(To Dai do Mestre Pereira e membro do
praticar o Sistema Ving Tsun em nosso Polo de Acesso situado no bairro do Méier. Naquela época, eu ainda era praticante do Programa Ving Tsun Experience e não havia ingressado na Família Kung Fu. Nos reunimos na cafeteria favorita do Si Fu (Thiago Pereira) no centro do Rio, onde aconteceria a entrevista. Porém, ela nunca chegou a ocorrer, pois a pessoa interessada não conseguiu comparecer.
Enquanto ainda aguardávamos, Si Fu aproveitou para conversar comigo sobre minha jornada. Em determinado momento, o assunto foi a Tutorização dentro do Programa Ving Tsun Experience. Lembro de já ter mencionado, em ocasiões anteriores, minha vontade de me tornar tutor um dia — muito pelo exemplo do meu Si Hing, o tutor qualificado Daniel Eustáquio, que, na época (e até o momento em que escrevo este artigo), é o tutor mais jovem da América Latina.
Ao longo do ano, foram realizados diversos seminários de tutorização correspondentes a cada nível
do Programa Ving Tsun Experience, todos organizados pelo meu Si Fu e conduzidos de forma ímpar pelo Grão-Mestre Leo Imamura. Entre encontros online e presenciais, cada seminário foi extremamente
rico — tanto pelas contribuições dos painelistas quanto pelas trocas com os participantes, vindos de
diferentes níveis deste Programa ou aqueles que já trabalham dentro do Programa de Salvaguarda, o Sistema Tradicional.
necessário para alcançar a qualificação de tutor. Por outro lado, esse sentimento também revelava
que muitas coisas estavam se tornando mais claras: minha compreensão sobre a intencionalidade
dos componentes associados havia amadurecido, e as naturezas começaram a se manifestar mais
nitidamente na forma como eu abordava cada trabalho em que participava.
No início deste mês de outubro, próximo ao seu aniversário, Si Fu decidiu realizar algumas aulas
de regulação com membros da Família. No meu caso, o objetivo era revisar os níveis 1 a 3 do
Programa Ving Tsun Experience. Acredito que Si Fu tenha percebido que eu ainda precisava lapidar certos aspectos para consolidar todo o preparo dos últimos meses e, assim, me tornar apto à tutorização.
Em um sábado, após as atividades da manhã — das quais procuro sempre participar —, tivemos um
almoço e um café que serviram como pré-evento das revisões. Eu estava focado em realizar um
bom trabalho, mas sabia que aquele era o momento de expor tudo o que eu tinha: meus recursos,
minhas dúvidas e minhas limitações, para poder aprimorar o que fosse necessário.
Seguimos então para o Mo Gun, onde deixei preparado o material disponibilizado por Si Fu.
Começamos com alguns compartilhamentos sobre como ele abordava as aulas de imersão — com
exemplos práticos de como apresentava e executava os trabalhos propostos, sempre de maneira
personalizada. Percebi que prestar atenção no tutorado era um dos pontos mais importantes: trazer
uma experiência marcial coerente com a natureza do nível trabalhado. Eu me concentrava ao
máximo em ouvir cada palavra e observar cada gesto, entendendo que estava diante de uma
oportunidade única — assistir a meu Si Fu conduzindo uma imersão em um nível elevadíssimo.
Acompanhando a programação de referência mais recente de cada nível, trabalhamos atentamente
cada componente associado. Naquele momento, não existia horário, nem compromissos — só o
trabalho. Eu estava completamente imerso. Havia momentos em que meu desempenho não era o
melhor, mas isso não podia me deter. Eu apenas recomeçava — de novo e de novo —, tentando a
cada rodada fazer melhor que na anterior. Queria que aquilo estivesse no sangue, que meu
entendimento seguisse um caminho coerente.
Quando penso naquele dia, percebo: "Si Fu teve muita paciência comigo, até quando eu mesmo já
não tinha." Em certo momento, durante um exercício em que eu assumia o papel de tutor e Si Fu o
de tutorado, não consegui executar adequadamente um procedimento estratégico. Ao recomeçar,
sem perceber, soltei um sonoro “vamos lá de novo” para Si Fu, como se ele fosse qualquer pessoa.
Na hora, nem notei, mas Si Fu fez uma pausa estratégica e me convidou a refletir sobre o que eu
havia percebido. Ele aproveitou para pontuar que, embora minha fala não tivesse má intenção, não
era adequada. Naquele instante, percebi que havia aberto completamente minha linha central —
deixei de estar presente diante de quem estava à minha frente e apenas quis recomeçar
mecanicamente.
Foi ali que compreendi algo essencial: ser tutor não é sobre mim, nem sobre o que eu quero. Trata
se de não atrapalhar a transmissão do conteúdo. Absorvi rapidamente essa lição e voltei a me
concentrar no propósito do momento — preparar-me para ser um verdadeiro tutor.
Quando a noite chegou, as aulas se encerram naturalmente, e senti que havíamos feito tudo o que
era possível naquele dia. Ainda imerso em tudo o que havia acontecido, passei a admirar ainda mais
o trabalho que meu Si Hing Daniel realiza hoje.
Eu estava ali tendo uma experiência que eu levaria pra sempre, mesmo sendo só um dia e talvez
nem tenha ainda noção do impacto. Talvez mais pra frente eu consiga entender




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