sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

SI FU TIES A KNOT IN A DROP OF WATER.

 

Existe um fundamento muito importante no Sistema Ving Tsun, que é a ideia de “ficar de frente”, como diz o provérbio marcial inscrito em pedra pelo Si Taai Gung - “Jung Sin Dui Ying”. Passamos o primeiro Domínio inteiro chamado “Siu Nim Tau” de frente para nosso adversário em uma base estacionária. Mesmo assim, quando os primeiros golpes começam a entrar e a incomodar, nossa tendencia natural é contrair o corpo, prender a respiração, tensionar além do necessário, tensionar partes do corpo que não precisamos naquele instante... Tudo isso, porque mesmo o “combate simbólico” quando carrega uma marcialidade na medida adequada ao praticante, faz aflorar o que estava encoberto. 
Quando chegamos no Domínio “Mui Fa Jong”, seja o toque com as mãos no oponente, ou o toque “verbal”, quando te chamam a atenção, entram com mais intensidade. As demandas, por vezes parecem muitas também - “...Você joga um monte de coisa na pessoa e ela tem que aprender a lidar com isso...” - Teria dito meu Si Gung Leo Imamura certa vez. 
Meu Si Fu me disse certa vez, que nesse Domínio, as pessoas começam a aparecer com compromissos que segundo elas a impedem de estarem presentes, mas principalmente começam a se lesionar - “É bem engraçado!” - Disse ele com um sorriso - “...A pessoa começa a aparecer com algum problema de saúde, que a impede de praticar... ” - Comentou ele, como se falasse de um fenômeno sobrenatural das pessoas que tem resistência as frustrações causadas por esse Domínio, e acabam por expressar isso no corpo.

There is a very important foundation in the Ving Tsun System, which is the idea of "facing", as the martial proverb inscribed in stone seal by Si Taai Gung says - "Jung Sin Dui Ying". We pass the first entire Domain called “Siu Nim Tau” facing our opponent in a stationary stance. Even so, when the first blows start to come in and bother us, our natural tendency is to contract the body, hold our breath, tense beyond what is necessary, tense parts of the body that we don't need at that moment... All of this, because even the “ symbolic combat” when it carries a martiality in the appropriate measure for the practitioner, it brings out what was hidden.
When we arrive at the “Mui Fa Jong” Domain, whether it's the touch with the hands on the opponent, or the “verbal” touch, when someone calls your attention, they enter with more intensity. The demands sometimes seem too many - "...You throw a lot of things at the person and he has to learn to deal with it..." - My Si Gung Leo Imamura would have said once.
My Si Fu once told me that in this Domain, people start to show up with appointments that according to them prevent them from being present, but mainly they start to get injured - "It's very funny!" - He said with a smile - "...The person starts to appear with some health problem, which prevents him from practicing..." - He commented, as if he were talking about a supernatural phenomenon of people who have resistance to the frustrations caused by that Domain, and end up expressing it in the body.


Nessas horas, não podemos esquecer do princípio básico : Não importa qual o desafio que você esteja enfrentando, você não pode fugir. Você tem que encarar de frente. Até mesmo para se decidir, se for o caso, a fazer uma “retirada estratégica”. Na hora da prática, você pode simplesmente perguntar ao seu companheiro de prática: “Ei cara, quer beber um pouco de água?” - Você não está com sede, mas vai aproveitar aqueles momentos para refletir sobre o que pode ser ajustado e melhorado, inclusive perguntando ao seu adversário.  Essa é mais uma vantagem do “combate simbólico”: Você pode tentar quantas vezes você quiser. Você pode trabalhar sua assertividade, para que no mundo real, você não cometa erros. Lá não terá uma segunda chance na maioria das vezes.

At these times, we cannot forget the basic principle: No matter what challenge you are facing, you cannot run away. You have to face it head on. Even to decide, if necessary, to make a “strategic withdrawal”. At practice time, you can simply ask your practice buddy, “Hey man, want to drink some water?” - You are not thirsty, but you will take advantage of those moments to reflect on what can be adjusted and improved, including asking your opponent. This is yet another advantage of “symbolic combat”: You can try as many times as you like. You can work on your assertiveness, so that in the real world, you don't make mistakes. There won't be a second chance most of the time.
Quando nos disponibilizamos a aceitar, fazer uso e nos apoiarmos em tudo o que é jogado sobre nós pela vida, paramos de nos assustar. - “...'Me assustei' não parece uma fala apropriada para um artista marcial...” - Me disse Si Fu por vezes, e de diferentes maneiras ao longo dos anos. Devemos aceitar o que vem, e deixar passar o que se vai. Algo aproximado ao “provérbio marcial”[Kuen Kuit] “LOI LAU HUI SUNG”.
Caso não consigamos desenvolver essa atitude mental, o processo com as armas no Sistema Ving Tsun poderá ser bem penoso. 

When we make ourselves available to accept, use, and lean on whatever is thrown at us by life, we stop being scared. - “...'I got scared' doesn't seem like an appropriate line for a martial artist...” - Si Fu told me sometimes, and in different ways over the years. We must accept what comes, and let pass what goes. Something close to the “martial proverb” [Kuen Kuit] “LOI LAU HUI SUNG”.
If we fail to develop this mental attitude, the process with weapons in the Ving Tsun System can be very painful.


 Na nossa Família, Si Fu nos incentiva a não gastar energia no que não é necessário. Ele é nosso maior exemplo, de que com a atitude correta, é possível resolver qualquer coisa. Si Suk Ursula disse certa vez, que ele parece ser capaz de “dar nó em pingo d'água”. Porém, mais do que sua habilidade de terminar com o que começou, é que ele faz isso tudo sem dar desculpas, e sem parecer estar sofrendo. Isso nos ajuda a entender, que mesmo quando conseguimos resolver uma demanda, podemos ainda nesse momento de aparente “sucesso”, nos perguntar o quão sofrido ou doído foi todo o processo. Graças ao exemplo do Si Fu.

In our Family, Si Fu encourages us not to waste energy on what is not necessary. He is our greatest example, that with the right attitude, it is possible to solve anything. Si Suk Ursula once said that he seems to be able to “tie a knot in a drop of water”. But more than his ability to finish what he started is that he does it without making excuses, and without appearing to be suffering. This helps us to understand that even when we manage to resolve a demand, we can still, in that moment of apparent “success”, ask ourselves how much suffering or pain the whole process was. Thanks to Si Fu's example.

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com