[Encontros semanais remotos com Si Gung para tratar do Programa VT Experience]
[Remote weekly meetings with Si Gung to deal with the VT Experience Program]
O ano de 2020 foi também um ano bem desafiador, afinal precisei me despedir de um dos discípulos mais dedicados e queridos, por conta do COVID-19. E apesar dessa perda irreparável, foi um ano de muito crescimento, amadurecimento, mas principalmente de consolidação em minha Família Kung Fu.
Foi muito especial observar como minha Família Kung Fu se uniu para que o trabalho se mantivesse em meio aquele ano de tantas mudanças aparentes e abruptas. Novas lideranças surgiram, e enquanto muitas pessoas pelo planeta devolviam os imóveis locados, transformamos o nosso Mo Gun em uma central de transmissão de LIVES. Nem mesmo foi necessário renegociar o aluguel, a Família trabalhou unida de tal forma, que seguimos como se nada estivesse acontecendo no mundo.
Dois de meus discípulos, sugeriram com muita firmeza, que eu cessasse as atividades por conta do COVID-19, duas semanas antes de ser uma coisa decretada em nossa cidade. Eu resolvi ouvi-los. Isso me deu tempo de antecipadamente preparar aulas por duas semanas, e começar a promover encontros remotos antes do que quase todo mundo. Quando essa realidade se tornou uma necessidade, nós já estávamos sintonizados com o novo momento.
Uma discípula minha estava morando no Mo Gun, no segundo andar. Eu resolvi acampar na recepção enquanto durasse tudo aquilo, para me obrigar a produzir mais. Minha maior diversão, era assistir os DVD´s do seriado 'Sopranos'[que um discípulo me presenteou], enquanto tomava açaí com confete M&M's, no final da noite.
No final daquele primeiro mês, meus irmãos Kung Fu começaram a produzir aulas de maneira remota, com isso meu grupo tinha agora não só as minhas aulas como as deles também, fazendo uma agenda completa de manhã, tarde e noite.
A partir do segundo mês, alguns dos discípulos formaram um grupo para antecipação de situações e produção de novos materiais e LIVES. Com isso, todos se sintonizaram com o que estava acontecendo, o material de divulgação ficava cada vez melhor. E eu me mantinha ativo em alta intensidade, para que a inexperiência dos discípulos que se propunham a conduzir uma LIVE, não desmotivasse os alunos iniciantes, caso não fosse adequada. E isso gerou um bom equilíbrio.
Eu ficava muito atento as possibilidades de reabertura parcial ou total, e aos poucos, alguns alunos voltaram a frequentar o Mo Gun.
Com isso, ao ser perguntado um ano depois por um grupo de profissionais de outras artes marciais, como conseguimos esse nível de engajamento e a coragem para investir quando todo mundo está fechando, eu atribuí ao fato de termos instrumentos que permitem o acesso ao Kung Fu em um sentido amplo, num momento em que o contato físico era desaconselhado.
The year 2020 was also a very challenging year, after all, I had to say goodbye to one of the most dedicated and dear disciples, because of COVID-19. And despite this irreparable loss, it was a year of great growth, maturation, but mainly consolidation in my Kung Fu Family.
It was very special to observe how my Kung Fu Family came together so that the work could continue in the midst of that year of so many apparent and abrupt changes. New leaders emerged, and while many people around the planet returned their leased properties, we turned our Mo Gun into a boradcast transmission center. We didn't even have to renegotiate the rent, the Family worked together in such a way that we went on as if nothing was happening in the world.
Two of my disciples very firmly suggested that I cease activities on account of COVID-19, two weeks before it was decreed in our city. And I decided to listen to them. This gave me time to prepare classes for two weeks, and to start promoting remote encounters earlier than almost everyone else. When this reality became a necessity, we were already attuned to the new moment.
One of my disciples was living in the Mo Gun on the second floor. I decided to camp at the Mo Gun reception room while all that lasted, to force myself to produce more. My biggest entertainment was watching the DVD's of the series 'Sopranos' that a disciple gave me, while drinking açaí with M&M's confetti in the end of the night.
At the end of that first month, my Kung Fu brothers started to produce classes remotely, so my group now had not only my classes but theirs as well, making a complete schedule in the morning, afternoon and night.
From the second month onwards, some of the disciples formed a group to anticipate situations and produce new materials and LIVES. With that, everyone tuned in to what was happening, the publicity material got better and better. And I kept myself active at high intensity, so that the inexperience of the disciples who proposed to conduct a LIVE, would not discourage beginner students, if it was not adequate. And that created a good balance.
I was very attentive to the possibilities of partial or total reopening, and little by little, some students returned to attend the Mo Gun.
With that, when asked a year later by a group of professionals from other martial arts, how do we get this level of engagement and the courage to invest when everyone is closing, I attributed it to the fact that we have instruments that allow access to Kung Fu in a broad sense, at a time when physical contact was inadvisable.
[Uma vez por semana, assistindo aos encontros remotos e fazendo anotações]
[Once a week, watching remote meetings and taking notes]
No ano de 2022, tenho me dedicado a estudar mais. Não importa que não tenhamos mais uma pandemia, mas eu vi a importância de estar preparado, e ter algo a mais para oferecer, que justifique o investimento de tempo, energia da pessoa, e seu desejo legítimo de conhecer o Kung Fu Ving Tsun.
Com isso, basicamente por todo o ano de 2022, tenho entrado ON LINE uma vez por semana com Si Gung e outros Mestres do Brasil e do exterior para trocar conhecimentos a respeito de como aprofundar nossa capacidade de entender como transmitir e preservar o Sistema Ving Tsun encontrando abordagens, palavras e estruturas de raciocínio que nos permitam conectar melhor com quem chega e com quem já está. Além disso, com nosso grupo , trocamos entendimentos e compartilhamos dúvidas ao longo de toda a semana. Tem sido um processo bem rico. Tem pessoas ali que conheço minha vida toda, e nunca conversei por mais de dez minutos, outras são o oposto disso, e esse equilíbrio, traz uma neutralidade nas relações que nos ajudam a entender para que aquele grupo serve, e não perdemos tempo com nada que não seja em função do aprimoramento.
In the year 2022, I have dedicated myself to studying more. It doesn't matter that we don't have a pandemic anymore, but I saw the importance of being prepared, and having something more to offer, that justifies the investment of time and energy of the person, and his legitimate desire to know Kung Fu Ving Tsun.
With that, basically for the whole year of 2022, I have been going ONLINE once a week with Si Gung Leo Imamura and other Masters from Brazil and abroad to exchange knowledge about how to deepen our ability to understand how to transmit and preserve the Ving Tsun System finding approaches, words and reasoning structures that allow us to better connect with those who arrive and with those who are already there. In addition, with our group, we exchanged understandings and shared doubts throughout the week. It has been a very rich process. There are people there that I've known my whole life, and I've never talked for more than ten minutes, others are the opposite of that, and this balance brings a neutrality in relationships that help us understand what that group is for, and we don't waste time on anything that is not due to improvement.
Na noite de ontem , Si Gung falou sobre o quão feliz estava em poder viver aquele momento conosco. Segundo ele, esse era um cenário que havia visualizado por toda a sua carreira, e que muitos disseram que era impossível.
Porém, o que mais me chama a atenção nesse processo todo desde o início do ano, é o sentimento de acolhimento. Ouvi minha Si Taai Vanise Almeida falar de hospitalidade pela primeira vez, talvez em 2012 durante uma Visita Oficial promovida pelo Núcleo Copacabana. Na época, não era o meu momento para fazer uso desse conceito. Esse ano, comecei a falar mais disso. Acho que tem sido um processo bem especial, porque nesse grupo com tantas pessoas de diferentes saberes, a impressão que dá é que o seu conhecimento importa. Por mais pueril ou basal que algo que eu pense em perguntar ou compartilhar pudesse aparentar para mim em um primeiro momento. Me sinto motivado a contribuir.
E por serem encontros entre diferentes famílias, gerações e momentos e como ficarão gravados para a posteridade. Nesses encontros eu sou o “Mestre Pereira” - “Parece que o Mestre Pereira está com a mão levantada e quer contribuir. Boa noite Mestre Pereira, você quer falar, fica a vontade!” - Essa é uma fala corriqueira do Si Gung Leo Imamura. Eu as vezes escuto esse “Mestre Pereira”, e penso: “Poxa vida... Meus heróis de infância tinham uns nomes tão legais: Joe Armstrong [American Ninja], Frank Dux [Bloodsport], Tommy Lee [Best of The Best], Jake Donahue[King of Kickboxers] e eu sou o 'Mestre Pereira'...” - Porém, apesar de uma aparente formalidade quando sou chamado de “Mestre Pereira”, algumas coisas mais sérias passam pela minha cabeça: Uma delas, é que independente da diferença de gerações, nesses ambientes existe esse título que compartilho com outros, e que necessita trabalho duro para alcançar. Porém, mais do que a dedicação, lembro do voto de confiança que é dado, quando esse título é obtido. O voto de confiança, de que o “Mestre”, seja ele o “Mestre Pereira” ou algum outro com um nome mais radical, vai se dedicar para continuar estudando e se aprimorando continuamente... E esse é um desafio bem legal.
Last night, Si Gung talked about how happy he was to be able to live that moment with us. According to him, this was a scenario he had visualized his entire career, and which many said was impossible.
However, what most calls my attention in this whole process since the beginning of the year, is the feeling of acceptance. I heard my Si Taai Vanise Almeida talk about hospitality for the first time, perhaps in 2012 during an Official Visit promoted by the Copacabana School. At the time, it was not my time to make use of this concept. This year, I started talking about it more. I think it has been a very special process, because in this group with so many people from different backgrounds, the impression it gives is that your knowledge matters. As childish or basic as something I think about asking or sharing might seem to me at first. I feel motivated to contribute.
And because those are meetings between different families, generations and moments and how they will be recorded for posterity. In these meetings People calls me “Master Pereira” - “It seems that Master Pereira has his hand up and wants to contribute. Good evening Master Pereira, if you want to talk, feel free!” - This is a common speech of Si Gung Leo Imamura. I sometimes listen to this “Master Pereira”, and I think: “Oh man... My childhood heroes had such cool names: Joe Armstrong [American Ninja], Frank Dux [Bloodsport], Tommy Lee [Best of The Best ], Jake Donahue [King of Kickboxers] and I am 'Master Pereira'...” - However, despite an apparent formality when I am called “Master Pereira”, some more serious things cross my mind: One of them, is that regardless of the generation gap, in these environments there is this title that I share with others, and that needs hard work to achieve. However, more than the dedication, I remember the vote of confidence that is given when this title is obtained. The vote of confidence, that the “master”, be he “Master Pereira”, or someone with a more radical name... Will dedicate himself to continue studying and improving himself continuously... And this is a very special challenge.
A Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com
: