[Meu Mestre Julio Camacho observa enquanto pratico com Gil Batista em 2006]
[My Master Julio Camacho, watches my practice with Gil Batista in 2006]
Eu vivo dentro das artes marciais desde os meus 15 anos de idade, e quando se vive por tanto tempo dentro de um meio, isso de certa forma nos faz ver o mundo de uma maneira diferente. Porém, Si Fu sempre insistiu que usássemos o Ving Tsun como uma ferramenta e não como um fim. Lembro-me de quando comecei a sair a noite com um grupo de amigos e minha namorada na época. Eu tinha meus vinte e poucos anos, mas quando entrávamos madrugada a dentro, eu começava a antecipar uma série de possibilidades de problema. - “É legal você estar atento, mas cuidado para não virar um chato.”-Comentaria Si Fu sobre esses constantes episódios que eu lhe contava. Geralmente meu primo diria:“Cara, relaxa!” - Me incomodava o fato do grupo apenas pensar na ida e não em como iríamos voltar. E eu estava muito imerso nesse mundo do círculo marcial chinês, no qual se entende que podemos saber a tendência do desfecho, ainda que não o desfecho de fato.
Imagine por um momento, que você e um adversário chutaram perfeitamente no mesmo momento um chute frontal, e que seus pés se encontraram no caminho, seguindo conectados até a aterrissagem... O “Chi Geuk”, é como se congelássemos esse momento[foto]. Porém, seguimos uma série de procedimentos com os pés aderidos, para que possamos casar com o processo em si, e gerar ações que vão coincidir com as tendências que essa aderência gera. Esse contato com o outro, gera uma pressão que chega até nosso pé de apoio. Com os braços cruzados ou para trás. Colocamos todas as possibilidades de manter o equilíbrio, em micro movimentos realizados pelo pé de apoio e o encaixe do quadril com a base... Porém, quando nos sobressaímos ao final de uma rodada, esse efeito nasceu despercebido em algum momento...
I've lived within the martial arts since I was 15 years old, and when you've lived for so long inside some social circle, it somehow makes you see the world in a different way. However, Si Fu always insisted that we use Ving Tsun as a tool and not as an end. I remember when I started going out with a group of friends and my girlfriend at the time. I was in my mid-twenties, but as we got into the deep hours of the night in the dangerous streets of our city, I started anticipating a series of possible troubles. - “It's nice for you to be attentive, but be careful not to become a bore. person”- Si Fu would comment on these constant episodes that I used to tell him. Usually my cousin would say, “Dude, relax!” - It bothered me that the group only thought about going and not about how we were going to get back home. And I was very immersed in this world of the Chinese martial circle, in which it is understood that we can know the trend of the outcome, even if not the actual outcome.
Imagine for a moment, that you and an opponent kick perfectly at the same moment a front kick, and that your feet meet on the way, following connected until the landing... The “Chi Geuk”, is as if we freeze this moment [photo] ]. However, we follow a series of procedures with the feet adhered, so that we can match the process itself, and generate actions that will coincide with the trends that this adherence generates. This contact with the other generates a pressure that reaches our support foot. With arms crossed or behind. We put all the possibilities of maintaining balance, in micro movements carried out by the support foot and the fitting of the hip with the base... However, when we excel at the end of a round, this effect was born unnoticed at some point...
Eu havia começado a prática do “Chi Geuk” ainda em 2001 com 16 anos de idade, porém mesmo tanto tempo depois, ainda não sabia do que se tratava. O “Chi Geuk” havia se tornado uma prática comum para mim, e eu estava dessensibilizado para seus potenciais. Por isso, eu seguia uma vida de desequilíbrio em termos de precaução e de imersão no círculo marcial. - “...Me parece que qualquer tipo de extremo, traz uma nota de desequilíbrio...” -Disse-me Si Fu.
Quando tomei consciencia do desequilíbrio em que vivia, havia sofrido muitas perdas... Quando consegui me reorganizar, já era Janeiro de 2019... E eu pude poucos meses depois, começar a sair a noite. Por dentro, eu pensava que poderia estar produzindo ou descansando para produzir mais no dia seguinte, mas eu tomei aquilo como um “treino especial”: “Treino de hoje: Sair e dançar!” - Mantive-me focado nesse projeto por dois anos... Sempre pensando que deveria evitar os extremos para encontrar equilíbrio. Em determinado momento, passei a curtir e mesmo não podendo reaver os erros que cometi comigo, com pessoas e com minhas oportunidades... Me mantive honesto na busca por equilíbrio. E sigo nessa busca de me tornar também um Mestre , na capacidade de me beneficiar de qualquer situação. Eu havia aprendido a enxergar o “fácil” onde pessoas enxergam o “difícil”. Mas agora era hora de enxergar o “fácil” onde as coisas são fáceis. E entender que as vezes só precisamos ser normais para atingir o equilíbrio.
I had started the practice of “Chi Geuk” in 2001 at the age of 16, but even so long later, I still didn't know what it was about. “Chi Geuk” had become a common practice for me, and I was desensitized to its potentials. Therefore, I followed a life of unbalance in terms of caution and immersion in the martial circles. - "... It seems to me that any kind of extreme brings a note of unbalance..." - Si Fu told me.
When I became aware of the unbalance in which I lived, I had suffered many losses... When I managed to reorganize myself, it was already January 2019... And a few months later I was able to start going out at night. Inside, I thought I could be producing or resting to produce more the next day, but I took it as a “special training”: “Today's training: Go out and dance!” - I stayed focused on this project for two years... Always thinking that I should avoid extremes to find balance. At a certain point, I started to enjoy it and even though I couldn't recover the mistakes I made with myself, with people and with my opportunities... I remained honest in the search for balance. And I continue in this quest to become a also a Master, in the ability to benefit from any situation. I had learned to see the “easy” where people see the “difficult”. But now it was time to see the “easy” where things are easy. And understand that sometimes we just need to be normal to achieve balance.