quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

TWO EPIC VING TSUN SEMINARS IN RIO

Um dia eu estava ali com dezoito anos tendo os primeiros contatos com o “Biu Ji” e o “Mui Fa Jong”, e em um piscar de olhos de vinte anos, eu me vi a frente de dezenas de pessoas falando sobre estes dois Domínios do Sistema Ving Tsun, que representam os Níveis Avançados e Superior Inicial em nosso Sistema. Esse foi um desafio que me propus, pois eu passei a ter uma atenção maior com o tempo que eu tenho de vida... Eu percebi de alguma maneira, que não tenho todo o tempo do mundo... E do tempo que tenho, não consigo saber como estarei nos meus anos finais...Por isso, aproveitar cada segundo para deixar a nossa marca e elevar o trabalho que fazemos a um outro nível, acredito ser fundamental. Afinal, um bom trabalho, dura além do nosso tempo de vida...

One day I was there at the age of eighteen having my first contacts with “Biu Ji” and “Mui Fa Jong”, and in the blink of an eye of twenty years, I found myself in front of dozens of people talking about these two Domains of the Ving Tsun System, which represent the Advanced and Higher Initial Levels in our System. This was a challenge I set myself, because I started to pay more attention to the time I have in life... I somehow realized that I don't have all the time in the world... And of the time I have, I can't know how I will be in my final years... Therefore, taking advantage of every second to leave our mark and take the work we do to another level, I believe is fundamental. After all, a good job lasts beyond our lifetime...
Quando sentei-me para o café da manhã no dia do primeiro encontro referente ao “Biu Ji”, eu já havia me preparado bastante. Sabia que ali estariam pessoas com quase duas décadas de prática, e se elas se disponibilizaram para passar algumas horas comigo, ouvindo o que eu tinha a considerar sobre esse tema, não podia ser qualquer coisa....
A preparação para esse tipo de evento é sempre muito divertida, quando começo a juntar todas as minhas anotações e criar o plano de aula, tem um momento em que algo me diz que vai ser incrível... Quando isso acontece, eu começo a acelerar o que estou fazendo... Começo a lembrar de outros tópicos importantes ou mais impactantes ainda... E depois disso, fico ansioso para poder começar a compartilhar tudo o que foi preparado...

When I sat down to breakfast on the day of the first seminar regarding “Biu Ji”, I had already prepared myself a lot. I knew that there would be people with almost two decades of practice, and if they were willing to spend a few hours with me, listening to what I had to consider on this topic, it couldn't be just anything....
Preparing for this type of event is always so much fun, when I start gathering all my notes and creating a lesson plan, there's a moment when something tells me it's going to be amazing... When that happens, I start to accelerate the pace in what I'm doing... I start remembering other important or even more impactful topics... And after that, I'm anxious to be able to start sharing everything that was prepared...

O fato de se tratar de uma arte marcial, não necessariamente implica que haja prática... Podemos abordar um Sistema de Kung Fu de várias maneiras, mas nesse dia eu sabia que seria importante ter... Eu queria que me interrompessem, e que eu não conseguisse chegar até o ultimo slide... Acreditava, que se o conteúdo estivesse envolvente e interessante, surgiriam perguntas, e estas não me deixariam entrar no que planejei... 

The fact that it is a martial art does not necessarily imply that there is practice... We can approach a Kung Fu System in many ways, but that day I knew it would be important to have... I wanted to be interrupted, and that I couldn't get to the last power point slide... I believed that if the content was engaging and interesting, questions would arise, and these wouldn't let me get into what I planned...
Você muda o tom de voz, o volume do que está falando, conta alguma história engraçada, e com esses recursos você vai prendendo a atenção do público pelas horas de maneira orgânica. - “Passou rápido!”-  ou ainda -  “Nem vi a hora passar!” - Esse tipo de “Feedback ” que porta uma relato de “tempo emocional”[Aquele que percebemos sua passagem de acordo com nosso sentimento], era a prova final de que tinha sido um bom trabalho.
Eu, tão pouco, tinha um objetivo. Sabia apenas, que dependendo de como conduzisse, poderia provocar sentimentos como um praticante que fica incomodado com o tanto que nossa Família tem a oferecer e ele nunca tinha se dado conta, e mesmo já avançado no Sistema, se desse conta de que poderia estar bem mais longe em termos de entendimento...

You change the tone of voice, the volume of what you're talking about, tell a funny story, and with these resources you'll capture the audience's attention for hours in an organic way. - "It went by fast!" - or - "I didn't even see the time go by!" - This type of “Feedback” that carries a report of “emotional time” [The one that we perceive its passage according to our feeling], was the final proof that it had been a good job.
I, so little, had a goal. I only knew that depending on how I conducted it, it could provoke feelings like a practitioner who is uncomfortable with so much that our Family has to offer and he had never realized, and even advanced in the System, if he realized that he could be fine further in terms of understanding...

 Pouco tempo depois, lá estava eu novamente só que agora falando sobre “Muk Yan Jong” e com pessoas de fora, praticantes de outras artes marciais... Por estar em outra fase do Sistema, a abordagem sobre este Domínio muda completamente. Foi necessário fazer esse Encontro em duas ocasiões diferentes... E mesmo um dia após o jogo do Brasil, todos estavam lá bem cedo e inteiros para as longas horas que se seguiram... - “Nem vi a hora passar!” - Alguém disse ao final... - “Peguei eles!” - Pensei.

A short time later, there I was again, only now talking about “Muk Yan Jong” and with outsiders, practitioners of other martial arts... As I am in another phase of the System, the approach to this Domain changes completely. It was necessary to hold this meeting on two different occasions... And even one day after the Brazil game in World Cup, everyone was there very early and in one piece for the long hours that followed... - "I didn't see the time go by!" - Someone said at the end... - “I got them!” - I thought.
Por alguma razão misteriosa, ao final do primeiro dia do Encontro sobre o boneco de madeira, eu fiquei bem emocionado. Você tem alguma ligação com um lugar ou local? Bom, eu tenho... As vezes quando as coisas vão mal ou estão difíceis, eu pego meu carro e vou até esse local. Dou algumas voltas pelo bairro, e é como se tudo ficassem bem novamente. Mas naquele dia, eu estava tão bem, que me vi em direção a Rocha Miranda... Era um final de tarde muito bonito, e eu me senti muito realizado. Sabe, é difícil de explicar... Eu vejo muito o “dever”, mas eu gosto muito do que faço... “Gostar”, na maioria das vezes envolve um sentimento infantil... Mas eu não me preocupo, aquilo que tenho o dever de preservar, também é o que mais gosto de fazer, então eu não confundo... 
Quando parei o carro numa calçada empoeirada de Rocha Miranda, e as pessoas passavam como se estivessem em câmera lenta indo em direção ao centro do bairro... Levantei meus óculos escuros e vi aquele céu meio violeta sobre as casas com pinturas descascadas... Resolvi mandar uma mensagem de aúdio para o meu Mestre Julio Camacho para agradecer por tudo... Pois sabia que absolutamente tudo o que havia compartilhado naquele dia, vinha do que aprendi com ele...

For some mysterious reason, at the end of the first day of the Wooden Dummy Meeting, I was quite emotional. Do you have any connection with a place or location? Well, I have... Sometimes when things are bad or difficult, I get in my car and drive to this location. I take a few laps around the neighborhood, and it's like everything's all right again. But that day, I felt so good that I found myself heading towards Rocha Miranda[My special place]... It was a very beautiful late afternoon, and I felt very fulfilled. You know, it's hard to explain... I see the "duty" a lot, but I like what I do a lot too... "To like", most of the time involves a childish feeling... But I don't worry, what I have a duty to preserve it, it's also what I like to do the most, so I don't get confused...
When I stopped the car on a dusty sidewalk in Rocha Miranda, and people were passing by as if they were in slow motion heading towards the center of the neighborhood... I lifted my sunglasses and saw that purple sky over the houses with peeling paint... I decided to send an audio message to my Master Julio Camacho to thank him for everything... Because I knew that absolutely everything I had shared that day came from what I learned with him...
É difícil de explicar... Mas quando somos éticos com o tempo que temos, e fazemos as coisas com o coração, as pessoas percebem... E nós nos sentimos preenchidos. É mais ou menos isso...
Eu fechei meu carro, e aproveitei o final da tarde no meu lugar especial... E abri um sorriso enquanto caminhava...

It's hard to explain... But when we're ethical with the time we have, and we do things with our hearts, people notice... And we feel fulfilled. That's more or less it...
I closed my car, and enjoyed the late afternoon in my special place... Rocha Miranda wild neighborhood...And I was smiling as I walked away...

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com




 

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

LEO, THE HIGH LEVEL LOW PROFILE



 
Seja pelo fato de ter feito “Baai Si” e ter continuado no “jogo”, ou simplesmente por estar seguindo um “Si Fu” por mais de duas décadas como membro de sua Família Kung Fu. Seja lá qual for a expressão dessa pessoa dentro do círculo marcial, ela estará representando não só a si mesmo mas também o seu próprio Si Fu. 
Si Hing Leonardo por décadas, frequentava o Mo Gun semanalmente de uma a duas vezes. Nesses momentos em que esteva presente, se entregava de coração ao que para ele era o mais importante:  A transmissão do Sistema Ving Tsun. E isso, ninguém pode negar...  O que ele perdeu focando na transmissão e aperfeiçoamento técnico mais do que qualquer outra coisa, nunca saberemos - “Eu sei que voce deve ter ficado chateado muitas vezes comigo, mas foi uma escolha minha não participar...”- Teria dito ele a mim em um dos nossos cafés após as práticas. 

Either because of having done “Baai Si” and having continued in the “game”, or simply because have been following a “Si Fu” for more than two decades as a member of his Kung Fu Family. Whatever that person's expression is within the martial circle, he will be representing not only himself but also his own Si Fu.
Si Hing Leonardo for decades, attended Mo Gun weekly once or twice. In those moments when he was present, he gave himself wholeheartedly to what was most important to him: the transmission of the Ving Tsun System. And that, no one can deny... What he lost by focusing on transmission and technical improvement more than anything else, we'll never know - “I know you must have been upset with me many times, but it was my choice not to participate. ..”- He would have said to me in one of our cafes after practices.


O foco do Si Hing Leonardo é presente em outros campos de sua vida... No caso de seu famoso livro “Storm Dragons ”, ele não se preocupou em escrever outros livros, ele buscou aperfeiçoar sua obra ao limite a partir dos “ feedbacks” de leitores e amigos. Com isso, surpreendeu a todos com a versão em ingles, que eu particularmente achei bem melhor do que a original em português.
O livro, que ainda se encontra a venda na AMAZON, mostra que o Si Hing é acima de qualquer coisa, um “crafter”. Ele esmiúça de um jeito muito particular o Sistema Ving Tsun, fazendo com que transcenda o entendimento de toda a Família Moy Jo Lei Ou somada. 

Si Hing Leonardo's focus is present in other fields of his life... In the case of his famous book "Storm Dragons", he did not bother to write other books, he sought to improve his work to the limit from the "feedbacks" of readers and friends. With that, he surprised everyone with the English version, which I particularly thought was much better than the original in Portuguese.

The book, which is still for sale on AMAZON, shows that Si Hing is above all else, a “crafter”. He breaks down the Ving Tsun System in a very particular way, making it transcend the understanding of the entire Moy Jo Lei Ou Family together.

Ter alguém como o Si Hing Leonardo como discípulo, deve ser um grande desafio. Por ser um homem feito, sua família, ele faz escolhas muito conscientes entendendo o que é importante para ele. Por muitas vezes, não compreendíamos seu “caminho paralelo” a organização de um evento. O que talvez não compreendêssemos, era que ele fazia suas escolhas e as bancava. Algo que Si Fu fala muito sobre “marcialidade”, que é a importância de fazer a gestão de nossas escolhas. 
Outro desafio, é sua perspicácia com relação ao Sistema Ving Tsun, mas nosso Si Fu é extremamente inteligente também, e em momentos como esse eu me via perdido na sala como se presenciasse dois adultos conversando. E talvez fosse o caso...

Having someone like Si Hing Leonardo as a disciple must be a great challenge. Being a grown man, his family, he makes very conscious choices understanding what is important to him. Many times, we did not understand his “parallel path” while we were organizing an event. What perhaps we didn't understand was that he made his choices and paid for them. Something that Si Fu talks a lot about "martiality", which is the importance of managing our choices.

Another challenge is his perspicacity regarding the Ving Tsun System, but our Si Fu is extremely intelligent too, and at times like this I found myself lost in the room as if I were witnessing two adults talking. And maybe that was the case...


Por muitas vezes, pensei que os membros de uma Família Kung Fu deveriam ser parecidos.  Hoje vejo que me enganei. A diversidade é muito bem vinda, e descobrir quem nós somos e bancar isso, faz parte do percurso. Segundo Si Fu, quando não elaboramos bem quem nós somos, temos a tendência de imitar o modelo mais próximo que temos. Então de certa forma, a jornada do Si Hing Leonardo sempre foi muito solitária por falta de um par. Ninguém se dedicou tanto quanto ele a prática, e depois ele ficou longe demais para nos equipararmos. 

For many times, I thought that members of a Kung Fu Family should look alike. Today I see that I was wrong. Diversity is very welcome, and discovering who we are and supporting it is part of the journey. According to Si Fu, when we don't elaborate well who we are, we tend to imitate the closest model we have. So in a way, Si Hing Leonardo's journey has always been very lonely for lack of a partner. No one put in as much practice as he did, and then he got too far behind for us to match.
Existe uma pergunta que pode ser feita para casos assim: “O Daai Si Hing é muito bom tecnicamente, e aí? O que se faz com essa habilidade?” - Bom, convivendo com ele nos últimos dois anos, posso perceber uma presença muito forte quando estamos juntos. Si Hing Leonardo se tornou alguém muito afiado, se tornou mais minimalista, mudou completamente seu estilo de vida, e utilizando-se do manejo das facas que tanto o intriga e o diverte, toma as decisões com muita precaução. 

There is a question that can be asked for cases like this: “The Daai Si Hing is very good technically, so what? What does he do with that skill?” - Well, spending time with him in the last two years weekly, I can perceive a very strong presence when we are together. Si Hing Leonardo became someone very sharp, became more minimalist, completely changed his lifestyle, and using the handling of knives that both intrigues and amuses him, he makes decisions with great caution.
Acho que o Si Hing Leonardo é o grande exemplo vivo da importância do trabalho do Si Fu: Ele segue seu próprio caminho, é firme em seus princípios, se tornou extremamente inteligente, é um homem feito , sabe o que é mais importante para ele, e defende isso. E ao mesmo tempo em que é tão parecido com Si Fu, é muito diferente também.
Esse é o Daai Si hing da Família Moy Jo Lei Ou, um apaixonado pelo Sistema Ving Tsun nos últimos 25 anos... Alguém que não parece dar muita importancia ao título de Mestre, mas que o ostenta a cada movimento. O homem que realizou o sonho de toda uma geração, e se tornou o número 1. Parabéns, Si Hing! Feliz aniversário!

I think Si Hing Leonardo is the great living example of the importance of Si Fu's work: He follows his own path, is firm in his principles, has become extremely intelligent, is a grown man, knows what is most important to him, and defend it. And while he is so similar to Si Fu, they are also very different.
This is the Daai Si hing of the Moy Jo Lei Ou Family, passionate about the Ving Tsun System for the last 25 years... Someone who doesn't seem to attach much importance to the title of Master, but who flaunts it with every movement. The man who fulfilled the dream of an entire generation, and became number 1. Congratulations, Si Hing! Happy Birthday!


  

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

SI FU TIES A KNOT IN A DROP OF WATER.

 

Existe um fundamento muito importante no Sistema Ving Tsun, que é a ideia de “ficar de frente”, como diz o provérbio marcial inscrito em pedra pelo Si Taai Gung - “Jung Sin Dui Ying”. Passamos o primeiro Domínio inteiro chamado “Siu Nim Tau” de frente para nosso adversário em uma base estacionária. Mesmo assim, quando os primeiros golpes começam a entrar e a incomodar, nossa tendencia natural é contrair o corpo, prender a respiração, tensionar além do necessário, tensionar partes do corpo que não precisamos naquele instante... Tudo isso, porque mesmo o “combate simbólico” quando carrega uma marcialidade na medida adequada ao praticante, faz aflorar o que estava encoberto. 
Quando chegamos no Domínio “Mui Fa Jong”, seja o toque com as mãos no oponente, ou o toque “verbal”, quando te chamam a atenção, entram com mais intensidade. As demandas, por vezes parecem muitas também - “...Você joga um monte de coisa na pessoa e ela tem que aprender a lidar com isso...” - Teria dito meu Si Gung Leo Imamura certa vez. 
Meu Si Fu me disse certa vez, que nesse Domínio, as pessoas começam a aparecer com compromissos que segundo elas a impedem de estarem presentes, mas principalmente começam a se lesionar - “É bem engraçado!” - Disse ele com um sorriso - “...A pessoa começa a aparecer com algum problema de saúde, que a impede de praticar... ” - Comentou ele, como se falasse de um fenômeno sobrenatural das pessoas que tem resistência as frustrações causadas por esse Domínio, e acabam por expressar isso no corpo.

There is a very important foundation in the Ving Tsun System, which is the idea of "facing", as the martial proverb inscribed in stone seal by Si Taai Gung says - "Jung Sin Dui Ying". We pass the first entire Domain called “Siu Nim Tau” facing our opponent in a stationary stance. Even so, when the first blows start to come in and bother us, our natural tendency is to contract the body, hold our breath, tense beyond what is necessary, tense parts of the body that we don't need at that moment... All of this, because even the “ symbolic combat” when it carries a martiality in the appropriate measure for the practitioner, it brings out what was hidden.
When we arrive at the “Mui Fa Jong” Domain, whether it's the touch with the hands on the opponent, or the “verbal” touch, when someone calls your attention, they enter with more intensity. The demands sometimes seem too many - "...You throw a lot of things at the person and he has to learn to deal with it..." - My Si Gung Leo Imamura would have said once.
My Si Fu once told me that in this Domain, people start to show up with appointments that according to them prevent them from being present, but mainly they start to get injured - "It's very funny!" - He said with a smile - "...The person starts to appear with some health problem, which prevents him from practicing..." - He commented, as if he were talking about a supernatural phenomenon of people who have resistance to the frustrations caused by that Domain, and end up expressing it in the body.


Nessas horas, não podemos esquecer do princípio básico : Não importa qual o desafio que você esteja enfrentando, você não pode fugir. Você tem que encarar de frente. Até mesmo para se decidir, se for o caso, a fazer uma “retirada estratégica”. Na hora da prática, você pode simplesmente perguntar ao seu companheiro de prática: “Ei cara, quer beber um pouco de água?” - Você não está com sede, mas vai aproveitar aqueles momentos para refletir sobre o que pode ser ajustado e melhorado, inclusive perguntando ao seu adversário.  Essa é mais uma vantagem do “combate simbólico”: Você pode tentar quantas vezes você quiser. Você pode trabalhar sua assertividade, para que no mundo real, você não cometa erros. Lá não terá uma segunda chance na maioria das vezes.

At these times, we cannot forget the basic principle: No matter what challenge you are facing, you cannot run away. You have to face it head on. Even to decide, if necessary, to make a “strategic withdrawal”. At practice time, you can simply ask your practice buddy, “Hey man, want to drink some water?” - You are not thirsty, but you will take advantage of those moments to reflect on what can be adjusted and improved, including asking your opponent. This is yet another advantage of “symbolic combat”: You can try as many times as you like. You can work on your assertiveness, so that in the real world, you don't make mistakes. There won't be a second chance most of the time.
Quando nos disponibilizamos a aceitar, fazer uso e nos apoiarmos em tudo o que é jogado sobre nós pela vida, paramos de nos assustar. - “...'Me assustei' não parece uma fala apropriada para um artista marcial...” - Me disse Si Fu por vezes, e de diferentes maneiras ao longo dos anos. Devemos aceitar o que vem, e deixar passar o que se vai. Algo aproximado ao “provérbio marcial”[Kuen Kuit] “LOI LAU HUI SUNG”.
Caso não consigamos desenvolver essa atitude mental, o processo com as armas no Sistema Ving Tsun poderá ser bem penoso. 

When we make ourselves available to accept, use, and lean on whatever is thrown at us by life, we stop being scared. - “...'I got scared' doesn't seem like an appropriate line for a martial artist...” - Si Fu told me sometimes, and in different ways over the years. We must accept what comes, and let pass what goes. Something close to the “martial proverb” [Kuen Kuit] “LOI LAU HUI SUNG”.
If we fail to develop this mental attitude, the process with weapons in the Ving Tsun System can be very painful.


 Na nossa Família, Si Fu nos incentiva a não gastar energia no que não é necessário. Ele é nosso maior exemplo, de que com a atitude correta, é possível resolver qualquer coisa. Si Suk Ursula disse certa vez, que ele parece ser capaz de “dar nó em pingo d'água”. Porém, mais do que sua habilidade de terminar com o que começou, é que ele faz isso tudo sem dar desculpas, e sem parecer estar sofrendo. Isso nos ajuda a entender, que mesmo quando conseguimos resolver uma demanda, podemos ainda nesse momento de aparente “sucesso”, nos perguntar o quão sofrido ou doído foi todo o processo. Graças ao exemplo do Si Fu.

In our Family, Si Fu encourages us not to waste energy on what is not necessary. He is our greatest example, that with the right attitude, it is possible to solve anything. Si Suk Ursula once said that he seems to be able to “tie a knot in a drop of water”. But more than his ability to finish what he started is that he does it without making excuses, and without appearing to be suffering. This helps us to understand that even when we manage to resolve a demand, we can still, in that moment of apparent “success”, ask ourselves how much suffering or pain the whole process was. Thanks to Si Fu's example.

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com



terça-feira, 13 de dezembro de 2022

VING TSUN HAS IT! My new challenge as a practitioner.

Esse sou eu em um fim de tarde de Sábado... Eu estava com o Daniel Anchieta, ainda uma criança, tentando aprender a usar selos de pedra chineses. Era a cozinha de um dos Mo Gun que meu Si Fu já dirigiu no Rio de Janeiro. Em alguma das outras salas, ele trabalhava com o pai do Daniel, meu irmão Kung Fu Vladimir, alguma parte do “Baat Jaam Do”. 
Eu estava muito concentrado em seguir as orientações do Si Fu sobre como usá-los. Eu deveria conseguir carimbar perfeitamente retângulos de papel, que depois seriam plastificados. Com isso, os selos e suas estampas ficariam em um display. Eu tinha um encontro marcado, mas achei por bem desmarcar e continuar me concentrando no trabalho... Eu não queria parar na metade, e quanto mais errava, mais me irritava e errava mais ainda... Era uma bela briga minha com aqueles selos de pedra... 

This is me on a late Saturday afternoon... I was with Daniel Anchieta, still a child, trying to learn how to use Chinese  seals. It was the kitchen of one of the Mo Guns that my Si Fu already directed in Rio de Janeiro. In one of the other rooms, he worked with Daniel's father, my Kung Fu brother Vladimir, some part of “Baat Jaam Do”.
I was very focused on following Si Fu's instructions on how to use the seals. I should be able to perfectly stamp paper rectangles, which would later be laminated. With that, the seals and their prints would be on a display. I had a date with a girl that night, but I thought it would be best to cancel it and continue concentrating on the chinese seals work... I didn't want to stop halfway through, and the more I made mistakes, the more it irritated me and I made even more mistakes... It was a good fight for me with those seals ...
[Cham Kiu com Si Fu]
[Cham Kiu with Si Fu]

Muitos anos antes, eu estava no segundo Domínio do Sistema Ving Tsun, o “Cham Kiu”. Eu tinha dezesseis anos, e não via como a prática semanal de “Chi Sau” poderia me deixar um melhor lutador... Eu vivia um paradoxo, porque achava meu Si Fu o máximo, e não conseguia entender como ele tinha ficado tão bom “apenas fazendo Chi Sau”. Foi então que um amigo meu me chamou para tentar novamente uma arte marcial que já havia praticado e que ele prosseguiu...  Eu fui sem avisar nada a ninguém da Família Kung Fu, então meu sentimento era de quem estava fazendo alguma coisa errada...
Eu fiz o aquecimento, os alongamentos, e a prática dessa arte marcial foi se desdobrando... Eu percebi, que minha desenvoltura estava muito melhor do que três anos antes, quando ainda era praticante desta tal modalidade... - “Como poderia ser isso possível?”- Me perguntei. E não soube responder. 
Meu amigo Rodrigo foi testemunha de que um dos faixa-pretas presentes disse que o havia chutado abaixo da medida permitida... Eu sabia que não tinha feito isso, ele parou de praticar. Com o outro, eu não tive a menor chance. Porém ao final, o professor me chamou e perguntou minha idade, quando respondi ele comentou - “Uma pena! Se já tivesse dezessete, te inscrevia no campeonato semana que vem!” - Saindo de lá com todos, já havia decidido que não voltaria mais. Me senti muito envergonhado por ter ido sem avisar, mas ao mesmo tempo muito impressionado. Eu estava aprendendo alguma coisa, e nem sabia como...

Many years before, I was in the second Domain of the Ving Tsun System, the “Cham Kiu”. I was sixteen years old, and I didn't see how the weekly practice of "Chi Sau" could make me a better fighter... I lived a paradox, because I thought my Si Fu was the best, and I couldn't understand how he had become so good" just doing Chi Sau”. It was then that a friend of mine called me to try again a martial art that I had already practiced and he continued... I went without informing anyone of the Kung Fu Family, so my feeling was that I was doing something wrong... .
I did the warm-up, the stretching, and the practice of this martial art unfolded... I realized that my resourcefulness was much better than three years before, when I was still practicing this modality... - “How could it be? Is this possible?”-  I asked myself. And I didn't know how to answer.
My friend Rodrigo was a witness that one of the black belts present said that I had kicked him below the allowed limit... I knew I hadn't done that, he stopped practicing. With the other one, I didn't stand a chance. However, in the end, the teacher called me and asked my age, when I answered he commented - “Thats bad... If you were already seventeen, I would sign you up for the championship next week!” - Leaving there with everyone, I had already decided that I would not return. I felt very embarrassed for having been there without saying nothing to anyone from the Family, but at the same time  I was very impressed. I was learning something, and I didn't even know how...

[Julinha, observa a prática de Chi Sau com o Thiago SIlva]
[Julia, watches the Chi Sau practice with Thiago Silva]

Com os anos, tomei contato com a ideia de que o “Kung Fu” não está associado apenas com o que entendemos por “luta”, e que aprender uma arte marcial, não significa aprender uma habilidade apenas para lutar. O “Kung Fu” que desenvolvemos serve para tudo... Tudo deveria estar presente durante a prática: A arte de respirar, a arte de relaxar, a arte de se concentrar, a arte de se divertir, a arte de se conhecer, e tantas outras... Você aprende sem perceber, e aprende a aprender com qualquer coisa e em qualquer momento...

Over the years, I got in touch with the idea that “Kung Fu” is not just associated with what we mean by “fighting”, and that learning a martial art does not mean learning a skill just to kill. The “Kung Fu” we developed serves for everything... Everything should be present during practice: The art of breathing, the art of relaxing, the art of concentrating, the art of having fun, the art of knowing yourself, and so many others... You learn without realizing it, and learn to learn from anything and at any time...
[Com Si Fu em uma de suas antigas moradias]
[With Si Fu at one of his former apartaments]

Meu maior desafio tem sido redescobrir a “Vida” além da “Vida Kung Fu”. Alinhar o praticante a pessoa, não tem sido uma tarefa fácil. Tenho me dedicado muito a entender melhor sobre como transpor a habilidade marcial para uma habilidade para a vida, mas o desafio parece-me interminável. Infelizmente, ainda sigo muito contaminado por uma ideia fixa sobre “Kung Fu”, e é difícil entender que nem tudo se resolve com determinação. As vezes as coisas até se resolvem sozinhas, mas deixar as coisas correrem por si mesmas para quem cultua a ação como eu, é desesperador. Porém, sei que o Ving Tsun tem tudo o que preciso. Não é necessário procurar em outro Sistema... Acho que nem teria paciência para isso... 

My biggest challenge has been to rediscover “Life” beyond “Kung Fu Life”. Aligning the practitioner with the person has not been an easy task. I have devoted a lot of time to understanding better how to transpose martial skill into a life skill, but the challenge seems endless. Unfortunately, I'm still very contaminated by a fixed idea about “Kung Fu”, and it's hard to understand that not everything can be solved with determination. Sometimes things even resolve themselves, but letting things go by themselves for someone who worships action like me, is desperate. However, I know that Ving Tsun has everything I need. It is not necessary to look in another System... I don't think I would have the patience for that...
Experiências como daquela solitária tarde de Sábado tentando usar os carimbos com assertividade, são importantes para que eu consiga quebrar um ciclo muito perigoso, que é ficar estudando o Sistema Ving Tsun, para ficar melhor ainda com relação ao Sistema Ving Tsun. Eu preciso usar o que aprendi, para conseguir usar um simples carimbo com uma pedra e uma tinta pastosa numa folha de papel. Caso eu fosse embora naquela tarde, sabia que ficaria com um sentimento de desistência dentro de mim. 
 Porém, existe uma busca maior do que essa, que é a de ser alguém que entendeu a arte de viver a vida a partir das artes marciais... Em chinês, “entender” também se diz “clarear”...  Muita coisa já se clareou, as mais importantes, seguem obscuras. E talvez, exatamente por serem importantes...
Essa é  apenas uma história de “Chi Sau” e “selos de pedra”... Não leve muito a sério. 

Experiences like that lonely Saturday afternoon trying to use the selas with assertiveness, are important for me to be able to break a very dangerous cycle, which is to study the Ving Tsun System, to get even better in relation to the Ving Tsun System. I need to use what I've learned to be able to use a simple stone seal and pasty ink on a sheet of paper. If I left that afternoon, I knew I would have a feeling of giving up inside me.
... However, there is a greater quest than that, which is to be someone who understands the art of living life based on martial arts... In Chinese, “to understand” is also called “Bright up”... Many things have already been brithen up, the most important ones remain obscure. And perhaps, precisely because they are so important...
But this is just a story of “Chi Sau” and “stone seals”... Don't take it too seriously.


A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com


 

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

MOY FAT LEI FAMILY´S NEW DISCIPLE

A Familia Kung Fu se reuniu mais uma vez em nosso querido restaurante Chinatown na cidade do Rio de Janeiro, para formalizar a condição de Daniel Eustáquio como membro vitalício em minha Família Kung Fu. Além dos membros da minha Família, representantes de outros Clãs e Famílias Kung Fu do Rio de Janeiro, também se fizeram presentes. E ao adentrar o segundo andar do restaurante naquela manhã, e perceber todos que estavam lá além dos que chegavam aos poucos, sabia que devido a problemas de transito em nossa cidade e de dificuldades com agenda, houve um esforço real de cada um que ali estava. E me senti muito grato por todas as aquelas pessoas presentes. Eu tinha o costume de tentar deixar de fora as pessoas que não confirmavam sua participação até a data estabelecida nos eventos da Família Moy Jo Lei Ou. Sobre isso, meu Si Fu dizia - “Thiago, sem as pessoas, nada faz sentido.” - E ele estava certo. 

The Kung Fu Family gathered once again in our beloved restaurant Chinatown in the city of Rio de Janeiro, to formalize Daniel Eustáquio's status as a special student of my Kung Fu Family. In addition to my Family members, representatives of other Kung Fu Clans and Families from Rio de Janeiro were also present. And when entering the second floor of the restaurant that morning, and realizing everyone who was there besides those who arrived little by little, I knew that due to traffic problems in our city and difficulties with the schedule, there was a real effort from everyone who was there. . And I felt very grateful for all those people present. I used to try to leave out people who did not confirm their participation until the deadline established in the events of the Moy Jo Lei Ou Family. About this, my Si Fu used to say to me - “Thiago, without people, nothing makes sense.” - And he was right.

Quando a Cerimonia de “Baai Si” começa com a “Abertura Cerimonial”, que na ocasião foi lida pelo meu discípulo Keith Markus. Sempre observo meu Si Fu sorrindo, olhando ao redor, e por vezes mandando uma piscadela para alguém que não lhe foi possível cumprimentar quando chegou. Eu ainda não consegui atingir esse nível, preciso me concentrar no que dizer para ajudar a dar mais peso ainda ao potencial simbólico que este instrumento carrega nele próprio. Ou talvez eu só seja alguém de cara fechada mesmo... De toda forma, essa era a sétima cerimonia de minha Família Kung Fu, a receber um novo discípulo. São sete anos de Família, uma média de uma cerimonia de discipulado por ano. Nesse tempo, alguns discípulos se afastaram, outros se foram para sempre, alguns retornaram e outros sempre permaneceram. Porém, eu sempre estive lá. O Si Fu costuma dizer que a pessoa precisa se sentir tranquila para se afastar quando quiser, e para retornar também. Por ser o compromisso de uma vida toda, você precisa estar inteiro e com o coração aberto para todas essas idas e vindas. Porém, elas não simples. E naquele exato momento, por mais criativo que fosse, não conseguia nem de perto imaginar o que está por vir na minha relação com Daniel Eustáquio.  Uma relação que não tem paralelos no ocidente, mas que após 23 anos na Família Kung Fu, aprendi o quão recompensadora e desafiante ela pode ser. 

When a “Baai Si” Ceremony begins with the “Ceremonial Opening Text Reading”, which at the time was read by my disciple Keith Markus. I always observe my Si Fu smiling, looking around, and sometimes sending a wink to someone who was unable to greet him when he arrived. I still haven't managed to reach that level, I need to concentrate on what to say to help give even more weight to the symbolic potential that this instrument carries within itself. Or maybe I'm just someone with a not friendly face anyway... Anyway, this was the seventh ceremony of my Kung Fu Family, to receive a new disciple. There are seven years of the Family, an average of one discipleship ceremony per year. In that time, some disciples departed, others are gone forever, some have returned, and some have always remained. However, I was always there. Si Fu usually says that the person needs to feel calm to walk away whenever they want, and to return as well. Because it's a lifetime commitment, you need to be whole and with an open heart for all these ups and downs. However, they are not simple. And at that exact moment, as creative as I was, I couldn't even begin to imagine what was to come in my relationship with Daniel Eustáquio. A relationship that is unparalleled in the West, but after 23 years in the Kung Fu Family, I learned how rewarding and challenging it can be.
Daniel é de uma geração diferente da minha... Outro dia, ele estava me contando sobre sua talvez única experiência numa video locadora com seu pai, algo que eu fazia todas as Sextas com minha mãe. Daniel sem saber e sem planejar, promoveu um marco muito especial na minha trajetória: Ele foi o primeiro discípulo a me pedir para entrar na Família Kung Fu. 
Esse momento é bem simbólico para mim, pois até então eu convidava a pessoa, mas acho que o interesse precisa ser do aspirante a membro. Eu mesmo pedi a meu Si Fu em Fevereiro de 2007. 
Era uma tarde qualquer no Mo Gun da minha Família Kung Fu, naquela ocasião eu tinha uma conversa com um discípulo que estava se afastando, e no momento em que pedi para ouvi-la um pouco o Daniel chegou. Foi um momento bem curioso, talvez até mágico, pois em seguida Daniel falou do seu interesse em entrar para  a Família. Me permiti abrir um sorriso naquele momento. Afinal, o praticante escolhe o estilo, a Família, o Si Fu que deseja. Além disso, o período pelo qual vai se dedicar, também é escolha sua. E naquela única hora, tudo isso acontecia bem diante de mim. 

Daniel is from a different generation than mine... The other day, he was telling me about his perhaps only video rental experience with his father, something I did every Friday with my mother. Daniel, without knowing and without planning, promoted a very special milestone in my trajectory: He was the first disciple to ask me to join the Kung Fu Family.
This moment is very symbolic for me, because until then I invited the person, but I think the interest needs to be from the aspiring member. I even asked my Si Fu the same in February 2007.
It was any given afternoon at my Kung Fu Family's Mo Gun, on that occasion I had a conversation with a disciple who was leaving, and at the moment I asked to listen from she a little, and Daniel arrived. It was a very curious moment, perhaps even magical, as Daniel then spoke of his interest in joining the Family. I allowed myself to smile at that moment. After all, the practitioner chooses the style, the Family, the Si Fu he wants. In addition, the period for which he will dedicate himself is also his choice. And in that single hour, all of this was happening right in front of me.


Além do meu Si Hing Leonardo, outros Mestres também estiveram presentes e deixaram suas considerações ao microfone durante a Cerimonia. Meus Si Suk Felipe Soares e Ricardo Queiroz, fizeram essa gentileza. Ambos que tiveram e continuam tendo papel fundamental em minha trajetória. Também quero destacar as presenças da Sra Cátia Reis e da Sra Flavia Bambrilla, esposas do Si Hing Leonardo e do Si Suk Ricardo, respectivamente. 

In addition to my Si Hing Leonardo, other Masters were also present and left their considerations on the microphone during the Ceremony. My Si Suk Felipe Soares and Ricardo Queiroz, did this kindness. Both who had and continue to play a fundamental role in my trajectory. I also want to highlight the presence of Mrs Cátia Reis and Mrs Flavia Bambrilla, wives of Si Hing Leonardo and Si Suk Ricardo, respectively.

Em 2006, eu recebi um “Tong Jong” de presente da minha irmã Kung Fu Paula Gama. Ela também fez um aniversário surpresa para mim naquele mesmo ano quando me entregou a peça de roupa. Eu estive com essa vestimenta em muitos momentos marcantes, até mesmo minha formatura na faculdade. Mas naquele momento, eu achei que deveria dá-lo para o Daniel. Afinal, durante a Cerimonia, olhei algumas vezes para o Daniel sentado meio desconjuntado na cadeira como alguém da idade dele faria, com um brinco de argola, sua namorada presente... E não pude evitar de lembrar da minha própria trajetória. Quando ganhei essa peça de roupa, aquele era de certa forma um retrato da minha vida... E como sinal de boa sorte e para materializar o quão importante aquele momento era para mim, resolvi lhe dar o meu Tong Jong favorito. 

In 2006, I received a “Tong Jong” as a gift from my Kung Fu sister Paula Gama. She also had a surprise birthday for me that same year when she handed me the garment. I wore this outfit in many memorable moments, even my college graduation. But at that moment, I thought I should give it to Daniel. After all, during the Ceremony, I looked a few times at Daniel sitting a bit disjointed in the chair as someone his age would, with a hoop earring, his girlfriend present... And I couldn't help but remember my own trajectory. When I got this piece of clothing, that was, in a way, a portrait of my life... And as a sign of good luck and to materialize how important that moment was for me, I decided to give him my favorite Tong Jong.

Meu Si Fu costuma dizer que devemos pegar a vida do ponto em que nosso ancestral nos deixou, seja ele nosso pai ou Si Fu, e fazer melhor a partir dali. Bem, no dia do meu Baai Si, foi Si Fu que me abraçou apertado e eu não sabia nem como retribuir. Nunca fui muito de demonstrar carinho dessa maneira, sempre mais fechado coube a Si Fu faze-lo em Maio de 2007. Porém, Daniel por outro lado já consegue demonstrar afeto de maneira natural. E já mostra, que de maneira organica, conseguiu dar um passo a frente do que consegui bem no dia do meu Baai Si. Prece-me um bom sinal para começar uma nova história.

My Si Fu usually says that we should pick up life from the point where our ancestor left us, be it our father or Si Fu, and do better from there. Well, on the day of my Baai Si, it was Si Fu who hugged me tight and I didn't even know how to reciprocate. I was never very fond of showing affection in this way, it was up to Si Fu to do it in May 2007. However, Daniel on the other hand is already able to show affection in a natural way. And he already shows that in an organic way, he managed to take a step forward from what I achieved on the day of my Baai Si.It gave me a good sign for this new story.

 

A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com


 


 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

BLADE RUNNER dinner style w/ Carlos Antunes


Numa noite de Sexta, saí do Méier para ir ao encontro do meu irmão Kung Fu Carlos Antunes. Ele havia me convidado para jantarmos juntos. Como nos encontramos com certa frequência, não vi nada demais, porém estranhei o bairro que ele escolheu. Ainda tentei argumentar sugerindo que escolhêssemos algum local em Ipanema, onde ele reside, mas ele estava firme em sua decisão. Cheguei mais cedo, como de costume, e fui até um McCafé para tomar um espresso e carregar meu telefone. Passados alguns minutos, Carlos avisou que havia chegado, nos encontramos então no Largo que dá nome ao bairro. Muito animado como sempre, Carlos me cumprimentou com seu forte abraço que lhe é característico. A energia do Carlos sempre está lá no alto, e quando não está, ele faz com que esteja. Isso é algo que admiro nele, pois eu não consegui desenvolver essa habilidade até hoje. 
Carlos sabia exatamente para onde estava indo, e enquanto desviávamos de pessoas que andavam apressadas para chegar a estação do metro e irem para casa, finalmente passamos por um misterioso portão de grade que parecia não levar a lugar nenhum. Ele ficava espremido entre duas construções, e mesmo passando ali de bicicleta pelos últimos quatro anos, nunca havia reparado. Foi quando reparei algumas mesas, pessoas comendo comida chinesa, e um restaurante de Dim Sum. 
O vapor com cheiro de óleo e gordura, impregnava o ar, e conseguíamos ver ele lentamente se movendo enquanto escolhíamos uma mesa. Era possível ver a cozinha ao passar por ela, e todos estavam agitados lá dentro, enquanto as pessoas comiam calmamente. Finalmente escolhemos nossa mesa. Eu ainda estava me situando, ainda estava tentando acreditar que aquele local estava ali por tanto tempo, e eu nem havia percebido. Lembrei-me da passagem 'O caminho do surf', que Si Fu descreveu logo no início do seu livro 'O Tao do Surf' [Camacho, Julio. 2002]. Enquanto eu divagava, meus olhos cruzaram com os de Carlos Antunes, que com um grande sorriso, parecia muito feliz. 

One Friday night, I left Méier wild neighborhood to meet my Kung Fu brother Carlos Antunes. He had invited me to have dinner together. As we meet quite often, I didn't see anything special, but I was surprised by the neighborhood he chose. I even tried to argue by suggesting that we choose a location in Ipanema, where he lives, but he was firm in his decision. I arrived early, as usual, and went to a McCafé to get an espresso and charge my phone. After a few minutes, Carlos announced that he had arrived, so we found ourselves in the Plaza that gives the neighborhood its name. Very excited as always, Carlos greeted me with his characteristic strong hug. Carlos' energy is always up there, and when he's not, he makes it so. That's something I admire about him, as I haven't been able to develop that skill until today.
Carlos knew exactly where he was going, and as we dodged people rushing to the subway station and heading home, we finally passed a mysterious grid gate that seemed to lead nowhere. It was wedged between two buildings, and even though I'd been cycling there for the past four years, I'd never noticed. That's when I noticed some tables, people eating Chinese food, and a Dim Sum restaurant.
The steam, smelling of oil and grease, permeated the air, and we could see it slowly moving as we chose a table. You could see the kitchen as you passed it, and everyone was bustling inside as people ate quietly. We finally chose our table. I was still positioning myself, I was still trying to believe that this place had been there for so long, and I hadn't even noticed. I remembered the passage 'The way to surf', which Si Fu described at the beginning of his book 'The Tao of Surf' [Camacho, Julio. 2002]. As I rambled on, my eyes met those of Carlos Antunes, who with a big smile, looked very happy.
Eu resolvi fazer uma brincadeira com Carlos, assim que descobri que infelizmente não havia cerveja Tsing Tao no estabelecimento. Resolvi pedir uma cachaça chinesa, pois já a conhecia de três anos antes. Essa bebida alcóolica tem mais teor alcoólico do que álcool ao que parece. A bebida veio em dois recipientes de cerâmica [FOTO], e após brindarmos, Carlos virou de uma vez todo o conteúdo do copo enquanto eu apenas mal molhei os lábios já querendo rir. Carlos ao colocar o copo na mesa, já era outra pessoa[risos]. E em um impulso, ele se aproximou de mim, segurou firme em um dos meus ombros e disse com um grande sorriso e em um volume mais alto do que ele se lembra - “Si Hing! Eu gosto de você pra caramba, cara!” - Eu comecei a rir e Carlos continuou - “Eu já vim aqui com uma galera, mas eu falei que tinha que te trazer! Eu gosto de você pra caramba, cara! Isso aqui é muito 'Blade Runner! É a sua cara!'”- Carlos disse outras coisas mais engraçadas ainda, mas fica para um outro artigo... risos.

I decided to play a prank on Carlos, as soon as I found out that unfortunately there was no Tsing Tao beer in the establishment. I decided to order a Chinese liquor very heavy on alcohool, as I had already known it for three years. This alcoholic drink has more alcohol content than alcohol iself apparently. The drink came in two ceramic containers [PHOTO], and after we toasted, Carlos drained the entire content of the glass at once while I barely wet my lips, wanting to laugh. When Carlos put the glass on the table, he was already a different person [laughs]. And on impulse, he approached me, took a firm hold on one of my shoulders and said with a big smile and in a louder volume than he remembers - “Si Hing! I really like you, man!” - I started to laugh and Carlos continued - “I already came here with other friends, but I said it! I really like you, man! This is very 'Blade Runner! It's just like you!'”- Carlos said other even funnier things, but that's for another article... laughs.


Quando Carlos comentou sobre “Blade Runner”[1982], eu fiquei mais feliz ainda. Todo aquele ambiente me era familiar, mas eu não estava lembrando a razão. De fato, “Blade Runner”[1982] é um dos meus filmes favoritos, e me lembrei de quando o Deckard[Harrison Ford] é apresentado ao público comendo comida chinesa em um ambiente com muito Neon e chuva.- “Faltou só chover...” - Ponderei.

When Carlos still commented on “Blade Runner” [1982], I was happier. The whole environment was familiar to me, but I couldn't remember why. In fact, “Blade Runner” [1982] is one of my favorite movies, and the place reminded me of when Deckard [Harrison Ford] is introduced to the audience, eating Chinese food in a very neon and rainy environment. - “It could rain now. ..” - I pondered.


Conversamos sobre muitas coisas, e Carlos usou todo o seu conhecimento adquirido em muitas horas e momentos de Vida-Kung Fu para pedir a comida adequada na ordem adequada. Enquanto isso, bebíamos cada vez mais cachça chinesa. Em determinado momento, a garçonete veio com a garrafa quase vazia lá de dentro mostrando o teor alcoólico - “Gente, é isso aqui que vocês estão bebendo!” - Pedimos uma última rodada, apesar de sua preocupação[risos]. Outros clientes, perguntavam ao Carlos o que ele estava pedindo, curiosos com sua precisão nas escolhas. Por fim, nos foi dito que o cozinheiro queria nos conhecer. Carlos me acompanhou até um ponto em que pedi o UBER, e enquanto caminhávamos ele estava bem concentrado em descobrir a razão do cozinheiro querer nos conhecer. - “O que você acha que ele viu na gente?” - Ele me indagou. Bem, isso nunca saberemos. Podem ter sido as escolhas no cardápio... Pode ter sido a quantidade colossal de álcool que ingerimos ou pode ter sido a capacidade de escolher adequadamente apesar do álcool...  Risos. Mas estes são apenas fragmentos de memória, de uma noite noar em pleno Rio de Janeiro. 

We talked about many things, and Carlos used all his knowledge gained from many hours and moments of Kung Fu- Life to order the proper food in the proper order. Meanwhile, we drank more and more Chinese liquor. At one point, the waitress came with the almost empty bottle inside showing the alcohol content - "Guys, this is what you're drinking!" - We asked for one last round, despite her concern [laughs]. Other customers asked Carlos what he was ordering, curious about his precision in his choices. Finally, we were told that the chef wanted to meet us. Carlos accompanied me to a point where I asked for the UBER, and as we walked he was very focused on finding out why the chef wanted to meet us. - “What do you think he saw in us?” - He asked me. Well, that we'll never know. It could have been the choices on the menu... It could have been the colossal amount of alcohol we ingested or it could have been the ability to choose properly despite the alcohol... Laughter. But these are just fragments of memory, of a night in the middle of Rio de Janeiro.


A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com


 



terça-feira, 8 de novembro de 2022

“A life with Kung Fu, it's a precise life” -An essay on Baat Jaam Do

 

Você precisa entender como eram as coisas no final dos anos '80 e início dos anos '90 no Rio... Não era incomum encontrar algum profissional de artes marciais, que tivesse uma formação obscura. O carisma dessas pessoas, compensava todas as dúvidas. E isso perdurou por muito tempo...
Nos final dos anos '90, encontrei a Moy Yat Ving Tsun no meu bairro, eu estava concentrado em aprender a usar o “boneco de madeira”, que eu chamava de “Mudjong” e que descobri que um nome mais apropriado em termos sistemicos seria “Muk Yan Jong”.  Não me importei com as armas que o Sistema dispunha num primeiro momento... E talvez tenha sido no ano seguinte, que surgiu uma fita VHS no Mo Gun. Esta fita era apresentada as pessoas que nos procuravam pela primeira vez. Nela, podíamos ver dentre outras coisas, pequenos clipes do Grão Mestre Leo Imamura[meu Si Gung], ilustrando cada Domínio do Sistema Ving Tsun através de movimentos.
O último clipe, era ele usando o “Do”, que são facas que se tinha acesso apenas no que eu entendia como “O último nível do Sistema”. 
Na cena, o Mestre Senior Nataniel Rosa[meu Si Baak] o abordava com uma espada, e Si Gung com movimentos bem fluidos, usava as facas para neutralizar a situação e ainda tomar a espada das mãos dele. Aquilo era muito legal! Eu tinha apenas uns 15 ou 16 anos de idade... Então aquilo me chamou muito a atenção! Mas o meu paradigma, é que “chegar até o último nível” era quase impossível... Devido a experiências pregressas, não entendia que na Moy Yat Ving Tsun, essa possibilidade existia...
Para completar, ninguém podia assistir as práticas do “Baat Jaam Do”... A não ser que estivesse naquele Domínio. Esse ar misterioso, me encantava... Mas o boneco de madeira ainda encantava mais risos.

You need to understand how things were in the late '80s and early '90s in Rio... It wasn't uncommon to find a martial arts professional, who had an obscure background. The charisma of these people compensated for all doubts. And that went on for a long time...
In the late 90's, I found Moy Yat Ving Tsun in my neighborhood, I was focused on learning how to use the “wooden dummy” as soon as I could, which I called “Mudjong” and I found that a more appropriate name in systemic terms would be “Muk Yan Jong”. I didn't care about the weapons that the System had at first... And maybe it was the following year, that a VHS tape appeared in the Mo Gun. This tape was presented to people who came to us for the first time. In it, we could see, among other things, small clips of Grand Master Leo Imamura [my Si Gung], illustrating each Domain of the Ving Tsun System through movements.
The last clip was him using the “Do”, which are knives that you only had access to in what I used to understand as “The last level of the System”.
In the scene, Senior Master Nataniel Rosa [my Si Baak] approached him with a sword, and Si Gung with very fluid movements, used knives to neutralize the situation and still take the sword from his hands. That was really cool! I was only 15 or 16 years old... So that really caught my attention! But my paradigm is that "getting to the last level" was almost impossible... Due to previous experiences, I didn't understand that in Moy Yat Ving Tsun, this possibility existed...
On top of that, no one could attend the practices of the “Baat Jaam Do”… unless they were in that Domain. That mysterious air enchanted me... But the wooden dummy still enchanted me more lol.
[Prática com o Do em uma das antigas residências do Si Fu]
[Practice with Do in one of Si Fu's former residences]

Os anos foram passando e passando... E eu cheguei lá! Nenhuma das minhas centenas de revistas de artes marciais, tinha sequer chegado perto de me mostrar o caminho até o último Domínio de um Sistema como o Ving Tsun. Foi necessária muita perseverança e paciência do meu Si Fu, o Mestre Senior Julio Camacho. 
Quando se começa tão novo, não existem apenas aspectos positivos...Pois haviam muitos problemas de maturidade e de excesso de vontade. Cada uma dessas camadas que nos impedem de nos desenvolvermos, é retirada de uma maneira diferente, em uma natureza diferente do Sistema e de abordagem na “Vida-Kung Fu”. 
Eu achava, que mesmo numa situação completamente desfavorável, eu precisa “partir para dentro”... Era melhor apanhar, do que desistir... Com esse tipo de mentalidade, me machuquei bastante na reta final do Domínio “Mui Fa Jong”. E por não ter uma compreensão mais ampla, não entendia que essa atitude era incondizente com o uso de duas facas.

The years went by and by... And I got there! None of my hundreds of martial arts magazines had even come close to showing me the way to the ultimate Domain of a System like Ving Tsun. It took a lot of perseverance and patience from my Si Fu, Senior Master Julio Camacho.
When you start so young, there are not only positive aspects... There were many problems of maturity and excess of will. Each of these layers that prevented me from developing, was removed in a different way, in a different nature of the System and approach in “Kung Fu Life”.
I thought that even in a completely unfavorable situation, I need to "go for it"... It was better to be beaten than to give up... With this kind of mentality, I got hurt a lot in the final moments of the "Mui Fa Jong" Domain. And because  I didn't have a broader understanding, I didn't understand that this attitude was inconsistent with the use of two knives.
[Prática com o querido Si Suk Homero, em um dos antigos endereços na Barra da Tijuca]
[Practice with dear Si Suk Homero, at one of the former addresses in Barra da Tijuca]

Meu Si Fu diz que o “estado de guarda” precisa ser relaxado, para que percebamos o que está ao nosso redor. Além disso, o “Do” precisa estar leve em nossas mãos, para que consigamos manuseá-lo com assertividade. E por falar em assertividade, Si Fu nunca foi contra toda a agressividade que eu demonstrava nas práticas. Ele apenas considera que uma agressividade não canalizada, se torna expansiva. E para a prática do “Baat Jaam Do”, movimentos concisos e precisos, são fundamentais. Por isso também, Si Fu costuma falar que - “Uma vida com Kung Fu, é uma vida precisa”.
Escrever é mais fácil do que fazer... Consegue imaginar o quão difícil é relaxar e estar pronto, ao mesmo tempo, com as facas nas mãos? 
O Sistema Ving Tsun é um conjunto de Domínios com diferentes naturezas... Algumas dessas naturezas, você consegue se conectar melhor, outras te desafiam...

My Si Fu says that the "state of guard" needs to be relaxed, so that we realize what is around us. In addition, the “Do” needs to be light in our hands, so that we can handle it with assertiveness. And speaking of assertiveness, Si Fu was never against all the aggressiveness I showed in the practices. He just considers that unchanneled aggression becomes expansive. And for the practice of “Baat Jaam Do”, concise and precise movements are fundamental. That's why Si Fu usually says that - "A life with Kung Fu is a precise life".
Writing is easier than doing... Can you imagine how hard it is to relax and be ready, at the same time, with knives in hand?
The Ving Tsun System is a set of Domains with different natures... Some of these natures, you can connect better, others challenge you...

O Ving Tsun é um “Sistema de Variação”, ele varia diferentes naturezas promovendo um aprendizado através do desenvolvimento humano. Sendo um Sistema de variação, ele possui também diferentes fases: Uma mais estruturada, outra semi-estruturada e uma não estruturada...
Então eu dei por mim, que o “Baat Jaam Do” não era o fim... Ele não só era o último Domínio da fase semi-estruturada do Sistema, como também nos permite enxergar o Sistema agora como um todo. Meu Si Fu costuma sugerir que pratiquemos de uma única vez todas as listagens, para ver como nos sentimos ao final...

Ving Tsun is a "Variation System", it varies different natures promoting learning through human development. Being a Variation System, it also has different phases: One more structured, another semi-structured and an unstructured...
So I realized that the “Baat Jaam Do” was not the end... It was not only the last Domain of the semi-structured phase of the System, but it also allows us to see the System now as a whole. My Si Fu usually suggests that we practice all the forms at once, to see how we feel in the end...

Tenho falado muito do meu Si Hing Leonardo[FOTO] por aqui, pois temos passado muito tempo de qualidade juntos. E sem dúvidas, uma das maiores transformações que percebi em alguém após acessar esse Domínio, foi no Si Hing. Ele conseguiu extrapolar o entendimento das facas, para qualquer coisa... É bem especial ouvi-lo falar... Ontem mesmo estávamos juntos estudando o “Biu Ji”, e ele apresentou algumas considerações muito engenhosas. Eu também tinha as minhas, mas sabia que algo nos separava: Uma compreensão do Si Hing, bem mais profunda, sobre a fase não-estruturada. Ninguém fala mais em estado de guarda do que ele em nossa Família... Uma guarda relaxada, porém viva, como Si Fu falou. Realmente, ontem foi mais um dia em que mesmo entendendo a estrutura de um Sistema de variação, ouvindo o Si Hing, percebo que o desenvolvimento humano nos permite ir ainda mais fundo...

I've been talking a lot about my Si Hing Leonardo[PHOTO] around here, because we've spent a lot of quality time together. And without a doubt, one of the biggest transformations I noticed in someone after accessing this Domain was in my Si Hing. He managed to extrapolate the understanding of knives to anything... It's very special to hear him speak... Just yesterday we were together studying “Biu Ji”, and he presented some very smart considerations. I had mine too, but I knew that something separated us: A much deeper understanding of Si Hing about the unstructured phase. Nobody talks more in a state of guard than he in our Family... A relaxed guard, but alive, as Si Fu said. Indeed, yesterday was another day when even understanding the structure of a System of variation, listening to Si Hing, I realize that human development allows us to go even deeper...

Desenvolvimento Humano, é deixar para trás coisas que nós tínhamos como certas... É descobrir que partes que nós tinhamos como nossas, não eram nossas de fato. É entender que através de uma dedicação relaxada, uma nova pessoa vai aflorar, e não será necessariamente a pessoa que gostaríamos que fossemos... Talvez seja alguém pior ou alguém melhor... Mas a pergunta que fica é: “Onde termina o aprendizado proporcionado pelo Sistema Ving Tsun? E será que queremos nos encontrar com nossas novas versões quando chegarmos lá?

Human Development, is leaving behind things that we took for granted... It's discovering that parts that we had as ours, weren't really ours. It's understanding that through a relaxed dedication, a new person will emerge, and it won't necessarily be the person we would like us to be... Maybe it's someone worse or someone better... But the question that remains is: "Where does this learning provided by the Ving Tsun System ends? And do we want to meet our new versions when we get there?


A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com