[Si Fu toma uma das facas de minhas mãos, durante prática em sua visita mais recente ao Brasil]
[Si Fu takes one of the knives from my hands, during practice on his most recent visit to Brazil]
Podemos dizer, que a base do Pensamento Clássico Chinês são as condicionantes e não o objetivo. Talvez por isso, o artista marcial não trabalha com 'metas'. Isso ocorre, porque muitas vezes o objetivo se torna algo além de nossa capacidade de realizar. E nesse momento nos enganamos, pois relacionamos a dificuldade de execução com empenho. Porém, podemos nos perguntar: Como seria um esforço o qual, nos empenhamos em não nos esforçar? Pois, como nós negligenciamos os recursos externos que estão ao nosso redor, não conseguimos realizar o que queremos sem um esforço hercúleo. Ou muitas vezes, podemos apenas não enxergar esses recursos externos, e somos obrigados[as vezes consciente outras vezes inconscientemente] a usar apenas nossa própria capacidade.
Quando falamos em 'Gau Gap[救急]', estamos falando de emergência. Essa emergência ocorre quando não estamos conectados com o que está externo a nós, e não captamos certas sutilezas, que nos obrigam a agir emergencialmente. É como se desconsiderássemos viver a nossa vida, como uma forma de arte: A arte de viver a vida.
Outro sentimento presente quando falamos em 'Gau Gap[救急]' em nosso dia a dia, é a constante sensação de que temos que dar conta de todos os desafios apresentados sozinhos e por nossa conta. Acreditamos em nosso protagonismo, independente das circunstancias. Porém, se nos dedicássemos a entender o que é mais importante a cada momento, ao invés do protagonismo. O efeito não seria maior do que o autor?
We can say that the basis of Classical Chinese Thought is the conditions and not the objective. Maybe that's why the martial artist doesn't work with 'goals'. This is because often the goal becomes something beyond our ability to accomplish. And at that moment we were wrong, because we relate the difficulty of execution with commitment. However, we can ask ourselves: What would an effort be like which, we strive not to make an effort? Because, as we neglect the external resources that are around us, we cannot accomplish what we want without a Herculean effort. Or many times, we may just not see these external resources, and we are obliged [sometimes consciously, sometimes unconsciously] to use only our own ability.
When we talk about 'Gau Gap[救急]', we're talking about an emergency. This emergence occurs when we are not connected with what is external to us, and we do not capture certain subtleties, which force us to act urgently. It's as if we don't disregard living our life as an art form: The art of living life.
Another feeling present when we talk about 'Gau Gap[救急]' in our daily lives is the constant feeling that we have to deal with all the challenges presented alone and on our own. We believe in our leading role, regardless of the circumstances. However, if we dedicated ourselves to understanding what is most important at each moment, instead of protagonism. Wouldn't the effect be greater than the author?
[Café da manhã com Si Fu]
[breakfast with Si Fu]
Durante a visita mais recente de Si Fu, me foi possível ter uma série de conversas com ele, e esclarecer uma série de pontos que para mim eram importantes. Com isso, fiquei mais relaxado com relação a algumas questões que compreendi não serem prioridades naquele momento. Então, a partir dessas conversas, Si Fu me possibilitou ter uma maior capacidade de avaliação. Essa avaliação mais profunda do cenário em que estamos, por um lado me deixou mais tranquilo e por outro, me permitiu também observar fatores não aparentes.
É curioso falar disso, porque valorizar a importância de um tema sem perder o seu entorno, sempre foi uma dificuldade para mim. Tanto em momentos de Vida Kung Fu, quanto em momentos de prática.
During Si Fu's latest visit, I was able to have a series of conversations with him, and clarify a number of points that were important to me. With that, I became more relaxed about some issues that I understood were not priorities at that time. So, from these conversations, Si Fu enabled me to have a greater ability to evaluate. This deeper assessment of the scenario we are in, on the one hand, made me relaxed and, on the other hand, also allowed me to observe non-apparent factors.
It's interesting to talk about this, because valuing the importance of a topic without losing its surroundings has always been a difficulty for me. Both in moments of Kung Fu Life and in moments of practice.
[Si Fu toma a segunda faca da minha mão, e aproveita o mesmo movimento para me atacar].
[Si Fu takes the second knife from my hand,
and takes advantage of the same movement to attack me].
Recentemente durante uma prática de 'Baat Jaam Do', Si Fu me perguntou o que gostaria de praticar. Respondi que gostaria de ver um trecho em específico da sequencia de movimentos deste Domínio. Eu deveria mover a faca , mudando ela de posição drasticamente com apenas uma mão. Si Fu me questionou sobre o que eu deveria fazer com a outra enquanto isso. Eu tentei por vezes, mas em todas ficava um furo que eu não conseguia cobrir.
Acredito que esses momentos de Vida Kung Fu com meu Si Fu, tenham me ajudado a prestar mais atenção no que estava bem diante nos meus olhos. A pensar de forma mais simples e observar os pequenos detalhes. E com isso, não digo que já estou pronto para faze-lo, mas corporalmente tenho consciência que num nível mais alto. A partir de um pequeno foco, posso progressivamente atentar ao entorno e ao processo onde a sucessão de eventos de um trecho como esse que tentava executar. Vai poder ser compreendido através de uma atenção sucessiva, entendendo o que é mais importante a cada momento. Pois caso não amadureça para perceber as sutilezas das coisas, só vou me dar conta quando elas já tiverem acontecido, então tudo será 'emergência' para mim. Um eterno 'Gau Gap[救急]'.
Recently during a practice of 'Baat Jaam Do', Si Fu asked me what I would like to practice. I replied that I would like to see a specific part of the sequence of movements in this Domain. I was supposed to move the knife, shifting it drastically with just one hand. Si Fu asked me what I should do with the other in the meantime. I tried sometimes, but every time there was a hole that I couldn't cover.
I believe that these moments of Kung Fu Life with my Si Fu, have helped me pay more attention to what was right in front of my eyes. To think more simply and observe the small details. And with that, I don't say that I'm ready to do it, but bodily I'm aware that on a higher level. From a small focus, I can progressively pay attention to the surroundings and the process where the succession of events of a stretch like the one I was trying to execute. It will be able to be understood through successive attention, understanding what is most important at each moment. Because if I don't mature enough to understand the subtleties of things, I'll only realize when they've already happened, then everything will be 'emergency' for me. An eternal 'Gau Gap[救急]'.