(Grão Mestre Leo Imamura no Instituto Moy Yat)
(Grandmaster Leo Imamura at Moy Yat Institute)
Nenhum termo de nenhum idioma poderia capturar o termo "Jiang Hu" (江湖) em sua completude (Boretz, Avron Albert, 1956). No imaginário cultural dos romances, novelas e histórias em quadrinhos, os "rios e lagos" (Jiang Hu 江湖) representam um mundo de fantasia povoado por andarilhos, aventureiros, bandidos que roubam apenas os ricos, além de ladrões e apostadores. Seja por destino ou escolha, todos esses são personagens alienados do mundo patente. Vagando entre si, mas de alguma maneira também separados uns dos outros, existem ainda espadachins, monges guerreiros e outros adeptos das artes marciais que, com suas habilidades e aptidões heroicas, alcançam a fama dentro do 'Mo Lam', que é o 'mundo das artes marciais' (Boretz, Avron Albert, 1956)
"Você gostaria de estar no meu lugar?" – me perguntou Si Gung, abrindo uma das portas do prédio do seu pai. Respondi sem pestanejar que não. – "Muita gente quer estar no meu lugar, mas sem as obrigações que eu tenho..." – teria complementado.
Você poderia me ver sentado numa tarde de sábado assistindo a algum filme policial de Hong Kong no videocassete dos meus avós. Era meu lugar favorito, no meu dia favorito, assistindo a alguma produção estranha na esperança de que houvesse alguma cena de luta. A fotografia com aquele azul característico dos filmes de Hong Kong da virada dos anos 80 para os 90 me fazia sentir saudades de uma época que não vivi. Desde as roupas, passando pela irmandade entre os personagens e seu estilo de vida, tudo me encantava entre os 13 e 14 anos de idade. – "É um mundo que só pode existir além da estabilidade e segurança da vila, da família e das ocupações convencionais" (Boretz, Avron Albert, 1956)
Meu Si Fu me disse certa vez que "a vida segue para onde o coração aponta", e sentado ali diante dele no antigo Walmart da Barra da Tijuca, sendo muito honesto, eu esperava dele uma resposta que pudesse me tirar o peso que carregava no coração. Havia uma expectativa do meu pai e de outras pessoas do meu convívio na época de que eu fosse concursado. Resolvi sugerir ao meu Si Fu, aos vinte e cinco anos de idade, a possibilidade de me tornar profissional de Ving Tsun. Devido à confiança depositada na relação, bastava apenas ele dizer que não era uma boa ideia para que eu pudesse enfim me desvencilhar da minha vocação e seguir o esperado. Porém, com muita naturalidade, ele recebeu a possibilidade de bom grado, o que me desconcertou completamente. Para ele, parecia óbvio; para mim, era apenas o começo dos meus problemas para atender o chamado da minha vocação. – "Quando seu coração pergunta, o que você irá responder?" (Yamamoto, Tsunetomo. Hagakure: The Book of the Samurai. Translated by William Scott Wilson. Kodansha International, 2002.)
No language could fully capture the term "Jiang Hu" (江湖) in its entirety (Boretz, Avron Albert, 1956). In the cultural imagination of novels, stories, and comics, "rivers and lakes" (Jiang Hu 江湖) represent a fantasy world inhabited by wanderers, adventurers, bandits who only rob the rich, along with thieves and gamblers. Whether by fate or choice, all these characters are alienated from the mundane world. Wandering among themselves, but somehow also separated from each other, there are also swordsmen, warrior monks, and other practitioners of martial arts who, with their heroic skills and abilities, achieve fame within the 'Mo Lam', which is the 'world of martial arts' (Boretz, Avron Albert, 1956)
"Would you like to be in my place?" – Si Gung asked me, opening one of the doors of his father's building. I answered without hesitation that I would not. – "A lot of people want to be in my place, but not with the obligations I have..." – he would have added.
You could see me sitting on a Saturday afternoon watching some Hong Kong crime film on my grandparents' video cassette player. It was my favourite spot, on my favourite day, watching some strange production in the hope of seeing a fight scene. The photography with that characteristic blue of Hong Kong films from the turn of the 1980s to the 1990s made me feel nostalgic for a time I had not lived through. From the clothes to the camaraderie between the characters and their lifestyle, everything enchanted me between the ages of 13 and 14. – "It is a world that can only exist beyond the stability and security of the village, the family, and conventional occupations"(Boretz, Avron Albert, 1956)
My Si Fu once told me that "life follows where the heart points", and sitting there in front of him at the old Walmart in Barra da Tijuca neighborhood, being very honest, I was expecting him to give me an answer that could relieve the weight I carried in my heart. There was an expectation from my father and others in my circle at the time that I would become a civil servant. I decided to suggest to my Si Fu, at the age of twenty-five, the possibility of becoming a professional in Ving Tsun. Due to the trust in our relationship, it would have been enough for him to say it was not a good idea for me to finally release myself from my vocation and do what was expected. However, he received the possibility with great openness, which completely disconcerted me. To him, it seemed obvious; to me, it was just the beginning of my problems in answering the call of my vocation. – "When your heart asks, what will you respond?" (Yamamoto, Tsunetomo. Hagakure: The Book of the Samurai. Translated by William Scott Wilson. Kodansha International, 2002.)
(Grão Mestre Leo Imamura em uma aula do Sistema RIS)
(Grand Master Leo Imamura during a class using the RIS System)
Nos últimos anos, tem sido um verdadeiro privilégio reconhecer meu Si Gung. Conversando de maneira aberta, a querida padaria Manhattan, na Zona Sul da cidade de São Paulo, tem sido palco para momentos bastante inspiradores. “...A quantidade de investimento que eu fiz na minha formação é o que me permite ter a vida que tenho hoje...” – dizia Si Gung. “...O problema é que às vezes a pessoa recebe um primeiro dinheiro e, em vez de continuar reinvestindo na sua qualificação, vai lá e compra uma TV grande, um carro...” – Si Gung tinha um olhar, nessas horas, de alguém que parece saber para onde certas condutas podem levar. “...Na Dimensão Kung Fu, a casa que você tem, o carro que você dirige, nada disso é importante...” – conclui ele.
Segundo Avron Boretz em seu estudo sobre "Jiang Hu" (江湖) de 1956, os heróis que vivem nesse mundo não se contentam com um simples petisco e um gole de bebida. De acordo com ele, esses personagens pediam verdadeiros banquetes e bebiam muito álcool. Isso não significava que estavam festejando ou exibindo sua masculinidade, mas sim que a vida incerta em "Jiang Hu" (江湖) trazia a possibilidade de um encontro com a morte a qualquer momento, tornando essas refeições um prelúdio para uma possível morte.
“...Não devemos ter medo da morte. Existem práticas que nos preparam para ela, como as artes marciais. Um artista marcial deve reconhecer a vida não como um direito, mas como um privilégio... Entende isso?” – pergunta Si Gung. “...Por isso, alguém que se diz profissional, mas se assusta com um boleto, não pode ser profissional de artes marciais. Aqui, nós entendemos a riqueza de cada momento, com seus altos e baixos...” – conclui ele.
In recent years, it has been a real privilege to get to know my Si Gung. In open conversations, the beloved Manhattan bakery in the South Zone of São Paulo has been the setting for many inspiring moments. "…The amount of investment I made in my qualification is what allows me to have the life I have today…" – Si Gung would say. "…The problem is that sometimes a person receives their first money and, instead of continuing to reinvest in qualifitacion, they go and buy a big TV or a car…" – Si Gung has a look at these times of someone who seems to know where certain behaviours will lead. "…In the Kung Fu Dimension, the house you have, the car you drive, none of that is important…" – he would conclude.
According to Avron Boretz in his 1956 study on "Jiang Hu" (江湖), heroes living in this world do not settle for a simple snack and a modest drink. According to him, these characters would request true banquets and drink a lot of alcohol. This did not mean they were celebrating or displaying their masculinity, but rather that the uncertain life in "Jiang Hu" (江湖) brought the possibility of a life-or-death encounter at any moment, making these meals a prelude to a potential death.
"…We should not fear death. There are practices that prepare us for it, such as martial arts. A martial artist should recognise life not as a right, but as a privilege... Do you understand that?" – Si Gung would ask. "…That’s why someone who claims to be a professional but is scared of a bill cannot be a true martial artist. Here, we understand the richness of each moment, with its ups and downs…" – he would conclude.
(Poster de Hong Kong do filme "The Killer" de 1989)
(A Hong Kong Poster for the movie "The Kller", 1989)
Um dos filmes mais memoráveis de Hong Kong que lembro de ter assistido foi "The Killer" (1989), não em uma tarde, mas em alguma noite de sábado de 1998 na casa dos meus avós. Chow Yun Fat é simplesmente meu ator favorito de todos os tempos! Porém, mais importante do que isso, é que no filme ele interpreta um arquétipo que o Professor Avron (1956) define como um fora da lei solitário, um cavaleiro errante, que prefere operar fora dos padrões hierárquicos. Ele vive pela honra e pela camaradagem. – “…Ele (entrevistado) soma o ethos da 'irmandade' em Jiang Hu (江湖) nos seguintes termos: 'Você pode esquecer todo o resto, porque para nós, o que importa é a honra'…” (Boretz, Avron Albert, 1956)
Lembro de dois domingos com Si Gung em que tive a honra de praticar diretamente com ele os conteúdos do Domínio "Mui Fa Jong" e, na outra oportunidade, o Nível 6 do Programa Ving Tsun Experience. Ambas as experiências serviram, em algum nível, para Si Gung me conhecer melhor – “…Você mostrou que 'é do ramo'…” – teria dito ele, sentado em uma das poltronas do hall de entrada do prédio dos seus pais. Meses depois, em um jantar mais reservado no restaurante Koji, Si Gung elogiou, depois de cinco dias, meu semblante: “…Você está bem, está inteiro... Isso que é bom…” – Ele sorriu e prosseguiu brincando – “Tem gente que parece que dá graças a Deus quando vai embora... Nunca mais volta... Mas você parece bem... Olha aí…” – concluiu, bebendo mais um gole de sua bebida.
O Professor Avron chama quem “é do ramo” por um termo que em mandarim se diz “hàohàn” (好漢). Isso serve também para o arquétipo de Chow Yun Fat em "The Killer" (1989), ou qualquer pessoa que esteja disponível a viver, como já citado acima: “Em um mundo que só pode existir além da estabilidade e segurança da vila, da família e das ocupações convencionais”(Boretz, Avron Albert, 1956)
One of the most memorable Hong Kong films I recall watching was "The Killer" (1989), not on an afternoon, but on a Saturday night in 1998 at my grandparents' house. Chow Yun Fat is simply my favourite actor of all time! However, more importantly, in the film he plays an archetype that Professor Avron (1956) defines as a solitary outlaw, a wandering knight, who prefers to operate outside hierarchical norms. He lives by honour and camaraderie. – “…He (the interviewee) sums up the ethos of 'brotherhood' in Jiang Hu (江湖) in the following terms: 'You can forget everything else, because for us, what matters is honour'…” ((Boretz, Avron Albert, 1956)
I remember two Sundays with Si Gung when I had the honour of practising directly with him the content of the "Mui Fa Jong" domain and, on another occasion, Level 6 of the Ving Tsun Experience Programme. Both experiences served, in some way, for Si Gung to get to know me better – “…You showed that you ‘are in the business’…” – he would have said, sitting in one of the armchairs in the entrance hall of his parents' building. Months later, at a more private dinner at the Koji restaurant, Si Gung complimented, after five days, my appearance: “…You look well, you're intact... That’s good…” – He smiled and continued joking – “Some people seem to thank God when they leave... They never come back... But you seem well... Look at that…” – he concluded, taking another sip of his drink.
Professor Avron refers to those “in the business” with a term in Mandarin, “hàohàn” (好漢). This also applies to Chow Yun Fat’s archetype in "The Killer" (1989), or anyone willing to live, as previously mentioned: “In a world that can only exist beyond the stability and security of the village, the family, and conventional occupations” (Boretz, Avron Albert, 1956)
(Mestre Thiago Pereira ajuda Grão Mestre Leo Imamura
em uma palestra na Zona Sul do Rio em 2018)
(Master Pereira assisting Grand Master Leo during a lecture in Rio, 2018)
"Se você não gosta de aventura, se você fica em pânico quando vê um boleto, se você não gosta de estudar o Sistema para fazer uma entrega de qualidade, é melhor fazer algo mais previsível, como uma carreira pública..." – enfatiza Si Gung em diferentes momentos – "Agora, se você gosta de aventura, se você entende os altos e baixos como uma experiência rica, então você é do 'ramo da emoção'" – conclui ele.
"cáizǐ (才子)" é uma expressão que, segundo o Professor Avron (1956), fala de um jovem talentoso que conseguiu superar todos os empecilhos para se tornar um funcionário público, algo que era difícil mesmo para filhos de famílias proeminentes. Então, o termo cáizǐ (才子), hoje se refere a uma pessoa com um futuro brilhante, devido a ter uma carreira sólida, estável e que aproveita seu status social devido à sua carreira.
Existem pessoas que manifestam a vocação do cáizǐ (才子) para vidas mais estáveis, mas são levadas pelo encanto que a vida de aventuras guiada pela honra do “hàohàn” (好漢) parece promover. Infelizmente, a vocação do “hàohàn” (好漢) exige "muito estômago" para os altos e baixos e uma clareza muito grande sobre a sua missão. Afinal, segundo o Professor Avron (1956), desde artistas marciais até professores de piano, vivem em Jiang Hu (江湖). São pessoas que vivem das suas habilidades sem a certeza do amanhã, fazendo com que o "cáizǐ (才子)" seja seu contraponto.
“If you don’t like adventure, if you panic when you see a bill, if you don’t enjoy studying the System to deliver quality work, it’s better to pursue something more predictable, like a public career...” – emphasises Si Gung at different times – “Now, if you enjoy adventure, if you see the ups and downs as a rich experience, then you are in the 'emotion business'” – he concludes.
“cáizǐ (才子)” is a term that, according to Professor Avron (1956), describes a talented young man who has managed to overcome all obstacles to become a public official, something that was difficult even for children of prominent families. Today, the term cáizǐ (才子) refers to a person with a bright future, due to having a solid, stable career and leveraging their social status as a result of their career.
There are people who exhibit the vocation of cáizǐ (才子) towards more stable lives but are drawn by the allure of a life of adventure guided by the honour of “hàohàn” (好漢). Unfortunately, the vocation of “hàohàn” (好漢) demands "a strong stomach" for the ups and downs and a great deal of clarity about one's mission. After all, according to Professor Avron (1956), from martial artists to piano teachers, they live in Jiang Hu (江湖). These are people who live by their skills without certainty of the future, making the "cáizǐ (才子)" their counterpart.
(Mestre Pereira leva comida japonesa feita em casa para
comer com seu Mestre Julio Camacho em 2012)
(Master Pereira takes home made japanese food to share
with his Master Julio Camacho at one of his former houses)
Recentemente, pude ouvir também da minha Si Taai Vanise algo que me tocou muito durante sua visita à minha Família Kung Fu: o fato de que, em uma das visitas do Patriarca Moy Yat, ela e o Si Gung precisaram vender um carro para poder completar o que faltava para arcar com as despesas. Ela disse isso publicamente, e para mim sempre foi um grande mistério como Si Gung construiu sua carreira em um momento tão adverso economicamente em nosso país (ainda mais do que hoje). Ao relembrar o passado, Si Gung sempre se recorda de seus discípulos mais antigos que, segundo ele, "roeram o osso" com ele, mas que hoje, com as coisas mais favoráveis, acabaram se afastando.
O Professor Avron (1956) também fala da solidão experimentada por quem vive em Jiang Hu (江湖). Pois, embora essas pessoas vivam dentro da sociedade comum, as regras não são as mesmas. – "Nós não tiramos férias porque amamos o que fazemos" – diz às vezes Si Gung. Porém, me lembrei, ao ler esse trecho, de uma conversa com Si Fu em 2015, em um restaurante japonês que ele frequentou por um tempo no Recreio. Falava com ele sobre as dificuldades que encontrava em ser profissional. Era uma terça-feira, eu lembro bem, pois no domingo anterior a esta conversa, eu precisei sair de um evento de família no meio do domingo para atender a um evento da Família Kung Fu da Mestra Ursula Lima em sua casa. Dentro de mim, estava dividido: dirigia-me até lá de bom grado, mas preocupava-me com o fato de que as pessoas ao meu redor não entendiam o que eu fazia: "Pereira, o que você espera? Uma plateia batendo palmas?" – teria dito Si Fu, mudando a energia que minha voz chorosa e vitimista promovia – "No nosso trabalho, nós não temos uma plateia batendo palmas" – Si Fu resolveu ser mais didático – "Você que é romântico, sabe quando alguém quer fazer uma declaração de amor e aluga um helicóptero e joga rosas?" – indagou Si Fu – "Essa pessoa faz isso para a pessoa que está sendo homenageada ou para a plateia?" – concluiu ele – "A nossa atividade não só não tem plateia, como muitas vezes falta entendimento. Você precisa ver se é isso que você realmente quer fazer" – teria dito Si Fu, por fim.
Estamos em 2024, eu nunca desisti.
Recently, I also heard something from my Si Taai Vanise that deeply touched me during her visit to my Kung Fu Family: the fact that, during one of Patriarch Moy Yat's visits, she and Si Gung had to sell a car to make up the shortfall and cover the expenses. She mentioned this publicly, and it has always been a great mystery to me how Si Gung built his career in such an economically adverse time in our country (even more so than today). Reflecting on the past, Si Gung always remembers his older disciples who, according to him, "broke the bone" with him, but who, now that things are more favourable, have ended up drifting away.
Professor Avron (1956) also speaks of the loneliness experienced by those living in Jiang Hu (江湖). Although these people live within common society, the rules are not the same. – "We don’t take holidays because we love what we do," – Si Gung sometimes says. However, I remembered, upon reading this passage, a conversation with Si Fu in 2015 at a Japanese restaurant he frequented for a while in Recreio neighborhood. I was discussing with him the difficulties I faced in being a martial arts professional. It was a Tuesday, I remember well, because the Sunday before this conversation, I had to leave a family event in the middle of the Sunday to attend an event of the Kung Fu Family of Master Ursula Lima at her home. Inside me, I was torn: I was willingly heading there, but I worried that the people around me did not understand what I was doing: "Pereira, what do you expect? An audience applauding?" – Si Fu would have said, changing the energy that my tearful and victimised voice was creating – "In our business, we don’t have an audience applauding" – Si Fu decided to be more didactic – "You, who are romantic, know when someone wants to make a love declaration and hires a helicopter to drop roses?" – Si Fu asked – "Does that person do it for the person being honoured or for the audience?" – he concluded – "Our business not only lacks an audience, but often lacks understanding. You need to see if this is truly what you want to do," – Si Fu would have said in the end.
We are in 2024, and I have never given up.