Recentemente pude comunicar ao meu Mestre Julio Camacho uma singela conquista particular, depois de oito meses de muitos altos e baixos. Na ocasião, ele disse que primeiramente queria dar os “parabéns”, pois conhecia bem o sentimento que estava sentindo, por já ter vivenciado o mesmo processo por mais de uma vez. Ele também disse entender bem o alívio que aquele momento proporcionava.
Bom, eu comecei a praticar Ving Tsun para me defender de “bullying”, mas com o tempo, percebi que nossos maiores adversários não são possíveis de serem golpeados. Me refiro a uma ansiedade que nos toma por completo, talvez um desespero ou uma falta de esperança, quando vivenciamos uma dívida, um rompimento de relação, um problema de saúde ou mesmo familiar [Dentre outros...]. Em momentos assim, caso não estejamos inteiros, fica bem mais difícil resolver essa situação... Nós pensamos em nos tornarmos grandes lutadores, mas quando a luta chega, entendemos o que meu Si Fu me disse no início da década passada - “Pereira, lembra sempre disso: Qualquer pessoa que fale que gosta de luta, nunca lutou na vida.” - Disse-me ele durante um café nos arredores do Condomínio Interlagos de Itaúna, na Zona Oeste do Rio.
Mas seria possível nos colocarmos deliberadamente numa situação adversa?
I was recently able to communicate to my Master Julio Camacho a simple particular achievement, after eight months of many ups and downs. At the time, he said that first he wanted to say “congratulations”, because he knew the feeling I was feeling very well, having already experienced the same process more than once. He also said he understood well the relief that moments like that provided.
Well, I started to practice Ving Tsun to defend myself against “bullying”, but with time, I realized that our biggest opponents are not possible to be hit. I am referring to an anxiety that takes us completely, perhaps a despair or a lack of hope, when we experience a money debt, a relationship breakup, a health or even family problem [Among others...]. In moments like this, if we are not in one piece, it becomes much more difficult to resolve this situation... We think about becoming great fighters, but when the fight comes, we understand what my Si Fu told me at the beginning of the last decade - "Pereira, always remember this: Anyone who says that he likes to fight, he has never fought in his life.” - He told me during a coffee in the West Zone of Rio.
But is it possible to deliberately place ourselves in an adverse situation?
Sabemos que entrar em evidencia em termos de Pensamento Clássico Chines, não parece muito adequado. Apesar disso, acredito muito em não nos abstermos de nos colocarmos para as situações, ainda que elas tragam um fardo que possa nos “assustar” em um primeiro momento.
Então, desde o Nível Básico “Siu Nim Tau”, aprendemos a “disputar o meio” em cada prática... Porém, se o trabalho do Tutor for muito evidente, pode acabar colocando a pessoa que está tendo acesso ao novo tópico numa posição “passiva”, como a de um aluno numa sala de aula. Isso também pode diminuir a marcialidade presente na experiência marcial, fazendo com que a parte simbólica perca a força transformando-se em um método.
O mesmo ocorre com relação aos processos de Vida-Kung Fu. A pessoa vai se colocar a medida que ela quiser e o quanto ela quiser, desde que a condução desse processo seja orientada para ela.
We know that going into evidence in terms of Classical Chinese Thought does not seem very appropriate. Despite this, I really believe in not refraining from putting ourselves into situations, even if they bring a burden that can “frighten” us at first.
So, from the Basic Level “Siu Nim Tau”, we learn to “dispute the center” in each practice... However, if the Tutor's work is very evident, it may end up putting the person who is having access to the new topic very “passive” in the process, like that a student in a classroom. This can also diminish the martiality present in the martial experience, causing the symbolic part to lose strength and become a method.
The same is true of Kung Fu-Life processes. The person will put himself as much as he wants and as for the time he wants, as long as the conduction of this process is guided by him.
A boa notícia, é que quando pegamos as facas em nossas mãos, podemos até nos posicionar em guarda mas parece que algo não chega até elas. Você pode tencionar as sobrancelhas fazendo uma expressão de alguém concentrado. Você pode até mesmo apertar firme as facas, mas é como se a energia adequada não chegasse até a ponta delas... Então você percebe que algo não foi construído adequadamente. E veja: Que bom que você percebeu isso durante a prática, pois se a vida tivesse chamado, você não teria o espírito de luta adequado...
So, although we understand that “being in the spotlight” is not advisable. Don't fail to put yourself in full when necessary, it's just as important. Deep down, I found myself searching throughout my journey for instruction, orientations, methods... The right way to do it... My Si Fu was very attentive to this, he always seemed to leave it in the air - "If I tell you how to do it and you do it and it doesn't happen, you'll be able to say later: 'But Si Fu, I did what you say to do!' ..."- Si Fu would have told me once. About this, he commented that with this mental state, the practitioner takes no responsibility. Si Fu also pointed out how we do this on a daily basis without realizing it: "Uber took a while", "You didn't tell me", "I got sick", "I had a problem", etc...
The good news is that when we take the knives in our hands, we can even position ourselves on guard but it seems that something doesn't reach them. You can tense your eyebrows by making a concentrated expression. You can even squeeze the knives tight, but it's like the proper energy doesn't get to the tips of them... Then you realize that something wasn't built properly. And look: It's good that you realized this during practice, because if life had called, you wouldn't have the right fighting spirit...
Na prática do Baat Jaam Do [八斬刀], não importa o quão exótica seja a posição que as facas assumam a partir de um desdobramento da listagem ou do contato com a arma do adversário. O espírito de luta precisa estar presente nas duas facas até o final. E a sensação de de ir até o final de um processo amargo por escolha própria, sem colocar a culpa em nada e nem em ninguém, é muito especial! Eu recomendo! Mas para tal, as facas precisam estar vivas... O tempo todo!
Over the years, my Si Fu asked me for things that I wouldn't do spontaneously. It was because of shyness or simply due to the fact that I am simply an introverted person. Conducting a lecture, leading an entourage with martial artists from other disciplines, conducting a public demonstration, organizing a trip, or simply giving a class without him or Si Suk Ursula around... All this over decades, allowed me to take the decision to file an adverse situation because I knew I would be able to afford it even if everything did not end well in the end.
In the practice of Baat Jaam Do [八斬刀], it does not matter how exotic the position that the knives assume from an unfolding of the form or contact with the opponent's weapon. The fighting spirit needs to be present, in both knives until the end. And the feeling of going to the end of a bitter process by choice, without blaming anything or anyone, is very special! I recommend! But for that, the knives need to be alive... all the time!