quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

MASTER JULIO CAMACHO´S FIRST LECTURES IN RIO AFTER A YEAR

Recentemente olhei para meus pés sentado no Mo Gun, e vi meu par de tenis azuis da Nike que ganhara de presente de um To Dai. Então me percebi com minha calça jeans e uma camisa da Moy Yat Ving Tsun. Finalmente eu abri um sorriso, pois esta é uma das indumentárias que Si Fu usava muito em meados dos anos 2000 e mais tarde nem tanto. Então quando ontem estava com a mesma vestimenta e uma mochila de alça atravessada no peito, enquanto caminhava pelo pátio do Downtown. Achei graça novamente. Afinal, com tantos e tantos anos de convivência, acabamos por absorver muito da pessoa a quem somos próximos. Como a maneira de se vestir, a maneira de falar, os gestos que usamos, etc...
Acontece, que nem sempre absorvemos tudo. Alguns pontos que essa pessoa, no caso um Si Fu, passa para a gente. Desperta um certo desconforto pois exige a necessidade de mudança, de transformação. E em nossa pouca abertura para deixarmos para trás o que não nos serve mais. Nos tornamos especialistas em dar desculpas cada vez mais elaboradas para adiar mais uma vez esse processo. E ao Si Fu, só cabe esperar.

I recently looked at my feet sitting on the Mo Gun, and saw my pair of blue Nike sneakers that I had received as a gift from a To Dai. Then I found myself in my jeans and a Moy Yat Ving Tsun shirt. Finally I opened a smile, as this is an outfit that Si Fu wore a lot in the mid 2000s and later not so much. So when yesterday I was wearing the same outfit and a  bag with shoulder strap across my chest, while walking through the Downtown courtyard. I found it funny again. After all, with so many years of living together, we end up absorbing a lot of the person to whom we are close. Like the way of dressing, the way of speaking, the gestures we use, etc ...
It turns out, that we don't always absorb everything. Some points that this person, in the case of a Si Fu, passes on to us. It awakens a certain discomfort because it demands the need for change, for transformation. And in our little opening to leave behind what no longer serves us. We became experts in making ever more elaborate excuses to postpone those processes once again. And for a Si Fu, he can only wait.


Ao passar por um dos blocos do Shopping a céu aberto Downtown. Avistei o local onde Si Fu e membros da Família Kung Fu estavam tomando café[FOTO ACIMA]. Estava havendo uma conversa sobre como poderíamos nos aproveitar da situação que apresentou-se naturalmente a partir de uma colaboradora do estabelecimento. 
Então, era como nos velhos tempos: Percebi meu Si Fu Julio Camacho muito mais relaxado, porém atento. Mais tarde naquela noite, ele mesmo diria para mim na mesa de jantar, que nada mais era como três anos antes. Momento no qual ele tentava criar uma base, para suplantar sua ausência. 
Percebi rostos que não conhecia naquele momento, outros que voltavam depois de muito tempo e os de sempre. Foi um momento realmente agradável. 

When passing through one of the blocks of the Downtown Outdoor Mall. I spotted the place where Si Fu and members of the Kung Fu Family were having coffee [PHOTO ABOVE]. There was a conversation about how we could take advantage of the situation that arose naturally from an employee at the establishment.
So, it was like the old days: I realized my Si Fu Julio Camacho was much more relaxed, but attentive. Later that night, he himself would say to me at the dinner table, that it was nothing like three years before. Moment when he tried to create a base, to overcome his absence.
I noticed faces that I didn't know at the time, others that came back after a long time and the usual ones. It was a really nice moment.
[Si Fu durante animada conversa com os presentes]
[Si Fu during an exciting lecture with the present people]

Ao adentrar o espaço da sede, parei por alguns momentos próximo a porta de entrada. Era a primeira vez que pisava ali, apesar de muito trabalho já ter sido realizado. É comum um Si Fu passar muito tempo preparando um To Dai, e quando este To Dai está pronto para ajudar em alto nível. Também é hora dele ir viver sua própria história. Eu sou um desses caras. E parado ali na porta, vi que ainda tinha muita coisa a ser feita e que eu poderia estar dando a diferença. Mas naqueles poucos segundos, não consegui pensar em como fazer isso nesse momento em termos de agenda. Sentei-me ao fundo, próximo a janela, pois batia um vento vindo lá de fora. Olhei ao redor, vi algumas coisas ainda desmontadas numa sala. Realmente foi evento de duas camadas para mim: Como seguir com minha própria trajetória profissional em duas áreas, sem deixar de dar a diferença neste local que chamamos de Sede do Clã Moy Jo Lei Ou? Parece-me então que houve ontem uma tomada de consciência. 

When I entered the space of our new Mo Gun, I stopped for a few moments near the entrance door. It was the first time that I stepped there, although much work had already been done. It is common for a Si Fu to spend a lot of time preparing a To Dai, and when this To Dai is ready to help at a high level. It is also time for him to go live his own story. I am one of those guys. And standing there at the door, I saw that I still had a lot to do and that I could be making a difference. But in those few seconds, I couldn't think of how to do that right now in terms of my schedule. I sat in the back, next to the window, because there was a wind coming from outside. I looked around, saw some things still dismantled in a small room. It really was a two-layer event for me: How to follow my own professional career in two areas, while making a difference in this place that we call the  Moy Jo Lei Ou Clan Headquarters?It seems to me then that there was an awareness yesterday.
Durante um colóquio despretensioso, Si Fu parecia apresentar de maneira bem elementar. Alguns dos conceitos que provavelmente está estudando e se aprofundando. E com isso, naturalmente darão o tom das interações em nossa Família Kung Fu nos próximos meses, talvez anos. 
Daquilo que foi dito, quero destacar o trecho que me inspirou na primeira parte deste artigo: Si Fu comentou sobre a ideia de “Crise“ dentro do que chamamos de “Vida Kung Fu“, ser um processo simbólico. Enquanto que em nossas vidas, passa a ser um processo real. E assim, ele comentou sobre a importância de nos permitirmos estarmos abertos para vivenciar estas experiências no campo do simbólico. Afinal, a trajetória dentro do Sistema Ving Tsun segundo ele, é muito menos complexa do que as nossas vidas cotidianas e seus desafios. 
Encerramos a noite em um animado jantar onde temas variados surgiram. A carne estava deliciosa! Transitamos entre temas e lembranças divertidas e curiosidades dos EUA e viagens. E enquanto caminhava com Si Fu , Claudio e João em direção ao meu carro. Num tom mais sério e assertivo, Si Fu pontuava alguns “furos“ sugerindo que a percepção dos mesmos e seus respectivos ajustes fossem feitos de imediato a partir do momento em que fossem tomadas notas do que acontecia e poderia melhorar. 
Deixei Si Fu no local em que está hospedado e após deixar João no ponto de ônibus fui para casa ouvindo os áudios de um To Dai que precisava de ajuda em uma questão sua. Então em um simples momento eu virava o botão de To Dai para Si Fu novamente. O trabalho parece nunca parar, mas quando finalmente finalizei o tema do meu To Dai. Coloquei a música “Tougher than the rest“ do Bruce Springsteen no som do carro, e cruzando da Zona Oeste a Zona Norte, refleti sobre tudo...

During an unpretentious colloquium, Si Fu seemed to present in a very elementary way. Some of the concepts that he is probably studying and going deeper. And with that, those subjects will naturally set the tone for the interactions in our Kung Fu Family in the coming months, perhaps years.
From what has been said, I want to highlight the passage that inspired me in the first part of this article: Si Fu commented on the idea of ​​“Crisis” within what we call “Kung Fu Life“, being a symbolic process. While in our lives, it becomes a real process. And so, he commented on the importance of allowing ourselves to be open to live these experiences in the symbolic field. After all, the trajectory within the Ving Tsun System, according to him, is much less complex than our daily lives and its challenges.
We ended the night at a lively dinner where varied themes emerged. The meat was delicious! We move between fun themes and memories and curiosities from the USA and traveling. And while walking with Si Fu, Claudio and João towards my car. In a more serious and assertive tone, Si Fu punctuated some “holes” suggesting that its perception and the respective adjustments should be made immediately from the moment when notes were taken of what happened and could improve.
I left Si Fu at the place where he is staying and after leaving João at the bus stop I went home listening to the whatsapp audios of a To Dai who needed help on a matter of his own. Then in a single moment I turned the To Dai button to Si Fu again. The work never seems to stop, but when I finally finished the theme of my To Dai. I put the song "Tougher than the rest" by Bruce Springsteen on the car stereo, and crossing from the West Zone to the North Zone, I reflected on everything ...


The Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira “Moy Fat Lei“
moyfatlei.myvt@gmail.com