[Si Fu contemplativo no Núcleo Ipanema]
[Si Fu contemplative at MYVT Ipanema School]
Quando falamos em termos relacionados ao círculo marcial, a pior coisa que você pode fazer, é buscar seu significado em um site. Certa vez meu Si Gung me disse: “Existe a tradução do dicionário e a do seu Si Fu.” - Por isso, quando falamos do polivalente ideograma “Sau”[守], meu Si Fu costuma falar de “aderir”. Então, é como se qualquer conversa começasse com “Sau”[守]. Se você não aderir, não se aproveita do que o outro está oferecendo, ainda que seja algo oposto ao que você pensaria. Você não conseguirá se apoiar nessa situação, para quem sabe gerar uma terceira coisa, que beneficie a todos. E num mundo de opostos, a ideia de “Sau”[守], parece-me mais importante do que nunca. E se isso é importante em relações do dia a dia, imagine na relação entre Si Fu e To Dai.
Você então podia me ver ao longo dos anos, sem entender alguns movimentos do meu Si Fu. Eu começava por muitas vezes questionando e não aderindo. Não tinha nenhum senso de perspectiva, e por isso, não compreendia que ele tinha uma visão de um ponto muito mais amplo em relação ao meu. Ou quando já havia acontecido uma dedicação por parte dele de horas ou de dias, e ao ouvir a proposta, em poucos minutos apontava possíveis furos.
Mais tarde, recebi a qualificação de: “Mestre Classe Qualificado” pela Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence. Percebi então que assim como muitas pessoas, eu passaria a me confundir pelos anos seguintes, com algo muito importante: “De que se eu era um Si Fu do Sistema Ving Tsun ou um Si Fu de Kung Fu”. Então você pode pensar: “Ei! Do que esse cara está falando?”. - Bem, talvez não consiga explicar, algo que só eu vivi.
When we speak in terms related to the martial circle, the worst thing you can do is to look for its meaning on a website. My Si Gung once said to me, "There is a translation of the dictionary and that of your Si Fu." - Therefore, when we speak of the versatile ideogram “Sau” [守], my Si Fu usually speaks of “adhere”. So, it is as if any conversation starts with “Sau” [守]. If you do not adhere, you'll not be able to take advantage of what the other is offering, even if it is something opposite to what you would think. You will not be able to rely on this situation, for those who know how to generate a third thing, which benefits everyone. And in a world of opposites, the idea of “Sau” [守], seems to me more important than ever. And if this is important in everyday relationships, imagine the relationship between Si Fu and To Dai.
You could then see me over the years, without understanding some of my Si Fu's movements. I started by often questioning and not adhering. I had no sense of perspective, so I didn't understand that he had a much broader view than mine. Or when there was already a dedication on the part of him for hours or days, and after hearing some idea, in a few minutes I would point out possible mistakes.
Later, I was qualified with the qualification: “Qualified Master ” by Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence. I realized then that like many people, I would be confused for the following years, with something very important: "That if I was a Si Fu of the Ving Tsun System or a Si Fu of Kung Fu". So you can think, “Hey! What is this guy talking about? ”. - Well, I may not be able to explain, something that only I experienced.
[Eu, Si Fu e meu Jiu Paai].
[Si Fu, my Jiu Paai and I]
Você pode transmitir técnicas para alguém, e com a dedicação correta sua e de seu pupilo, tudo pode ser aprendido de maneira breve. Afinal, são técnicas. Porém com o tempo, percebi que mesmo que seu trabalho seja a tutela de um Sistema como o Ving Tsun, ainda assim o trabalho de um Si Fu[師父] de Kung Fu é bem mais amplo. Certa vez, era minha segunda ou terceira sessão no Domínio Baat Jaam Do, e após um breve procedimento inicial em seu escritório, Si Fu ficou trabalhando em seu computador e pediu que eu me dirigisse até uma das salas de prática. Era uma noite de algum dia de semana e estávamos sozinhos desta vez. Falando alto lá da sua sala, ele disse: “Quando estiver bom, me chama!” - Eu aceitava com muita naturalidade esse tipo de transmissão[diferente de quando comecei aos 15 anos de idade], mas ainda não entendia a sua amplitude, pois Si Fu não foi uma única vez sequer para ver o que eu estava fazendo. Ao final, digitando e olhando para seu computador, ao perceber que estava de pé diante de sua mesa perguntou: “E aí? Já deu por hoje?”.
You can pass on techniques to someone, and with the correct dedication of you and your pupil, everything can be learned in a short time. After all, they are techniques. However, with time, I realized that even though one´s work is the tutelage of a System like Ving Tsun, still the work of a Si Fu [師父] of Kung Fu is much broader. It was once my second or third session at the Baat Jaam Do Domain. And after a brief initial procedure in his office, Si Fu went to work on his computer and asked me to go to one of the practice rooms. It was a weekday night and we were alone this time. Speaking loudly from his office, Si Fu said: “When it's good, call me!” - I accepted this type of transmission very naturally [different from when I started at the age of 15], but I still did not understand its breadth, because Si Fu did not even go to see what I was doing. At the end, typing and looking at his computer, when he realized he was standing in front of his desk he asked: “What's up? Are you done for today? ”.
[Eu e meu Si Hing, quando fomos qualificados como Mestres em 2015]
[Me and my Si Hing, when we qualified as Masters in 2015]
Então, voltando a falar de “Sau”[守], ele se torna muito importante a esta altura. Isso acontece porque para um Si Fu de Kung Fu conseguir trabalhar num processo mais amplo com seu To Dai, ele vai precisar que este esteja aberto para tal. Então, talvez a melhor palavra para a atitude adequada do To Dai seja “Receptivo”.
Por isso, quando um To Dai está receptivo e o Si Fu percebe isso, ele poderá adentrar num misterioso processo chamado de “Sam Dak” [心得]. E segundo meu Si Gung, “Sam Dak” [心得] pode ser entendido como uma experiência percebida no processo de transmissão e aprendizagem.
Por fim, eu poderia falar de muitas habilidades importantes para um Si Fu de Kung Fu[em meu entendimento], como a habilidade de ter um coração grande e uma memória ruim. Isso serve para cada mágoa que um To Dai pode vir a promover. Porém, o que meu Si Fu me disse ainda no “Cham Kiu” a respeito de usar os “Olhos do Zelo”, ou seja, olhar com o coração e não apenas com os olhos. Possa ajudar um Si Fu de Kung Fu a desenvolver a habilidade de estar na medida e ver o que não está na medida. Sendo esta a chave para enxergar e saber corretamente. Isso chamamos de “San Ming 神明“. Mas esta, parece-me ser uma história para um outro dia...
So, going back to talking about “Sau” [守], it becomes very important at this point. This is because for a Si Fu of Kung Fu to be able to work in a broader process with his To Dai, he will need they to be open for that. So, perhaps the best word for To Dai's proper attitude is “Receptive”.
So, when a To Dai is receptive and Si Fu realizes it, he can enter a mysterious process called "Sam Dak" [心得]. And according to my Si Gung, “Sam Dak” [心得] can be understood as an experience perceived in the process of transmission and learning.
Finally, I could talk about many important skills for a Si Fu of Kung Fu [as I understand it], such as the ability to have a big heart and a bad memory, for every hurt in his heart that a To Dai can come to promote against him. However, what my Si Fu still told me in “Cham Kiu Domain” about using the “Eyes of Zeal”, that is, looking with the heart and not just with the eyes. Can help a Si Fu of Kung Fu to develop the ability to be in the measure and see what is not in the measure. This is the key to seeing and knowing correctly. This we call “San Ming 神明“. But this, it seems to me, is a story for another day ...
Thiago Pereira “Moy Fat Lei“
moyfatlei.myvt@gmail.com