Those were the days of high adventures, that made me want to be in Mo Gun living those moments...
I had to make a lot of mistakes, so that last Friday we had a light and fun moment. I had committed to this for this year, and our New Year Celebration this year was an important first step...

Todos trabalharam com afinco e sem alarde, antes da celebração, para que no momento desta pudéssemos apenas curtir. Quando a noite começou, tive uma verdadeira aula sobre a apreciação de charutos com o meu aluno Ribeiro[A direita na foto acima]. Ribeiro costuma sempre ter um conhecimento a ser compartilhado, e eu gosto de ouvir. Também estiveram presentes o Pedro[no centro da foto] e seu filho Paulo Vitor. Paulo Vitor tem demonstrado uma animação inabalável pela prática do Ving Tsun, e seu pai Pedro o apóia incondicionalmente, assim como sua mãe. Observar o Paulo, me faz lembrar de quando minha mãe fazia o mesmo por mim na época do Judo. Com ou sem dinheiro, com ou sem chuva, eu queria apenas ir praticar, e minha mãe ia comigo. 

Everyone worked hard without making it a big thing, before the celebration, so that at the time of celebration we could just enjoy. As the evening began, I had a real class on cigar appreciation with my student Ribeiro[Right in the photo above]. Ribeiro usually always has knowledge to share, and I like to listen. Pedro [in the center of the photo] and his son Paulo Vitor were also present. Paulo Vitor has demonstrated an unshakable enthusiasm for the practice of Ving Tsun, and his father Pedro supports him unconditionally, as well as his mother. Observing Paulo reminds me of when my mother did the same for me in the Judo era. Money or no money, rain or no rain, I just wanted to go practice, and my mother went with me.

Tivemos presentes também o pequeno João, sua avó e sua mãe. O João é tão animado quanto o Paulo, porém ele vai além: Ele vai até algum Si Hing e pergunta porque ele nunca mais participou da aula dele. É bem divertido. Também tivemos presentes o Cayo que hoje mora bem longe, Matheus que começou bem novinho, e o Luiz Grativol[sorrindo ao fundo]. Luiz trouxe sua amiga de infância de Mangaratiba para o evento. E isso para mim é especial, pois mostra que o praticante julga o evento e o momento importantes o suficiente, para convidar alguém para compartilhar. 

We also had present there little João, his grandmother and his mother. João is as excited as Paulo, but he goes further: He goes to some Si Hing and asks why he never participated in his class again. It's pretty fun. We also had Cayo present who now lives far away, Matheus who started very young, and Luiz Grativol [smiling in the background]. Luiz brought his childhood friend from Mangaratiba Island[Where Stallone shooted 'Expendables'] to the event. And that for me is special, because it shows that the practitioner considers the event and the moment important enough to invite someone to share.
Um dos meus alunos mais antigos, Rodrigo Caputo, levou uma caixa de som portátil e como eu sou o Si Fu, obriguei a todos a ouvirem minha playlist de pop dos anos '80. Deixamos a música tocando baixo ao fundo, e o ambiente estava agradável, as pessoas estavam sorrindo e relaxadas. E foi quando chegou o Sebastião [de blusa amarela ao fundo]. Sebastião vem enfrentando uma série de desafios em sua vida, mas se esforçou para estar presente. São pequenos gestos bem valiosos.

One of my oldest students, Rodrigo Caputo, took a portable sound box and as I am the Si Fu, I made everyone listen to my pop playlist from the 80's. We left the music playing low in the background, and the atmosphere was pleasant, people were smiling and relaxed. And that's when Sebastião arrived [in the yellow shirt in the background]. Sebastião has been facing a series of work and health challenges, but he made an effort to be present. Those moves are very valuable small gestures.
Também estiveram presentes alguns irmãos Kung Fu como Thiago Silva, Rodrigo Moreira[que aparecem na foto acima] e Carlos Antonio. Também pude contar com a presença de alunos do curso de chines como a Carine. E alguns praticantes, trouxeram suas companheiras, como vemos na foto acima, a Thais que é esposa do José Carlos. 

Also present were some Kung Fu brothers such as Thiago Silva, Rodrigo Moreira[who appear in the photo above] and Carlos Antonio. I was also able to count on the presence of students from the Chinese course like Carine. And some practitioners brought their partners, as we can see in the photo above, Thais, who is José Carlos' wife.
Nesse quesito, é muito importante que nós artistas marciais, não sejamos desconectados da sociedade. Precisamos cultivar uma conduta estratégica perante a vida e seus desafios, sem notas de exotismo. Por isso, fiquei bem feliz de receber a Maria que é namorada do Lucas Eustáquio e a Liz, que é namorada do Daniel Eustáquio. A Liz parece ter vencido o premio de melhor prato da noite. Afinal, combinamos de cada pessoa levar um prato e uma bebida, e sua torta de limão estava sendo elogiada até ontem... Além das duas, foi muito surpreendente receber a outra Maria, a irmã do Lucas e do Daniel[de óculos entre a Liz e a Maria]. Eu vi a Maria ainda neném no colo da Dona Andréia quando ela levava o Lucas para a turma infantil e hoje ela está do meu tamanho... Por último, o próprio Lucas. Nenhum aluno esteve comigo desde o dia 1 da minha carreira ininterruptamente como o Lucas. Ainda assim, desde que deixou de ser criança, ele preferia se dedicar apenas as práticas e já faz um tempo que ele veio ressignificando isso. 

In this regard, it is very important that we as martial artists are not disconnected from society. We need to cultivate a strategic approach to life and its challenges, without hints of exoticism. Therefore, I was very happy to receive Maria, who is Lucas Eustáquio's girlfriend, and Liz, who is Daniel Eustáquio's girlfriend. Liz seems to have won the award for best dish of the night. After all, we agreed for each person to bring a meal and a drink, and her lemon cake was being praised until yesterday... In addition to the two, it was very surprising to receive the other Maria, the one who is Lucas and Daniel's sister [wearing glasses between Liz and Maria]. I saw Maria still a baby on Mrs Andréia's lap when she used to take Lucas to the kids class and nowadays she is my size... Finally, Lucas himself. No student has been with me since day 1 of my career uninterruptedly like Lucas. Even so, since he stopped being a child, he preferred to dedicate himself only to practices and it's been a while since he came to resignify that.
[Meu Si Fu enviou um vídeo no dia do evento. Na foto, o famoso Ano Novo onde todos estavam de amarelo e/ou vermelho, por orientação minha e eu fui o único de branco pois esqueci...Risos.  Acontece né..]

[My Si Fu sent a video on the day of the event. In the photo, the famous New Year where everyone was wearing yellow and/or red cloth, because I asked that for email and I was the only one in white because I forgot what I asked to...Laughter.
That Happens right..]

Quanto a mim, você podia me ver por ali conversando, contando alguma história repetida, rodando pelo recinto algumas vezes... Então eu lembrei do meu Si Fu. Como o Si Fu, você não pode esquecer nem por um momento o que você está fazendo ali... Voce precisa estar atento se tem alguém 'deslocado', se todos estão se servindo ou sendo servido, as vezes você entra no meio de uma conversa e começa a participar, fica atento para pressentir o momento de propor algo ou iniciar uma atividade que encaminhe o evento para o seu final... E muitas outras coisas...E em meio a isso tudo, se você não conseguir relaxar, você acaba com toda a proposta do evento... 
Para a excelência do meu Si Fu chegar até as próximas gerações, será um desafio constante e contínuo. Porém, acho que estamos conseguindo...  Os bons momentos voltaram...

As for me, you could see me talking around there, telling a repeated story, walking around the room a few times... Then I remembered my Si Fu. As a Si Fu, you cannot forget for a moment what you are doing there... You need to be aware if there is someone 'dislocated', if everyone is serving themselves or being served, sometimes you enter in the middle of a conversation and start to participate , stay alert to anticipate the moment to propose something or start an activity that will bring the event to an end... And many other things... And in the midst of all this, if you are unable to relax, you end up with all event spirit in the first place...
For the excellence of my Si Fu to reach the next generations, it will be a constant and continuous challenge. However, I think we're getting there... The goodtimes ate back...

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com.