domingo, 22 de abril de 2007

"...Sunday, bloody sunday..."

Esse Domingo, começou ainda no Sábado pra mim...

Parte 1 - treino na madrugada.

Como todos sabem, Sifu viajou nesta madrugada para Salto, onde encontraria Sikung,Sipak Anderson e Sipak Nataniel,na própria casa do sikung. Onde estará sendo realizado um mini-seminário para mestres da moy yat ving tsun do Brasil. Sendo assim, Sifu marcou seu vôo para as 5:30 a.m. desse Domingo, e no Sábado a tarde, Thiago Silva me convidou para encontrá-lo as 4:15 a.m na minha portaria, para que juntos, levássemos Sifu ao aeroporto de táxi. Topei na hora.
De madrugada, me vi num grande dilema pois sabia que não acordaria, achei melhor virar a noite em claro. Mas acabei adormencendo, e as 3:00 a.m. despertei e fui me aprontar. As 3:30 a.m. já estava arrumado, e cerca de 45 minutos ainda restavam para que eu encontra-se o Silva. Como não tinha o que fazer, deitei na rede da varanda. Porém, acabei adormencendo...
Abri os olhos de repente, e a primeira coisa que me veio a mente, era que horas eram... "4:25 a.m. !!!!!" Fiquei extremamente chateado por me deixar levar pelo sono, e ali, arrumado, resolvi ligar pro Sifu. Ele atendeu super bem, e riu da minha história, já estava com o Silva no Táxi a caminho do aeroporto. E eu não poderia fazer mais nada.. naquele momento, lembrei que ainda deveria estar as 9 da manhã no MoKwoon para o treino de Domingo. E minha vontade era zero de fazer isso.. havia falhado feio, por um motivo inacreditável, e fiquei por alguns minutos me condenando. Tinha falhado principalmente com o Silva. Mas sem ter mais nada ao que recorrer, mandei um e-mail de desculpas para o Silva, dormi, e as 9 apareci no MoKwoon pronto para fazer meu melhor, pois antes de desligar, Sifu havia solicitado: "Cuide bem do MoKwoon"...


Parte 2 - "Sunday , bloody sunday" ,DIA 1






... Sifu não poderia estar presente nessa manhã, mas o trabalho deveria ser iniciado de qualquer forma..


E ao chegar no MoKwoon, qual não foi minha surpresa ao encontrar Silva, já de volta do aeroporto? Conversamos sobre o episódio de horas antes e tudo ficou esclarecido. Gil não poderia estar presente, e nem Murilo nesse treino, por motivos pessoais. Mas tinhamos seis pessoas por volta das 10:00 muito motivadas: Diego Guadelupe, Thiago Pereira,Thiago Silva,Roberto Viana, Felipe Soares e Carlos Reis.

Tinhamos então, um grupo de seis homens com plenas condições de ferir qualquer pessoa gravemente se assim desejassem. E ali, naquelas próximas uma hora e meia, eles treinariam entre si num trabalho onde a proposta principal era exatamente ser "algo mais solto" ,se é que me entendem...
Diego Guadelupe por ter mais experiência nesse tipo de atividade "mais aberta" , corajosamente tomou as rédeas nessa manhã, e propôs um trabalho da época em que auxiliava Sisok Fabio Gomes, no treino com os Comandos.



(tutor Diego Guadelupe,explica o trabalho a ser realizado a seguir a Roberto Viana)

Começamos com formas, e depois um Chi Sao de nível superior. Onde estudamos o Mau Lau Sau (Mau - não, Lau - Segurar , Sao - braço. Ou seja: "Não segurar o braço") . Nada mais apropriado para se estudar no Chi Sao num dia como hoje.
Após isso, o trabalho mais livre realmente começou...


Gostaria de destacar alguns pontos dos presentes:

Primeiro, o fato de Thiago Silva que acaba de aprender a segunda parte do Biu Ji, ter participado. Seu Chi Sao ainda tem o ar do Cham Kiu, mas ali ele deveria transmutá-lo para a natureza de alguém que está prestes a concluir o Jong caso quisesse "sobreviver", e assim o fez. Thiago recebeu os golpes com uma grande atitude.
Roberto Viana era o mais forte corporalmente no dia de hoje. Quem já treinou com ele e sentiu sua energia aliada a sua força e habilidade natural, sabe do potencial do Roberto pra "passar por cima" do oponente. Mas hoje, todos se surpreenderam, quando deram de cara com um Roberto de movimentos ainda mais conscientes e estudados. Procurando fazer uso dos conceitos do Ving Tsun, e entendê-los, sem se preocupar somente em utilizar-se de sua habilidade natural.
Carlos Reis com a sua maneira suave de lidar com a "Guerra" dava uma aula de como não se apavorar, acontecesse o que acontecesse, seu braço com a leveza de uma pena,tranquilizava o "oponente", e o surpreendia logo em seguida, ao disparar um golpe com energia que brotava em segundos.
Soares como sempre estudava a tudo e a todos. Procurava enxergar a melhor maneira de executar o que se propunha, e a entender e a sentir melhor, aquele que estivesse tocando seu braço em determinado momento.
Diego fazendo uso de uma excelente estratégia para hoje, conduziu tudo de maneira tranquila e satisfatória para todos. Se preocupando em contemplar a proposta inicial que era de "algo mais livre" ,assim como , fazer valer a vinda de todas aquelas pessoas nessa manhã de Domingo ao MoKwoon.

Para mim foi extremamente especial. Imagino que só no Ving Tsun, alguém é capaz de tirar lições na madrugada de Sábado para Domingo. Me refiro a lições importantes, lições sobre como me posicionar melhor diante de um compromisso com meu irmão kung fu e meu Sifu numa próxima oportunidade, e não somente: "acho que não deveria ter bebido tanto assim" (lição típica da madrugada de sábado).
Pude no treino resgatar um lado meu que acabei encobrindo. Pude compartilhar do sentimento do Roberto de que a LUTA, fisicamente falando, também é importante para o praticante. Aprendi que esta luta, pode ser mais estudada com Soares, e de que ela pode ser suave, e violenta só quando necessária, com Carlos Reis. Me inspirei na coragem de Thiago Silva em "encarar" um cara que está no final do Biu Ji, um do Jong, dois do Kwan e um do Doa, mesmo tendo acabado de sair do Cham Kiu. E a administrar situações de forma tranquila, por mais descontroladas que elas possam vir a se tornar a qualquer instante, ao observar como Diego conduziu tudo.

Realmente um Domingo marcante!

O título do post, é uma referência à música do U2 "Sunday,Bloody sunday". Que serve de trocadilho, ao nosso trabalho que deve ser mais pesado no dia de Domingo. Fiz questão de não descrever o treino em si, apenas citando o quanto foi revelador e rico para todos que se dispuseram a estar lá(Roberto veio de uma viagem de 4 horas direto para o MoKwoon, e Thiago Silva acordou as 3:30 para levar Sifu no aeroporto por exemplo) e treinaram firmemente.
Sendo assim, deixo o convite a todos, a participarem desse novo trabalho. Que contará com a presença e coordenação de Sifu Julio Camacho a partir do próximo Domingo. E que Thiago Silva deixou claro que é aberto a todos, não só membros graduados.Assim como Sisok Úrsula fez o mesmo no passado em Jacarepagua, firmando o lugar das mulheres nesse tipo de treino.. Mas essa é outra história...

Abaixo, mais fotos:






















































terça-feira, 17 de abril de 2007

Possível Futuro Núcleo Méier!

Era um Domingo de sol, onde pela manhã, enquanto muitos cariocas estavam na praia, no clube, ou mesmo dormindo. No Núcleo Rio de Janeiro no bairro da Barra da Tijuca, um grupo de pessoas formado por: Carlos Reis,Gil Batista,Thiago Pereira,Murilo Nascimento,Sisok Úrsula Lima,Roberto Viana ,Thiago Silva e além do próprio Sifu.Davam início a uma grande vontade que ele desenvolveu este ano: A de que o Domingo entrasse no nosso calendário de atividades como qualquer outro dia . E que a natureza dele, fosse focada nas pessoas que buscam a prática do Mai San Jong.
Tivemos a boa surpresa de termos Gil Batista conosco depois de um longo período, e a própria continuação do trabalho com nosso querido Murilo. Que no momento só pode estar presente aos Domingos.
Pude após os treinos alomoçar com Sifu e Sisok Ursula, que juntamente com Vidal vislumbravam um futuro trabalho na Região da Zona Sul ainda para este ano.
Após esse almoço, finalmente rumávamos para a Zona Norte depois de pegarmos Thiago Silva, Simo e Julia. E enquanto estava no carro com a Sisok, observava pela janela aquele caminho que havia sido tomado: Linha Amarela sentido Centro, "saída do Méier" . Um caminho inédito para a Moy Yat Ving Tsun até então...
A rua, era muito aconchegante. Uma rua residencial com um ar convidativo
em pleno Méier. E mais a frente,podíamos avistar Márcia Velloso acenando pra dizer que o local era ali. Ela abriu o portão de sua escola de dança, e a primeira sensação que tive, foi a de que já estavamos em casa.E logo em seguida, a de que estava em alguma escola primária de construção antiga.E que a qualquer momento o sinal do recreio iria bater. E por uma simpática escadinha, adentramos a construção.
Conhecemos todas as salas, e ao chegar ao final da casa, avistamos um quintal. E logo em seguida, uma outra construção de dois andares. E ali, naquele local. Todos, nem que tenha sido por um milésimo de segundo, conseguiram enxergar o núcleo méier. ..
Inicialmente, observamos a sala do primeiro andar. Depois, ao subir as escadas, todos se apaixonaram pela sala do segundo. Na verdade, desde que haviamos entrado pelo portão minutos antes, o sentimento de "Lar" era impressionante. E isso estava implícito nas expressões de todos, e talvez, quem transpareceu isso melhor tenha sido a pequena Julia. Que andava por todos os lados, muito tranquila,como se estivesse em sua casa.



(Sifu apreciando a sala do 1º andar)
Sifu percorria toda a casa inúmeras vezes. As vezes rápido, as vezes lento, as vezes sozinho, as vezes conversando. Mas idependente disso, seu sorriso estava sempre presente.
No final da tarde, após muitas conversas e planos, foram tiradas algumas fotos oficiais. E no coração de todos ao término desta visita, o desejo sem dúvida nenhuma, se tornou um só...



(Marcia,Simo,Julia e Sifu)














foto 2:(Pereira,Marcia,Sisok Ursula,Simo,Julia e Sifu)
foto 3: (Silva,Marcia,Sisok Ursula, Simo , Julia e Sifu)





Obrigado a Marcia por nos receber!!
fotos:Thiago Silva





sábado, 14 de abril de 2007

JING CHOI , "soco de guerra"


(Sitaikung Moy Yat praticando o "Jing Choi" - Hong Kong, anos 60)


Continuando os relatos sobre o início da minha saga dentro do Luk Din Poon Kwan, nesta semana finalmente voltei aos treinos. Pois com alguns problemas de saúde nas últimas semanas, além do caso do joelho machucado,realmente ficava impossível a prática. Porém, nesta última quinta-feira a noite, Sifu me pediu que treinasse o Jing Choi novamente. Dentro do possível, eu havia treinado em casa, pois este havia sido o pedido do Sifu pra mim e pro Vlad(como dito no último post).Além do que, esta para mim, vem sendo uma prática extremamente "pesada",onde se eu optasse por executá-la apenas nos dias de treino, ela nunca deixaria de ser assim, tão "pesada"...
Jin..batalha, e Choi... soco. A nomeclatura não poderia convir mais com o que acontece quando se pratica . Cada passo dado para mim, cada soco desferido, cada ida e volta nesta base, é uma verdadeira batalha. Pra ser sincero, já fazia tempo que não sentia esse gostinho de me deparar com uma novidade dentro do sistema que impõe tanto esforço, tanta dedicação.E somado à isso, o meu compromisso de não deixar "baixar a bola" .O que desvalorizaria o esforço para coseguir treinar o "Kwan" depois de tanto tempo.
Nesta sexta pela manhã, ocorreu mais uma tentativa minha. Com a ajuda do Sifu, Diego,Sihing Léo Reis e do Soares,tanto na Quinta quanto na Sexta, pude estudar diferentes detalhes. Detalhes estes, que podem fazer a diferença durante o percursso deste que vem sendo meu maior desafio dentro do Ving Tsun no momento.
"É no Luk Din Poon Kwan que você aprende a dar um soco de verdade" foram mais ou menos as palavras do Sifu. E o que é necessário para isso quando se faz Jing Choi? Força? Explosão? Elasticidade? Mas isso enquanto minhas pernas me "empurram para cima" por considerar que a base é desconfortável ao extremo para elas? E a minha coluna durante a execução? Quando será que vai ficar reta?
Bom, estas respostas ainda estão sendo buscadas por mim ao final desta terceira sessão.
Meu corp
o extremamente dolorido, (principalmente nas costas e nas pernas), faz do Jing Choi meu companheiro 24 horas por dia. Mesmo quando deito pra dormir e não consigo me sentir bem numa determinada posição, sei que foi por causa dele. E ainda assim, tenho a consciência de que três sessões não são absolutamente nada comparadas com o que ainda está por vir. E que sem um esforço além dos treinos, poderá ser mais "pesado" ainda.
Estes são os meus sentimentos pessoais com relação ao Jing Choi. Para mim ele é magnificamente exigente. E só de pensar que todos os grandes mestres passaram por ele,e ainda, tentar imaginar o que eles sentiam ao treiná-lo, e observar onde chegaram. Torna tudo ainda mais motivador.
Realmente, a espera valeu a pena..


terça-feira, 10 de abril de 2007

"A Maldição do Kwan"






Como muitos já devem saber, no mês de Março tive a oportunidade de ingressar na Família Moy Jo Lei Ou.E nesta mesma cerimônia, juntamente com o meu grande amigo Vladimir Anchieta. Recebi o convite para fazer o Bai Si com Mestre Julio Camacho.E não obstante, recebi um último convite: O de iniciar também junto com Vlad, o tão sonhado "nível superior medial da fase semi-estruturada", ou seja: LUK DIN POON KWAN, o "Nível do bastão".
Eu que comecei aos 15 anos no Ving Tsun, tinha toda uma visão cinematográfica do Kung Fu, e me decepcionou muito, descobrir que o "Boneco de madeira" e as armas, estariam reservadas apenas para aqueles que chegassem a niveis avançados dentro do sistema. Mas em 2002 consegui finalmente iniciar meus treinos no Moy Fah Jong, e fazer uso do Muk Yan Jong (o até então pra mim, "boneco de madeira do jackie chan").
Neste novo nível,teria a oportunidade de ter mais momentos combativos, pela própria natureza dele, uma natureza de soltura.( segundo a minha interpretação).
Tudo aquilo que me fazia sentir preso nas técnicas, poderia ser deixado de lado. Os treinos eram francos, os golpes machucavam como nunca, e no auge dos meus 18 anos, foi muito bom ouvir do meu Sifu Julio Camacho, na época Sihing, as seguintes palavras:

"Sitaikung Moy Yat costumava dizer: `se você tem alguma técnica secreta de Família, essa é a hora de usar´ "

Todas essas perpectivas de futuros embates com os colegas de treino, eram muito excitantes, mas qual não foi a minha surpresa ao ter que usar aparelho dentário durante todo o ano de 2002 ? Onde mais uma vez recordo as palavras de Sifu com seu tom divertido de sempre:

"Poxa cara! Quando vai começar a ficar bom você bota aparelho?! tsc tsc .. lamentável thiagão, lamentável..(risos)"

E graças a esse aparelho dentário, os hematomas foram inúmeros.
(convite de Sifu a Thiago Pereira(esq.) e Vladimir Anchieta para Bai Si. - Março,2007)

Os anos foram passando, e por motivos pessoais em sua maioria, permaneci no Jong por quase 5 anos. Nele muito coisa aconteceu. E no dia 12 de Março, finalmente comecei a primeira prática do Kwan. E mais uma vez na companhia de Vlad, a prática era chamada "Jing Choi" ( Na qual ainda não usamos o bastão). Foi algo extremamente emocionante! As palavras faltavam para expressar o que sentia por ter chegado ali! Quantas não foram as vezes que quis parar?Com quantas pessoas treinei até ali?Quantos amigos? Quantos "afastamentos" de pessoas queridas? Quantas novas amizades? E quantos desafios???

O conselho do Sifu ao final do treino foi bem simples e direto: "Treinem em casa!"

Porém, tanto eu como Vlad, machucamos feio os nossos joelhos! Mal começamos e machucamos!!!(pelo menos o meu foi jogando bola na semana seguinte). E a isto, o Sifu chamou de : "A maldição do Kwan" em tom de muita brincadeira! Pois por pura ironia do acaso, foi acontecer logo nesta nova etapa! Mas tudo bem! Acho que depois de tanto escrever, passa longe de mim a idéia de que eu ou o Vlad, viéssemos a ser derrotados por nossos joelhos! rsrs

Isso com certeza é muito pouco perto do nosso sonho sem fim...



(sitaikung moy yat (esq.) praticando o Kwan. -Hong Kong,anos 60)

"Um sonho que pode ser realizado facilmente,não é um sonho de verdade"

(trecho do anime FULLMETAL ALCHEMIST)