quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Master Julio Camacho and Carmen Maris: A story of Master and disciple.


 
[Carmen acompanha seu Mestre Julio Camacho em São Paulo]
[Carmen with her Master Julio Camacho in Sao Paulo]

Quando fiz minha admissão na Família Kung Fu, Si Fu disse algo que costumava repetir para todo o praticante que fazia esta mesma cerimonia - “Espero que não seja por acaso.” - Eu levei a sério apesar da minha pouca idade. Acontece, que por mais empolgado que você esteja no momento da admissão, permanecer no “jogo” da Vida-Kung Fu não é uma tarefa simples. Devido ao dinamismo da vida, e aos diferentes momentos que atravessamos , não são todos que conseguem fazer constantes ajustes ao longo do processo. Por isso, aqueles que atingem o último Domínio do Sistema Ving Tsun, e a partir deste, atingem um alto grau de Kung Fu, escasseiam. 
Quando Si Fu propôs um novo entendimento sobre o processo discipular em sua Família Kung Fu na segunda metade dos anos 2010, apesar de aderir imediatamente, tive muitas dúvidas com relação a esse novo formato. Sabia da importância que Si Fu dá ao “Baai Si” e por vezes percebi a falta da mesma vinda de alguns dos novos admitidos. Si Fu procura enxergar as coisas numa perspectiva relacional para a vida toda, daí sua boa vontade para esperar a pessoa amadurecer com relação ao discipulado. Porém, tivemos boas surpresas logo de imediato, supressas estas que condiziam com a tal frase -“Espero que não seja por acaso.”- De Si Fu. E uma dessas boas surpresas, sem dúvidas, foi a Carmen Maris. 

When I made my admission to the Kung Fu Family, Si Fu said something he used to repeat to every practitioner who did this same ceremony - "I hope it's not by chance." - I took it seriously despite my young age. It turns out that no matter how excited you are at the time of join Kung Fu Family, staying in the “game” of Kung Fu-Life is not a simple task. Due to the dynamism of life, and the different moments we go through, not everyone can make constant adjustments throughout the process. Therefore, those who reach the last Domain of the Ving Tsun System, and from there, reach a high level of Kung Fu, are scarce.
When Si Fu proposed a new understanding of the discipleship process in his Kung Fu Family in the second half of the 2010s, despite making it happen immediately, I had many doubts about this new format. I knew the importance that Si Fu gives to “Baai Si” and sometimes I noticed the lack of the same coming from some of the new disciples. Si Fu seeks to see things in a relational perspective for life, hence his willingness to wait for the person to mature in relation to discipleship. However, we had good surprises right away, suppressed that matched the phrase -"I hope it's not by chance.".. And one of those good surprises, without a doubt, was Carmen Maris.
[Carmen no Mo Gun que foi montado por sua iniciativa]
[Carmen at the Mo Gun wich was possible trough her initiative]

E por falar em citações, tem uma atribuída ao Patriarca Moy Yat que diz o seguinte - “Ser jovem e inexperiente é normal. Ser velho e experiente é normal. Ser jovem e experiente, é Ving Tsun” - Essa frase diz muito para mim, pois independente de nossa idade biológica, dependendo do contexto em que estamos inseridos, nosso amadurecimento precisará acontecer de maneira mais breve, para que a Família Kung Fu possa acolher uma diversidade maior de pessoas. A Família Kung Fu não pode estar restrita as nossas limitações pessoais, sejam elas inclusive técnicas. 
Carmen Maris, é uma irmã-Kung Fu que traz com ela uma grande bagagem de vivencias... Além de ter uma cultura muito vasta, um network extenso, traz também consigo um currículo profissional riquíssimo como produtora de muitos eventos no Brasil, sendo um deles o maior do país. Com todos esses features, a Família Kung Fu é obrigada a crescer para interagir com ela em alto nível. 
Meu Si Fu uma vez exemplificou isso falando de dois dos meus alunos. Um em idade escolar, e outro um tenente coronel. - “Devido a idade do Pedro, qualquer coisa que você falar para ele, vai soar como novidade e ele vai ter facilidade em aderir. Com o Keith, você vai precisar de uma maior coerência, pois ele vai ter condições de perceber se sua fala está furada. Se isso não estiver claro, você vai ficar com o Pedro por alguns anos mas o Keith você vai 'perder' em pouco tempo. ” - Concluiu Si Fu. 

And speaking of quotes, there is one attributed to Patriarch Moy Yat that says the following - “Being young and inexperienced is normal. Being old and experienced is normal. Being young and experienced is Ving Tsun” - This sentence says a lot to me, because regardless of our biological age, depending on the context in which we are inserted, our maturation will need to happen sooner, so that the Kung Fu Family can welcome a greater diversity of people. The Kung Fu Family cannot be restricted to our personal limitations, whether they are technical limitations.
Carmen Maris, is a Kung Fu sister who brings with her a great baggage of experiences... In addition to having a very vast culture, an extensive network, she also brings with her a very rich professional curriculum as a producer of many events in Brazil, being one of them the greatest in our country. With all these features, the Kung Fu Family is bound to grow to interact with her at a high level.
My Si Fu once exemplified this talking about two of my students. One of school age, the other a lieutenant colonel. - “Due to Pedro's age, anything you say to him will sound like news and he will be able to adhere to it easily. With Keith, you will need greater coherence, as he will be able to perceive if your speech is broken. If this is not clear, you will stay with Pedro for a few years more but Keith you will 'lose' in a short time. ” - Concluded Si Fu.


[Carmen na sua Cerimonia de Baai Si, ouvindo Si Fu]
[Carmen during her Baai Si Ceremony, listening to Si Fu]

Me referi a minha Si Mui Carmen Maris como uma “boa surpresa”, pois desde o primeiro momento ela se mostrou muito assertiva com relação ao que buscava. Após experiências pregressas em outra arte marcial, ela encontrou no Si Fu o mentor que buscava desde o início dos anos 2000... Seu convite para realizar o Baai Si não tardou. Para minha surpresa fui convidado, talvez por sugestão do Si Fu, e ela nos recebeu com muito carinho e acolhimento em sua residência. Me chamou a atenção na atitude da Carmen, uma disposição muito grande para a prática do Sistema Ving Tsun. Ela sempre deixou claro este seu desejo de um maior entendimento “técnico”[se pode assim dizer], e permaneceu fiel a isso. Em pouco tempo, Carmen já havia feito viagens em território nacional e também para fora do Brasil com Si Fu. Sempre se mostrou paciente e uma pessoa solícita com os irmãos Kung Fu, mas a tal “diferença” que ela daria, ainda estava por vir... 

I referred to my Si Mui Carmen Maris as a “good surprise”, because from the first moment she was very assertive about what she was looking for. After previous experiences in another martial art, she found in Si Fu the mentor she had been looking for since the early 2000s... Her invitation to do Baai Si did not take long. To my surprise I was invited when she was invited, perhaps at the suggestion of Si Fu, and she received us with great care and welcome at her residence. I was struck by Carmen's attitude, a very strong disposition to practice the Ving Tsun System. She has always made clear her desire for a greater “technical” [so to speak] understanding, and has remained faithful to it. In a short time, Carmen had already made trips in national territory and also outside Brazil with Si Fu. She has always been patient and a caring person with the Kung Fu brothers, but the "difference" she would make, was yet to come...



Você podia nos ver ali prestes a viajar para São Paulo[FOTO]. Si Fu estava já residindo nos EUA, e Carmen assim como eu , fazia parte de uma comitiva para o aniversário do nosso Si Gung, o Grão-Mestre Leo Imamura. Estávamos as vésperas da “quarentena” e aquela seria nossa última viagem como Família por um longo tempo. Duas semanas após voltarmos, Si Fu resolveu interromper as atividades por motivos de segurança em função da pandemia. Alguns meses depois, ele resolveu encerrar as atividades naquele espaço e entregar as salas que compunham nossa Casa-Kung Fu.
Naqueles dias de altas aventuras, pude perceber que Carmen já havia se apropriado da condição discipular. Afinal, ela foi uma das que mais se ressentiu da Família não ter mais um espaço para chamar de “Casa”. Pois ainda que nenhum empresário se dispusesse naquele momento a abrir uma sala, a alugar um imóvel...Carmen pareceu  estar enxergando a “Dimensão Kung Fu” das coisas... Para ela, a realidade estava numa posição inferior se comparado com o símbolo de uma Casa para a Família Kung Fu. Foi de relance, mas pensei em como essa atitude se assemelhava a do Si Fu em vários momentos ao longo de sua vida. É como um jeito de viver, que considera as circunstancias mas não se submete a realidade, fazendo com que o mais importante seja sempre feito independente dos recursos que dispomos.

You could see us there about to travel to São Paulo[PHOTO ABOVE]. Si Fu was already residing in the USA, and Carmen, like me, was part of an delegation for the birthday of our Si Gung, Grand Master Leo Imamura. We were on the eve of “quarantine” and this would be our last trip as a Family for a long time. Two weeks after we returned, Si Fu decided to stop activities for safety reasons due to the pandemic. A few months later, he decided to end activities in that space and hand over the rooms that made up our Kung Fu House.
In those days of high adventures, I could see that Carmen had already appropriated the discipleship condition. After all, she was one of the ones who most resented the Family not having a space to call “Home”. Because even if no businessman was willing at that moment to open a room, to rent a property... Carmen seemed to be seeing the "Kung Fu Dimension" of things... For her, reality was in an inferior position compared to the symbol of a House for the Kung Fu Family. It was at a glance, but I thought about how this attitude resembled Si Fu's at various times throughout his life. It is like a way of life, which considers the circumstances but does not submit to reality, making the most important thing always be done regardless of the resources we have.



Alguns meses depois, Carmen tomou a iniciativa de procurar uma sala. Conseguimos uma num shopping da Barra da Tijuca[FOTO]. A sala ficava no bloco ao lado do cinema... Exatamente o primeiro cinema em forma de estádio no Rio de Janeiro. Quando abriu em 1998, havia uma promoção de que a cada quatro tampinhas de garrafa pet do refrigerante Sukita, você ganhava um ingresso. Entre Julho de 1998 e Novembro de 1999, eu bebi Sukita como se não houvesse amanhã. Todas as Sextas eu estava no cinema com meu amigo Romarinho. Como não havia lugar marcado, sentávamos no topo da escada que dava no cinema esperando o horário da sessão. Existe ali umas janelas grandes de vidro que nos permitiam ver exatamente a sala, que 24 anos depois, seria um Mo Gun da Família Moy Jo Lei Ou por iniciativa da Carmen. Eu olhava para o Mo Gun toda semana, enquanto ouvia alguma música gravada em meu saudoso walkman da AIWA,sem imaginar...
Então se torna curioso falar sobre não desistir... Pois enquanto eu me entupia de Sukita para poder ir de graça ao cinema, naquele mesmo ano de '98,  Si Fu organizou grande parte do evento que recebeu Si Taai Gung Moy Yat no Rio de Janeiro por ocasião dos 10 anos da Família Moy Yat Sang. E ao final do evento, no corredor de um hotel na Avenida Princesa Isabel, Si Fu considerou seriamente desistir da jornada enquanto caminhava em direção ao elevador. Algo havia acontecido, que fez ele se sentir injustiçado ao ponto de quase desistir... Essas coisas acontecem com todo o discípulo, mas se o Si Fu tivesse de fato desistido naquele 1998, ele teria tirado a oportunidade da Carmen 24 anos depois, promover a montagem de uma das mais maravilhosas Casas-Kung Fu em que já nos estabelecemos. Não porque de fato precisássemos, mas porque ela, por inspiração do Si Fu, começava a enxergar o que o Si Fu sempre enxergou: A obra de arte no quadro ainda em branco. 

A few months later, Carmen took the initiative to look for a room. We got one in a mall in Barra da Tijuca[photo above]. The room was in the block next to the cinema... Exactly the first cinema in the form of a stadium in Rio de Janeiro. When it opened in 1998, there was a promotion that for every four brazilian Sukita soda pet bottle caps, you got a ticket. Between July 1998 and November 1999, I drank Sukita soda like there was no tomorrow. Every Friday I was at the movies with my friend Romarinho. As there was no reserved place, we sat at the top of the stairs leading to the cinema waiting for the movie session time. There are large glass windows there that allowed us to see exactly the room, which 24 years later would be a Mo Gun of the Moy Jo Lei Ou family, on the initiative of Carmen. I looked at the Mo Gun every week, while listening to some music on my late AIWA walkman, without imagining...
So it becomes curious to talk about not giving up... Because while I was stuffed with Sukita to be able to go to the movies for free, in that same year of '98, Si Fu organized a large part of the event that hosted Si Taai Gung Moy Yat in Rio de Janeiro. On the occasion of the 10th anniversary of the Moy Yat Sang Family. And at the end of the event, in the corridor of a hotel on Princesa Isabel Avenue in Copacabana, Si Fu seriously considered giving up the journey as he walked towards the elevator. Something had happened that made him feel injusticed to the point of almost giving up... These things happen to every disciple, but if Si Fu had actually given up in 1998, he would have taken Carmen's opportunity 24 years later to promote the setting up of one of the most wonderful Kung Fu Houses we have ever established. Not because we actually needed to, but because she, inspired by Si Fu, began to see what Si Fu always saw: The work of art on the board still blank.


The Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com


 





quinta-feira, 8 de setembro de 2022

THIAGO PEREIRA IN USA NEXT NOVEMBER

 

[Em uma de suas viagens, meu Mestre voltou contando o quão curioso era observar os chineses em Nova York, lendo jornal com tranquilidade de manhã com terno e gravata, quando os demais corriam para o trabalho. Achei aquela história curiosa, mais tarde, aprendi a importância de trabalhar quando ninguém está olhando, seja a hora que for, deixando tudo preparado, para fazer pequenos ajustes depois. Quando as pessoas veem você, parece que sua vida é fácil. 
Na foto acima, preparo as aulas de chinês].

[On one of his trips, my Master came back telling how curious it was to observe the Chinese people in New York, calmly reading the newspaper in the morning with a suit, when the others were running to work. I found that story curious, later on, I learned the importance of working when no one is looking, whatever the time, leaving everything prepared, to make small adjustments later. When people see you, it seems like your life is easy.
In the photo above, I prepare the Chinese lessons].



Foi um longo caminho... Acredite, mas posso lembrar com clareza de uma noite qualquer em 1993 na casa de uma das minhas tias. Colocaram um VHS das minhas primas em sua viagem para a Disney. Eu morava em Rocha Miranda[Zona Norte do Rio], não havia internet, e muita coisa que eu via e vivia graças aos meus parentes, pareciam mentiras que eu estava contando. Para se ter uma ideia, o simples fato de eu dizer que tinha primos que já haviam ido aos EUA, era difícil de acreditar ali em nosso bairro... Anos depois, conheci meu Mestre. Ele ia aos EUA ano após ano, as vezes duas vezes ou mais por ano devido a algum compromisso acompanhando seu próprio Mestre, GM Leo Imamura. Quando desenvolvemos maior proximidade, eu comecei a levá-lo e a buscá-lo no aeroporto. Ele chegava sempre contando muitas histórias e estava sempre bem empolgado. Apesar de que em seu retorno da viagem de 2016,eu ter sabido em primeiro mão num engarrafamento de uma das principais vias expressas de nossa cidade , que havia uma possibilidade a partir daquele momento dele se mudar para os EUA. Meu momento favorito nessas voltas dele dos EUA, foi na viagem em 2011... Eu estava recomeçando minha vida, acho que era Janeiro, e ele me contou muito entusiasmado sobre suas descobertas a respeito de 'Feng Shui' naquela viagem. 

It's been a long road... Believe me, but I can clearly remember a random night in 1993 at one of my aunts' house. They played a VHS of my cousins ​​on their trip to Disney. I used to live in Rocha Miranda[a small tough and poor neighborhood in Rio], there was no internet, and a lot of things I saw and experienced thanks to my relatives seemed like lies I was telling. To give you an idea, the simple fact that I said that I had cousins ​​who had already been to the USA, it was hard to believe there in our neighborhood... Years later, I met my Master. He went to the USA year after year, sometimes twice or more a year due to some commitment accompanying his own Master, GM Leo Imamura. As we developed closer together, I started taking him and picking him up at the airport. He always arrived telling many stories and was always very excited. Despite the fact that on his return from the 2016 trip, I knew firsthand in a traffic jam on one of the main expressways of our city on the way back from the airport, that there was a possibility from that moment on he would move to the USA. My favorite moment of his US trips was on the trip in 2011... I was starting my life over, I think it was January, and he told me very enthusiastically about his discoveries about 'Feng Shui' on that trip.
[Meu Mestre Julio Camacho talvez tenha mais de 
quarenta entradas em NY por conta do Kung Fu]

[My Master Julio Camacho is perhaps more than
forty entries to NY on account of Kung Fu]


Ao longo desses muitos anos, meu Mestre insistiu muito para que eu tirasse um 'visto' para os EUA e me organizasse para acompanhá-lo. Nunca me movimentei para faze-lo, mas não era o caso de não dar importância, eu simplesmente não entendia como isso seria possível. 
Em 2015, alguns dos meus irmãos-Kung Fu mais próximos fizeram a viagem junto do meu Mestre. Foi uma viagem muito especial, mas eu em nenhum momento, me senti perdendo algo. Eu simplesmente tinha certeza que não era para mim. Não conseguiria. Naquele ano, alguns membros da Linhagem Moy Yat que acompanham os artigos deste site e que acabaram desenvolvendo uma relação comigo, perguntaram quando eu iria. De fato, muitos já perguntaram isso para mim. 

Over these many years, my Master was very insistent that I get a 'visa' for the USA and organize myself to accompany him. I never moved to do it, but it wasn't a case of not caring, I just didn't understand how that was possible.
In 2015, some of my closest Kung Fu brothers made the trip with my Master. It was a very special trip, but I never felt like I was missing something. I was just sure it wasn't for me. I couldn't. That year, some members of the Moy Yat Lineage who reads the articles on this site and who ended up developing a relationship with me, asked when I would go. In fact, many have already asked me that.

[Quando se é um Líder de Família Kung Fu, ou quando estamos a frente de um trabalho, 
representando nosso próprio Mestre. Precisamos sempre dar o exemplo. 
Não podemos ficar presos em nossa própria limitação. 
Representamos muito mais do que nós mesmos.]

[When you are a Kung Fu Family Leader, or when you are in charge of a work,
representing your own Master. We always need to lead by example.
We cannot get stuck in our own limitations.
We represent much more than ourselves.]

Finalmente, um dia estava saindo do metro em uma estação da Zona Norte da cidade. Troquei algumas mensagens com meu Mestre que estava visitando o Brasil. Devido a tudo o que ele já fez por mim, resolvi perguntar se ele não aceitaria ficar mais uma semana, para ter tempo de ficar com suas filhas. Ofereci uma passagem de volta para ele e sua esposa, para dali a uma semana. Ele aceitou, e lhe foi possível aproveitar com sua família. 
Naquele mesmo dia, saíamos juntos da Casa-Kung Fu que fica situada no Downtown na Barra da Tijuca, e ele mais uma vez perguntou sobre meu “visto”. Disse que “estava vendo”, como sempre quando entrávamos nesse assunto. Meu Mestre comentou - “Você percebeu o que você fez hoje?”- Pensei bem em que tinha errado, mas ele prosseguiu - “ Você comprou duas passagens para os EUA e nem percebeu.” - Eu já havia viajado por toda a Europa com meu Mestre em duas diferentes oportunidades, não era sobre a passagem, era sobre uma “trava” que eu tinha, de não acreditar que eu conseguiria ir para os EUA. - “Você cometeu um erro comprando essas passagens, porque agora você não vai ter mais a desculpa de ser o cara de Rocha Miranda que não consegue fazer uma viagem para os EUA.”- Nesse momento eu estava bem emocionado enquanto dirigia, e dentre outras falas, meu Mestre concluiu - “Sabe o que significam essas duas passagens? Uma ida e uma volta. Você nem pensou pra comprar porque era para mim, agora você não tem mais desculpa, tira logo essa porcaria de 'visto'...”

Finally, one day I was getting off the subway at a station in the North Zone of the city. I exchanged some messages with my Master who was visiting Brazil. Because of everything he's done for me, I decided to ask him if he wouldn't agree to stay another week, so he could spend time with his daughters. I offered him and his wife a new airplane ticket a week later. He accepted, and he was able to enjoy it with his family.
That same day, we were leaving the Kung Fu School which is located in West Zone together, and he once again asked about my “visa”. I said to him a brazilian expression for when you are doing nothing about something, but you dont want to say it - “Im watching it , Si Fu” . My Master commented - "Did you realize what you did today?" - I thought about what I had wrong, but he continued - " You bought two tickets to the USA and didn't even realize it." - I had already traveled all over Europe with my Master on two different occasions, it was not about the tickets, it was about a “limitation belief” I had, of not believing that I would be able to go to the USA. - “You made a mistake buying these tickets, because now you won't have the excuse of being the Rocha Miranda neighbourhood's guy who can't make a trip to the USA.”- At that moment I was very emotional while driving, and among others words, my Master concluded - “Do you know what these two tickets mean? A round trip. You didn't even think about buying it because it was for me, now you have no more excuses, get that crap 'visa' right away...”

Dois meses depois, eu tirei a foto acima. Sei que para quem leu até aqui, a pergunta que fica, é sobre qual a dificuldade em fazer isso... Bem, você precisa lembrar daquela noite em 1993... Você podia me ver ali, vendo aquele VHS da viagem das minhas primas... Os EUA não deveriam ser para mim... E de fato, eu acreditei nisso. Foi necessária uma ação de gratidão para com meu Mestre, para que tivéssemos aquela conversa naquele fim de tarde voltando para a casa da sua mãe onde ele estava hospedado. Para que depois de tantas vezes com ele perguntando sobre o “visto” eu me movesse para tirá-lo. 
Então, com muito alegria poderei compor a comitiva para os EUA desse ano... Começaremos pelo estado onde meu Mestre vive e os anos '80 nasceram, e depois iremos para Nova York encontrar praticantes de várias partes do mundo, culminando na celebração do aniversário da Matriarca da Linhagem Moy Yat, a querida Sra Helen Moy. 
Serão dias de altas aventuras com muito neon, Chinatown, práticas intermináveis e muita Vida-Kung Fu principalmente! Mas voce já pode me imaginar dirigindo o carro que vamos alugar na John Ringling Boulevard em Sarasota, enquanto toca o refrão de “Africa” da banda Toto...

Two months later, I took the photo above. I know that for those who have read this far, the question that remains is how difficult it is to do this... Well, you have to remember that night in 1993... You could see me there, watching that VHS of my cousins' trip ... The US shouldn't be for me... And indeed, I believed it. It took an action of gratitude towards my Master, for us to have that conversation that late afternoon on our way back to his mother's house where he was staying. So that after so many times with him asking about the “visa” I would move to get it.
So, with great joy I will be able to compose the delegation to the USA this year... We will start with the state where my Master lives and the '80s were born, and then we will go to New York to meet practitioners from various parts of the world, culminating in the celebration of the anniversary of the Moy Yat Lineage Matriarch , dear Mrs Helen Moy.
It will be days of high adventures with a lot of neon, Chinatown, endless practices and a lot of Kung Fu Life mainly! But you can already imagine me driving the car we are going to rent on John Ringling Boulevard in Sarasota, while playing the chorus of  “Africa” by the band Toto...



The Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myvt@gmail.com