quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

A LATE AFTERNOON LIKE THOSE IN HONG KONG.


 "...Naquele dia, não ouvi palavras de apoio de Si Fu durante o almoço. Ouvi o que tinha de ser dito. E de tudo que ouvi lembro de um exemplo que ele me deu. Algo como: 'Thiago, é como se você tivesse um pincel, tinta e um papel em mãos. Você sujou o papel, não tem mais como limpar, não tem mais como apagar, não tem mais como fazer de novo...' - Esse é um trecho de um artigo e 2017 chamado 'How did I learn the Luk Dim Bun Gwaan'. [AQUI]
Como meu Si Fu morava na rua ao lado da minha, e mais tarde naquela mesma época, algumas ruas depois. Acabávamos por nos ver bastante, pois eu entendi que a abertura que ele me dava e a pouca distancia entre as nossas moradias, me favorecia procurá-lo sempre que precisasse. Ao longo dos anos, esse acesso irrestrito seguiu de diferentes maneiras. Acontece que como muitas coisas na vida, acreditamos que será para sempre. Porém, não é bem assim. 
Durante sua última visita, Si Fu acabou chegando mais cedo. Ele ficou sentado no lugar reservado para ele, vendo toda a agitação da arrumação dos eventos principais desta visita. Disse-me ele, que sentia falta de estar nesse ambiente. 
Então em determinado momento ele resolveu sair do recinto e eu o acompanhei até um banco mais afastado. Estávamos num condomínio de prédios na Barra da Tijuca com uma área comum para transitar entre os blocos. O clima estava fresco, ventava um pouco e era fim de tarde. Ficamos sentados num banco mais isolado[foto] e numa curiosa sintonia, ambos lembramos de Hong Kong. Tudo naquele cenário, lembrava os prédios de lá. - “O clima de Hong Kong é assim mesmo!” - Comentou ele. 
Antes de nos sentarmos, enquanto caminhávamos, ele me perguntou como estava sendo o evento para mim. Comentei que um ocorrido tinha chegado de maneira ruim para mim, ele sorriu e começou a falar sobre “Tempo”. Ele me chamou a atenção para o fato de que quando morrermos, não teremos a possibilidade de nos despedirmos de algumas das pessoas mais queridas por nós. E para aquelas que não estávamos num bom momento da relação, pode ser que nosso último contato não tenha sido dos melhores, mas será o último mesmo assim. Então ele falou de estar tentando viver a vida mais leve, com seu interior plácido como a água, e que esperava que a Família Kung Fu da qual é Líder pudesse viver dessa forma. 
Diferentes de outras oportunidades, quem sugeriu tirar essa foto acima foi o próprio Si Fu. Foi uma ação bem oportuna da parte dele, pois estava tão imerso em nossa conversa, que não pensaria em registrar um momento como esse. Já que devido a tantas demandas e por morar em outro país, momentos de contemplação como esse já não são mais tão comuns. Diferente de quando era mais novo, e o procurava a todo o momento. 
Quando conheci Si Fu ele iria fazer 30 anos de idade, atualmente ele fará 53 anos... Aquela conversa inesperada, me fez pensar em muita coisa e na minha falta de ética na maneira de tratar o meu tempo. A questão não é em que posso ou não gastar o meu tempo, mas em que gasto meu tempo de maneira consciente e por escolha. Posso mascarar meu investimento de tempo em algo por conta de uma convenção social, mas em primeiro lugar deve estar a força adquirida advinda dos anos de prática, para ter a coragem suficiente em dedicar meu tempo naquilo que eu escolhi. Então, é como o próprio Si Fu escreveu-me certa vez: "Que a vida siga sempre, para onde o coração apontar”.
-E aquela questão que te incomodou? Ainda incomoda? - Perguntou ele já querendo rir.
-Não, não, Si Fu. Já ficou tranquilo. - Respondi rindo. 


"...That day I did not hear Si Fu's words of support during lunch. I heard what had to be said. And from everything I heard I remember an example he gave me. Something like: "Thiago, it's like you had a paintbrush, ink and a paper in your hands. You've messed up the paper, you do not have a way to clean anymore, there's no way to erase, you can not do it again..." -This is an excerpt from a 2017 article called 'How did I learn the Luk Dim Bun Gwaan'. [HERE]

As my Si Fu used to live on the street next to mine, and later that same time, a few streets away. We ended up seeing each other a lot, because I understood that the opening he gave me and the short distance between our houses, favored me to look for him whenever I needed to. Over the years, this unrestricted access has followed in different ways. It turns out that like many things in life, we believe it will be forever. However, it is not quite like that.
During his last visit, Si Fu ended up arriving earlier. He sat in the seat reserved for him, watching all the hustle and bustle of arranging the main events of this visit. He told me that he missed being in that environment.
So at one point he decided to leave the room and I followed him to a bench further away. We were in a condominium of buildings in Barra da Tijuca with a common area to move between the blocks. The weather was cool, it was windy and it was late afternoon. We sat on a more isolated bench [photo] and in a curious harmony, we both remember Hong Kong. Everything in that scenario, I remembered from there. - “Hong Kong weather is just like that!” - He commented to me.
Before we sat down, as we walked, he asked me how the event was going for me. I commented that something had happened in a bad way for me, he smiled and started talking about “Time”. He called my attention to the fact that when we die, we won't be able to say goodbye to some of the people most dear to us. And for those who weren't in a good moment of the relationship, it may be that our last contact wasn't the best, but it will be the last anyway. Then he spoke of trying to live the lighter life, with a placid interior as water, and that he hoped that the Kung Fu Family of which he is the Leader could live that way.
Unlike other opportunities, the one who suggested taking this photo above was Si Fu himself. It was a very timely move on his part, as I was so immersed in our conversation, I wouldn't have thought of photographed a moment like this. Since due to so many demands and for living in another country, moments of contemplation like this are no longer so common. Unlike when I was younger, and I looked for him all the time.
When I met Si Fu for the very first time he would be 30 years old, currently he will be 53 years old... That unexpected conversation made me think about a lot about my lack of ethics in the way I treat my time. The question is not what I can or cannot spend my time on, but what I spend my time on consciously and by choice. I can mask my investment of time in something because of a social convention, but first there must be the strength gained from years of practice, to have the courage to dedicate my time to what I chose. So, it's like Si Fu himself once wrote to me: "May life always follow, wherever the heart points".
-And that question that bothered you? Does it still bother you? - He asked already wanting to laugh.
-No, no, Si Fu. It's calmed down. - I replied laughing.


The Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira "Moy Fat Lei"
moyfatlei.myv

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

An essay on my fear of the “Baat Jaam Do”


[Meu par de facas feito pelo Mestre Leandro Godoy] 
[My pair of knives made by Master Leandro Godoy]

Acessei o Domínio “Baat Jaam Do” em Julho de 2008. Era o último Domínio do Sistema Ving Tsun. Chamamos de “Domínio” porque corresponde a um território dentro do Sistema Ving Tsun, no qual certas características dos 'gestos'[Numa tradução rasteira para jiu sik 招式] presentes, são enfatizadas. Esse acesso se deu a 14 anos atrás... Eu tinha 24 anos de idade, estava em um momento em que a vida me obrigava a amadurecer e eu resistia bravamente. O “Baat Jaam Do” chegou bem nessa hora... E eu que sempre tratei o Sistema Ving Tsun como algo que poderia ser resolvido com força de vontade, comecei a duras penas, a perceber que não era nada disso... 
Por questões de saúde, eu sempre pratico o Siu Nim Tau[1º Domínio do Sistema]. Por prazer, eu tenho o Luk Dim Bun Gwan [Domínio em que se usa o bastão] como meu favorito. Porém , aquele que é o mais desafiador e amargo para mim, sem dúvidas é o “Baat Jaam Do”.

I accessed the “Baat Jaam Do” Domain in July 2008. It was the last Domain of the Ving Tsun System. We call it “Domain” because it corresponds to a territory within the Ving Tsun System, in which certain characteristics of the 'gestures' [A rough translation to jiu sik 招式] present are emphasized. This access took place 14 years ago... I was 24 years old, I was at a time when life forced me to mature and I was bravely resisting. The “Baat Jaam Do” arrived right at that time... And I, who always treated the Ving Tsun System as something that could be solved with willpower, began to struggle, realizing that it was nothing like that...
For health reasons, I always practice Siu Nim Tau [1st Domain of the System]. For pleasure, I have Luk Dim Bun Gwan [Domain in which the staff is used] as my favorite. However, the one that is the most challenging and bitter for me, without a doubt, is the “Baat Jaam Do”.

Então, tem alguns anos que eu encomendei meu par de facas com o Mestre Leandro Godoy da Argentina. Ele é um artista, e o resultado é possível observar na foto acima. Eu visualizei meu par de facas desde 2006, devido a um seriado que assistia quando chegava da faculdade. O formato não saiu como pensei, mas sabia que teria a lamina negra e o cabo de madeira. Apesar disso, não estava muito animado para fazer, e apenas por insistência de meu Si Fu eu encomendei. Quando recebi o par de facas, deixei guardado por mais de um ano. Não cheguei a tirar da bainha. Segui praticando com as facas de nylon e a de metal, que encomendei de Foshan em 2009. 

So, it's been a few years since I ordered my pair of knives from Master Leandro Godoy from Argentina. He is an artist, and the result can be seen in the photo above. I've visualized my pair of knives since 2006, due to a show I watched when I got home from college. The shape didn't turn out as I thought, but I knew it would have a black blade and a wooden handle. Despite that, I wasn't very excited to do it, and only at the insistence of my Si Fu I ordered it. When I received the pair of knives, I kept them for over a year. I didn't get it out of the sheath. I continued practicing with the nylon and metal knives, which I ordered from Foshan in 2009.
[Moy Fat Lei” vai na lamina]
[Moy Fat Lei” on the blade]

Finalmente eu peguei as facas feitas pelo Mestre Leandro, meu Si Suk, para praticar. Ao segurá-las, apenas pela qualidade das facas, pude entender muito do que o Si Fu me chamou a atenção por anos... Coisas que com um par de facas de nylon ou de má qualidade, precisam muito da participaçãodo  praticante. Quando na verdade, esse par tão bem feito pelo Si Suk Leandro, já porta diversos potenciais nele mesmo... E com tantas qualidades intrínsecas, eu costumo me perguntar :“Ei cara, por que você está triste?” - Sempre que pratico com este par de facas. 
Nessas horas, muitos sentimentos vem a tona. Um deles, é a noção de que mesmo sabendo que em termos de estratégia, a “coragem” e o “medo” são circunstanciais. Me percebo mais “medroso” do que gostaria na maior parte do tempo... 
Essas facas são tão bem feitas, que elas quase que autorregulam  o que eu faço. É como se você soubesse que deveria colocar determinada energia no movimento... Mas na hora você vê que mesmo sabendo que deve e querendo, não pode. Porque seu corpo não acompanha o raciocínio e você pode se machucar. Em outros momentos, seu corpo acompanha, mas você não está tão confiante. Isso acontece, quando percebo a quantidade de vezes que ainda aponto a faca para mim mesmo. Sendo esta uma faca com uma energia diferente das que eu estava acostumado, incomoda imediatamente tê-las em minha direção. Então diminuo a velocidade, e percebo que uma necessidade de controle nesse momento aflora[Daai Nim Tau 大念頭], e faz com que eu saia da natureza proposto por esse Domínio. 

Finally I took the knives made by Master Leandro, my Si Suk, to practice. By holding them, just for the quality of the knives, I could understand a lot of what Si Fu called my attention for years... Things that with a pair of nylon knives or of poor quality, need a lot of the practitioner's participation. When in fact, this pair so well made by Si Suk Leandro, already has several potentials in it... And with so many intrinsic qualities, I usually ask myself: "Hey man, why are you sad?" - Whenever I practice with this pair of knives.
At these times, many feelings come to the surface. One of them is the notion that even knowing that in terms of strategy, “courage” and “fear” are circumstantial. I feel more “fearful” than I would like most of the time...
These knives are so well made, they almost self-regulate what I do. It's as if you knew that you should put certain energy into the movement... But at the time you see that even though you know you should and you want to, you can't. Because your body doesn't follow the reasoning and you can get hurt. At other times, your body follows suit, but you're not as confident. This happens when I realize how many times I still point the knife at myself. This being a knife with a different energy than what I was used to, it immediately bothers me to have them in my direction. So I slow down, and I realize that a need for control arises at that moment [Daai Nim Tau 大念頭], and makes me leave the nature proposed by this Domain.


[Costumo gravar minhas práticas para assistir depois. 
As vezes só as mãos, as vezes só os pés, as vezes o tronco...as vezes todos].

[I often record my practices to watch later.
Sometimes just the hands, sometimes just the feet, sometimes the torso... sometimes all].


Tem um cantinho do Mo Gun que gosto de sentar[foto]. Quando pratico sozinho, nas pausas fico sentado ali. Quando me dediquei com mais afinco ao “Luk Dim Bun Gwan” em 2020, eu me sentava ali e mal podia esperar para recuperar o folego e começar novamente. Agora já não é mais assim... O “Baat Jaam Do” me mostra de tantas formas diferentes, todos os excessos que o meu Kung Fu ainda promove, que quando me sento ali sempre penso nos momentos em que fiz isso também na minha vida pessoal. Não penso só nos excessos, mas penso também quando agi abaixo do que deveria, por falta de confiança. E recentemente, isso me lembra um dos episódios de um canal de youtube que acompanho do Sensei Arakaki. O título indaga: “E quando a flecha lançada volta?” - Esse título faz referencia ao adágio de que a flecha lançada não volta, assim como a palavra dita. Mas volta sim... E volta forte. 
Quando comecei a pensar mais sério na tatuagem que fiz nas costas, meu Si Fu me alertou para não dar muita ênfase a um único animal. Segundo ele, enfatizar uma única natureza não traz bom equilíbrio - :“Por isso tenho três naturezas bem distintas em minhas tatuagens” - Disse ele. Por isso, acredito que eu faça mais tatuagens no futuro...  Sobre o “Baat Jaam Do”, sua natureza me pede um refinamento de maneira muito visceral...  E me traz a reflexão sobre as trapalhadas que fiz por falta deste mesmo refinamento em situações do dia a dia ao longo dos anos. E além disso, um par de facas que quase tem vida própria, me desafiam cada vez mais. Afinal, quem quer lidar com os próprios pontos a melhorar? 
Mas eu sei que cada vez que as tiro da bainha, tem muito de compromisso e Kung Fu. Se não fosse o Kung Fu que aprendi com meu Si Fu, não mexeria nelas. Porque na maioria das vezes, não se trata de um par de facas, mas de um espelho. 

There is a corner of the Mo Gun that I like to sit in [photo]. When I practice alone, during breaks I just sit there. When I put my heart into “Luk Dim Bun Gwan” in 2020, I would sit there and couldn't wait to catch my breath and start again. Now it's not like that anymore... The “Baat Jaam Do” shows me in so many different ways, all the excesses that my Kung Fu still promotes, that when I sit there I always think about the moments when I did that too in my daily life . I don't just think about excesses, but I also think about when I acted below what I should, due to lack of confidence. And recently, this reminds me of one of the episodes of a youtube channel that I follow by Sensei Arakaki. The title asks: “And when does the arrow that is shot return?” - This title refers to the adage that the arrow launched does not return, as well as the spoken word. But it does come back... And it comes back strong.
When I started to think more seriously about the tattoo I did on my back, my Si Fu warned me not to give too much emphasis to a single animal. According to him, emphasizing a single nature does not bring a good balance - :"That's why I have three very different natures in my tattoos" - He said. That's why I believe I'll get more tattoos in the future... About the “Baat Jaam Do”, its nature asks me for a refinement in a very visceral way... And it brings me to the reflection on the mess I made for lack of this same refinement in everyday situations over the years. And on top of that, a pair of knives that almost have a life of its own, challenge me more and more. After all, who wants to deal with their own points to improve?
But I know that every time I take them out of the sheath, there's a lot of commitment and Kung Fu. If it wasn't for the Kung Fu I learned from my Si Fu, I wouldn't touch them. Because most of the time, it's not a pair of knives, but a mirror.



The Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira 'Moy Fat Lei'
moyfatlei.myvt@gmail.com






quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

BIU JI: AN ESSAY ON 'GAU GAP[救急]'

 

[Si Fu toma uma das facas de minhas mãos, durante prática em sua visita mais recente ao Brasil]
[Si Fu takes one of the knives from my hands, during practice on his most recent visit to Brazil]

Podemos dizer, que a base do Pensamento Clássico Chinês são as condicionantes e não o objetivo. Talvez por isso, o artista marcial não trabalha com 'metas'. Isso ocorre, porque muitas vezes o objetivo se torna algo além de nossa capacidade de realizar. E nesse momento nos enganamos, pois relacionamos a dificuldade de execução com empenho. Porém, podemos nos perguntar: Como seria um esforço o qual, nos empenhamos em não nos esforçar? Pois, como nós negligenciamos os recursos externos que estão ao nosso redor, não conseguimos realizar o que queremos sem um esforço hercúleo. Ou muitas vezes, podemos apenas não enxergar esses recursos externos, e somos obrigados[as vezes consciente outras vezes inconscientemente] a usar apenas nossa própria capacidade. 
Quando falamos em 'Gau Gap[救急]', estamos falando de emergência. Essa emergência ocorre quando não estamos conectados com o que está externo a nós, e não captamos certas sutilezas, que nos obrigam a agir emergencialmente. É como  se desconsiderássemos viver a nossa vida, como uma forma de arte: A arte de viver a vida. 
Outro sentimento presente quando falamos em  'Gau Gap[救急]' em nosso dia a dia, é a constante sensação de que temos que dar conta de todos os desafios apresentados sozinhos e por nossa conta. Acreditamos em nosso protagonismo, independente das circunstancias. Porém, se nos dedicássemos a entender o que é mais importante a cada momento, ao invés do protagonismo. O efeito não seria maior do que o autor?

We can say that the basis of Classical Chinese Thought is the conditions and not the objective. Maybe that's why the martial artist doesn't work with 'goals'. This is because often the goal becomes something beyond our ability to accomplish. And at that moment we were wrong, because we relate the difficulty of execution with commitment. However, we can ask ourselves: What would an effort be like which, we strive not to make an effort? Because, as we neglect the external resources that are around us, we cannot accomplish what we want without a Herculean effort. Or many times, we may just not see these external resources, and we are obliged [sometimes consciously, sometimes unconsciously] to use only our own ability.
When we talk about 'Gau Gap[救急]', we're talking about an emergency. This emergence occurs when we are not connected with what is external to us, and we do not capture certain subtleties, which force us to act urgently. It's as if we don't disregard living our life as an art form: The art of living life.
Another feeling present when we talk about 'Gau Gap[救急]' in our daily lives is the constant feeling that we have to deal with all the challenges presented alone and on our own. We believe in our leading role, regardless of the circumstances. However, if we dedicated ourselves to understanding what is most important at each moment, instead of protagonism. Wouldn't the effect be greater than the author?


[Café da manhã com Si Fu]
[breakfast with Si Fu]

Durante a visita mais recente de Si Fu, me foi possível ter uma série de conversas com ele, e esclarecer uma série de pontos que para mim eram importantes. Com isso, fiquei mais relaxado com relação a algumas questões que compreendi não serem prioridades naquele momento. Então, a partir dessas conversas, Si Fu me possibilitou ter uma maior capacidade de avaliação. Essa avaliação mais profunda do cenário em que estamos, por um lado me deixou mais tranquilo e por outro, me permitiu também observar fatores não aparentes. 
É curioso falar disso, porque valorizar a importância de um tema sem perder o seu entorno, sempre foi uma dificuldade para mim. Tanto em momentos de Vida Kung Fu, quanto em momentos de prática. 

During Si Fu's latest visit, I was able to have a series of conversations with him, and clarify a number of points that were important to me. With that, I became more relaxed about some issues that I understood were not priorities at that time. So, from these conversations, Si Fu enabled me to have a greater ability to evaluate. This deeper assessment of the scenario we are in, on the one hand, made me relaxed and, on the other hand, also allowed me to observe non-apparent factors.
It's interesting to talk about this, because valuing the importance of a topic without losing its surroundings has always been a difficulty for me. Both in moments of Kung Fu Life and in moments of practice.

[Si Fu toma a segunda faca da minha mão, e aproveita o mesmo movimento para me atacar].
[Si Fu takes the second knife from my hand, 
and takes advantage of the same movement to attack me].

Recentemente durante uma prática de 'Baat Jaam Do', Si Fu me perguntou o que gostaria de praticar. Respondi que gostaria de ver um trecho em específico da sequencia de movimentos deste Domínio. Eu deveria mover a faca , mudando ela de posição drasticamente com apenas uma mão. Si Fu me questionou sobre o que eu deveria fazer com a outra enquanto isso. Eu tentei por vezes, mas em todas ficava um furo que eu não conseguia cobrir. 
Acredito que esses momentos de Vida Kung Fu com meu Si Fu, tenham me ajudado a prestar mais atenção no que estava bem diante nos meus olhos. A pensar de forma mais simples e observar os pequenos detalhes. E com isso, não digo que já estou pronto para faze-lo, mas corporalmente tenho consciência que num nível mais alto. A partir de um pequeno foco, posso progressivamente atentar ao entorno e ao processo onde a sucessão de eventos de um trecho como esse que tentava executar. Vai poder ser compreendido através de uma atenção sucessiva, entendendo o que é mais importante a cada momento. Pois caso não amadureça para perceber as sutilezas das coisas, só vou me dar conta quando elas já tiverem acontecido, então tudo será 'emergência' para mim. Um eterno 'Gau Gap[救急]'.

Recently during a practice of 'Baat Jaam Do', Si Fu asked me what I would like to practice. I replied that I would like to see a specific part of the sequence of movements in this Domain. I was supposed to move the knife, shifting it drastically with just one hand. Si Fu asked me what I should do with the other in the meantime. I tried sometimes, but every time there was a hole that I couldn't cover.
I believe that these moments of Kung Fu Life with my Si Fu, have helped me pay more attention to what was right in front of my eyes. To think more simply and observe the small details. And with that, I don't say that I'm ready to do it, but bodily I'm aware that on a higher level. From a small focus, I can progressively pay attention to the surroundings and the process where the succession of events of a stretch like the one I was trying to execute. It will be able to be understood through successive attention, understanding what is most important at each moment. Because if I don't mature enough to understand the subtleties of things, I'll only realize when they've already happened, then everything will be 'emergency' for me. An eternal 'Gau Gap[救急]'.


The Disciple of Master Julio Camacho
Thiago Pereira 'Moy Fat Lei'
moyfatlei.myvt@gmail.com